Monday, June 11, 2007

Programas das Festas Nicolinas

FESTAS DOS ESTUDANTES DAS ESCOLAS DE GUIMARÃES


PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1985

- Vimaranense!
- Contribuinte
- Eleitor

Aqui vem o nosso manifesto: mude o que mudar, nós continuamos na mesma!

Nós, os “juventus” cá da praça, martirizados adoradores de Minerva, escravos da ciência dos outros, humildes construtores do futuro pátrio, damos tudo mas tudo mesmo, para manter as tradições herdadas!

Aqui estamos com as famigeradas, afamadas, famosas e eternas Nicolinas! Aqui estamos como a maior força, o maior partido, o maior interno. Somos de antes quebrar que torcer, somos teimosos como burros mas menos burros que teimosos! Somos os maiores! Até já temos presidente: S. Nicolau!

Vejam o nosso programa.

A Academia Vimaranense saúda vivamente o amado Povo do Berço e não quer que ninguém durma durante as Festas Nicolinas!



O mastro centenário que todos os anos ressuscita e simboliza o abrir do pano da cena nicolina, vem esta noite à rua defender os atributos dos seus antecessores, o porte majestoso que lhe é intrínseco. Mas não se resume a um passeio pela cidade, puxado por rigas bestas vestidas a rigor, é mais do que isso é a noite em que o stress dos Velhos Nicolinos se alivia no alcoólico calor que carbura na garganta e tem escape no braço que açoita sem piedade as peles de ressonantes caixas e bombos que não permitem o sono ao inocente cidadão pagador de impostos e cumpridor de horários.

O programa começa como o jantar dos Velhos em que à força de tanto dar à Língua não chegue o vinho para a lubrificar.

Já nesse momento pacientemente aguarda (sem que em todos estes anos se lhe tenha ouvido protesto) a estrela da noite, previamente barbeada e enfeitada pela escolta ruidosa que a leve à gloriosa sepultura ali pelo Campo da Feira que foi da dita.
E que nunca se acabem as uvas…



Com o já estamos fartos de saber é da praxe organizar uma disputa entre os mais prendados condutores dos quatro rodais locais e “estrangeiros”. Entre os fumos dos escapes, a poeira do “pelado” do Campo de S. Mamede e os aplausos frenéticos da assistência entusiástica (mais interessada em ver estragos que boas conduções) mal se distinguem os ditosos portadores da bandeira da Academia que organizam e patrocinam, com a ajuda do Comércio Vimaranense, esta manifestação desportiva tanto mais concorrida quanto o vinho graduado a octanos a mais baixos preço se mantiver.

ATENÇÃO MINISTÉRIO DOS TRABSPORTES

A “zagolina” só pode aumentar a 2 de Dezembro!



Noite estranha esta em que dez “galfanos” filhos de boa gente desta urbe se dirigem aqui e ali acompanhados de banda de música e de uma multidão de “mirones” e curiosos da modalidade. A cada paragem recebem bem humorada lição de moral e informação da situação do país. A dona de casa que, ou simpatia intrínseca ou medo de ver a sua habitação por terra, não fossem os gritos de “VENHA A POSSE” provocarem sismo não requisitado, contribui com cabaz recheado de “comíveis” e “bebíveis” em directo destinados à nicolina e jovial gula que esquecer faça as irritações vocais de um desalmado pedir provindas…

Bem hajam aos Benfeitores…



Dia em que também não descansam as baquetas, é lido o Pregão, texto que faz falar a quem ouve e perder a fala a quem lê. Manta de retalhos da actualidade consegue o escritor reunir com fim na ironia os argumentos mais divertidos para boa disposição do transeunte interessado e desespero do condutor apanhado no trânsito caótico provocado pelo afluxo das gentes! Afluxo natural tal o trovejar das cordas vocais do orador que com a laringe em brasa recita a razão da dor de cabeça que o acompanha desde que começou a temporada do decorar do Pregão. Não menosprezando o celebre cabrito que os Velhos Nicolinos oferecem, ou não fosse costumeiro, para delícia dos papilos gustativos do Pregoeiro que faz com a sua leitura a crítica mais acesa do ano ao “modus vivendi” português.
As nossas desculpas, perdermo-nos em falatórios. O Pregão consiste nesta análise: o Pregão é recitado pelo Pregoeiro; por sua vez o Pregoeiro é aquele que recita o Pregão.
Se este ano acontecer o contrário não se admirem porque o PRD já fez isso mesmo…



Apesar da estação não favorecer a pesca é este o dia em que mais canas saiem à rua.


O peixe nesse dia anda de saia e conforme dita o Moral e Bom gosto vão receber a romântica maça e retribuir como melhor lhes aprouver a esse primeiro degrau na escada do altar. (Ai tropeças, tropeças!)

Devidamente penteadas, as lanças, que são tão mais cabeludas de fitas como o seu possuidor de conhecimentos femininos, vão este ano acelerar à grande e à francesa esta tradição que faz do fruto do pecado original pombo de correios de amores muitas vezes escondidos.

Ai se arrumam nas fenestras as “girls” mais giras cá do burgo que nós lhe assubiremos nas lanças o dito cujo e almejado fruto, como mister é.

A festa é toda delas e mais nossa e ninguém fedelho meta onde não é chamado pois nós cá estamos para a destrinça…


Como este ano não houve tempo para danças, tão ao gosto do nosso S. Nicolau, resolvemos ir ao baile dos gordos, tão a nosso gosto…
Armado o pavilhão do Liceu em Night-Club, vão os figurões que usam a farda académica vender bilhetes para uma noite e epiléptica doença sob luzes coriscantes e música para todos os gostos.

Nessa noite em que a Comissão rivaliza em número com as forças da Segurança Pública no interno de conter a histeria das gentes que se empurram, batem e insultam pelo privilégio de se despedir das tão desejadas Festas Nicolinas.
Descido o pano que está não nos resta senão beber um copo à saúde dos Nicolinos e pedir ao Santo para benzer as intenções futuras de mantenência destas festas organizadas à sombra da capa e da batina mas que contam com o futrica para ajudar à missa.
E com este número de arromba, quantas vezes, damos ponto final às nossas Festas e iniciamos a arrancada do futuro, este bem difícil de arrancar: parece um nabo da Póvoa! Faz força, João de Deus!

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1987


A Academia Vimaranense tem o prazer e a honra de informar os simpáticos cidadãos do nosso burgo que vamos prosseguir com a realização do tão apetecido Campeonato Nicolino (sem alargamentos…)
Já foi eleita para o efeito, a Comissão dos Nicolinos, dez valentes mancebos que, fardados a preceito tem a missão de conseguir o apoio financeiro da população e levar a bom termo este festivo Campeonato.
Tudo isto sem verbas da CEE.
E não tenham medo de se associarem ao nosso Clube, o nosso Presidente e Treinador é S. Nicolau que vos garante não haver ‘chicotada psicológica’.
E qualquer que seja o desfecho das jornadas a vitória será sempre dos estudantes (Velhos e Novos), e a taça fica connosco.
Associem-se contribuindo.
Obrigado a toda a claque Nicolina.


Eis-nos chegados à tão ansiada noite. As multidões aglomeram-se para festejar o aniversário do funeral da citada planta.
E como se celebra isso? É fácil enterra-se outro!
O ritual é o costumeiro cortejo trovejante, de caixas, bombos e “bumbas” que, escoltados por servis e aperaltados bovinos se não despedir do hiperbólico arbusto.
Mas acautelem-se os Vimaranenses que com esta onde de fogos posto qualquer dia, em vez do habitual tronco exagerado, temos que nos contentar em sepultar um cavaco qualquer.
Vamos fazer força e exigir ao Poder um feriado no dia 30, que o horário Nicolino determina que esse é dia de ressaca.
Força na baquete Nicolinos…



Para delícia de todos os aficcionados das artes do volante, o Calendário das Festas reserva este dia.
Temos já garantida a presença dos habituais “aceleras” vimaranenses e aguardamos ansiosamente a comparência de outras surpresas.
A realizar no esplendoroso “pelado sintético” do Campo de S. Mamede desta deita, a batalha não é o filho contra mãe, mas sim de veículo contra cronómetro.
Oferecemos taças de todos os feitios, desde a taça tipo piscina olímpica, até ao tamanho dedal.
Apadrinhamos a entrada dos vencedores na Formula I, e fazemos votos para que os últimos não comam muita poeira.
Os troféus são oferecidos pelos generosos comerciantes cá da nossa praça, aos quais muito devemos ao longo destes anos.
Como último aviso, lembra-se aos pilotos interessados que, por cada espectador interessado na plateia, existe um mecânico desejoso de vos apresentar um orçamento maior que o dos Estados Unidos.
Cuidado com as curvas… que vão ao seu lado!



Cuidado incautos!
A Comissão Nicolina anda à solta nesta noite, e, coisa estranha é bem recebida em todos os sítios onde pára a pedir a Posse.
Não fora a infinita bondade e compreensão dos Vimaranenses, e já a terrível Comissão teria sido brindada com apreciável número de baldes de água gelada. Em vez disso, e a premiar a valentia com o que os Nicolinos gritam “VENHA A POSSE” é lhes oferecido um cabaz recheado de produtos que abririam o apetite a um falecido.
No final da noite, a Comissão recolhe ao covil (ali pela Torre das Almadas) onde se realiza a ceia.
Comam e bebam, mas por favor… Que não seja preciso Alka-Seltzer.



O pregão deste ano, vai-vos informar detalhadamente do que vos é permitido fazer hoje em dia sem risco de contrair qualquer doença moderna.
Agora que já vos captei a atenção, lembro-vos também que toda a actualidade está presente no discurso do Pregoeiro, desde a política até à coluna social da’Maria!
Protegido das gentes pelo exercito dos tocadores de caixas e bombos o Pregoeiro, quem mais descasca nas peles alheias é ele, não faz sangue mas faz rir. Que é bem melhor.
Quem tem telhados de vidro, é melhor comprar um armadura que as pedras chovem nesta tarde.
Que minerva proteja a laringe do Pregoeiro.



Nesta data procura-se preencher o máximo de janelas, varandas e aberturas afins com as beldades estudantis a fim de se proceder a uma troca. A troca pode ser de maças por prendinhas-surpresa, de elogios, galanteios ou de outra coisa qualquer, mas, a troca fundamental, é a troca das posições que outrora Adão e Eva ocuparam, ora vejamos, no Paraíso Eva deu a maça a Adão, hoje, os Nicolinos trocaram o passo à feminina façanha e vão eles ofertar às donzelas cá do burgo o fruto que fez do pronto-a-vestir um negócio do outro mundo.
Não tenham contudo certezas, não passa de um gesto simbólico, pois a primeira maça, ainda a estamos a digerir.
Vamos então para o Toural, onde se roda esta cena com canas, fitas e muita alegria, que é o que se necessita para tudo sair a contento do nosso S. Nicolau.



Para completar o Calendário, nada melhor que exigir aos Velhos Nicolinos o cumprir da tradição, que lhes manda abanar as panças. Este evento não implica que o vinho deixe de correr, não se preocupem que é apenas uma ginásticazinha destinada a aliviar as banhas do pneu. É que os Velhos Nicolinos, de velho só o adjectivo, são mais rijos que os novos.
Dêem-lhes o vosso apoio e compareçam.
Quem não é Nicolino não é bom estudante, e quem não for ver os Velhos Nicolinos não merece ser Nicolino. E não vale a pena fazer batota que o juiz da contenda é S. Nicolau.



Se estas festas começam com uma manifestação de adeptos da noite, é justo que seja também numa reunião nocturna que se encerrem os festejos.
Protagoniza-se no Pavilhão do Liceu uma notável metamorfose, que é habilmente rechado de palpitantes luzes coloridas conhecidas por “lights”, a fim de oferecer o melhor da música moderna num ambiente propício à exibição das mais elaboradas técnicas de dança a todos os interessados.
Venham todos, se for possível tragam par, se não for sozinho que a solidão não paga bilhete. Aproveitem bem esse último pecadinho de nicolinas, e já agora todo o vosso tempo livre.
Lembra-te: Hoje, amanhã foi ontem.
Diz não à dependência e foge de casa dos teus pais.
Até ao ano futricada.

RICARDO GIGIO

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1988


ATENÇÃO

Apertem os cintos que vamos levantar vôo rumo às mais académicas, mais divertidas, mais ‘bem regadas’ e sobretudo mais desejadas Festas Estudantis do Universo.
Chegou mais um mandato de S. Nicolau, nosso patrocinador junto das Celestiais Autoridades.
Vamos contribuir para a grandeza e eternidade desta tradição que é só nossa.
S. Nicolau empresta-nos o nome, o Comércio e Indústria ‘emprestam-nos’ os meios e nós lhes emprestaremos o brilho.




SOMOS CONSERVADORES E PROGUESSISTAS


FAZEMOS PROGREDIR A TRADIÇÃO


AJUDEM-NOS
SUBSCREVAM AS OBRIGAÇÕES NICOLINAS 88 (A FUNDO PERDIDO)


PS. – MAIS UMA VEZ OS NOSSOS AGRADECIMENTOS À RTP





Os Deuses reúnem mais uma vez para cozinhar nas artérias da nobre Vimaranes a celebérrima poção nicolina.
Abate-se o madeiro em questão, amputam-se-lhe os membros cabeludos e deposita-se o dito em rústicos veículos funerários a tracção bovina, amortalhado com balões cores e ‘bocas’.
Cai a noite, e, eis que guiados por misterioso e secular instinto, os Velhos Nicolinos saem do túmulo da rotina.
Sublime! Autênticas lendas vivas do folclore vimaranense atendem ao chamado de S. Nicolau e reúnem-se sob a tutela de Baco.
Depois de sacrificar aos Deuses número incontável de carnes, vegetais e cereais afogados em destilados de uva, munem-se os rejuvenescidos de caixas e bombos que vão em cortejo embalar o tão querido e muito mais efémero emblema destas festas até ao leito onde dormirá o último sono como um Nicolino. De Pé!!!
Se houver médicos nas urgências a noite corre em Beleza…



ATENÇÃO MADRUGADORES!!!
As Novenas regressaram, com os Nicolinos a rufarem nos seus tambores.
Lá pelas 6.00 horas da manhã 10 vultos negros serão avistados a dirigirem-se para a capela da Nossa Senhora da Conceição. Não se assustem que não são ladrões, são os Nicolinos que lá irão rezar a S. Nicolau, o seu Santo Padroeiro.



Noite de pedinchice.
Noite de dar ao dente.
A Comissão dos Novos, qual alcateia faminta percorre a cidade adormecida com sinistros intentos.
Acompanhada de ruidosa charanga, vão estes já conhecidos ‘lambões’ estremecer o sono dos contribuintes menos avisados.
Com paragens estratégicas nalgumas casas de reconhecida fama caridosa vão a gritos de ‘VENHA A POSSE’ OS Novos Nicolinos escutar em forma de quadras as últimas da actualidade.
São, depois de todo o chinfrim, ainda agraciados com astronómica quantidade de víveres e bevíveres, que já tem destino traçado, serem positivamente desbaratados em fim de noite na Torre dos Almadas, o temível quartel-general das hordas nicolinas.
Vale tudo menos estragar (seja lá o que for…)
Saúde Benfeitores.
Bom apetite Possessos Nicolinos…



O Pregão, o texto Nicolino por excelência.
Tricotado em oitavas, autêntica maravilha de irreverência, o Pregão morde, ataca, satiriza, disseca, analisa, elogia e conclui, da condução das vidas e das obras nacionais e estrangeiras.
Depois de espectacular almoço, em que a Comissão disputa os ‘nacos’ do já famoso cabrito que os Velhos mui generosamente vão oferecer. Comidos os miolos ao cabresto e aconchegado o repasto por força de infusões alcoólicas encontramos o Pregoeiro, figura central da trama.
O Pregoeiro, herói dos atletas da voz, vai transmitir a quem o quiser ouvir a essência da mensagem pregonística. Emoldurado pelos habituais tocadores de instrumentos de peles e baquetas, o Pregoeiro apregoará o Pregão até à rouqidão-mudez.
Vem ouvir e participa neste dia em que tremem os corruptos.
Que Minerva esteja com as cordas vocais do Pregoeiro e com as musas do autor deste incrível pergaminho.



Esta singular tradição desenrola-se no coração da cidade. O Toural.
É neste dia disputada acerrimamente qualquer frincha, fresta ou fenestra que sirva à colocação do elemento feminino.
Aí sitiadas, estas bondosas criaturas esperam a chegada dos garbosos mancebos, que entram em triunfo no local do crime.
Como se de medievais escudeiros se tratassem (já que não andam a cavalo) empunham compridas varas de bambu ostentando na ponta as cores das suas favoritas.
A encabeçar as fitas, um curioso artefacto pontiagudo concebido para empalar os pequenos pomos vermelhos imprescindíveis nesta história.
Com todos os intervenientes já colocados da forma mais conveniente, começa o assalto aos femininamente povoados balcões e janelas, a fim de se conseguir um troca de pequenos frutos por quaisquer outras surpresinhas que podem ir de uma caixa de fósforos até algo mais substancial…
Com grande algazarra as canas vergam, entrechocam, mas não partem, assim como não quebra o entusiasmo das gentes envolvidas.
Prometemos desde já maçãs sem bicho oferecidas pelos “bichos-das-maçãs”.
Ficamos a aguardar ansiosamente o desfecho e as consequências a médio prazo de mais este amistoso choque entre meninos e meninas, e esperamos que todas as boas intenções sejam bafejadas pela Sorte, nesta comunicação ‘sui generis’ em que o género feminino sempre ficou e, continuará a ficar por cima.



Como já é habitual os Velhos Nicolinos preferem os desportos ”indor” (cuja Tradução em português é ‘em tasca’). E, vai daí que anualmente se reunam para mostrar que ainda mexem.
Transforma-se assim um Cine-Teatro em palco das diabruras de um grupo de foliões que vão celebrar o nome do nosso padroeiro de uma maneira bem deles.
É caso para dizer que os Velhos Nicolinos juntos são dinamite!
Reunidos estes amantes da tradição nicolina e da cultura (parece-me que a da vinha…) só nos resta ir vê-los e aplaudi-los e com ele aprender que a idade não estraga, enobrece.
Um brinde imenso a todos estes “barrigudos” e “carecas” que vão fazer das suas, que Nicolau, o Santo de todos os Nicolinos (mesmo dos que não votaram nele…) os proteja de perderem a juventude que os caracteriza.
Que aos Velhos Nicolinos, uma das luzes que nos guiam nestas Festas não falte nunca a homenagem que merecem.
Vá vê-los…
Que depois Há Baile.



Ao pagar da chama Nicolina corresponde o acender da Saudade.
Cumprimos o contrato com o nosso Santo, vamos agora cumprir o dever de condignamente nos despedirmos com um “Até pró ano Nicolinas”.
Como já sabem os iniciados na matéria, a despedida é feita em local próprio, o Pavilhão do Liceu, que, provisoriamente maquilhado, vai oferecer o aspecto de uma verdadeira academia de artes, bastará contar os artistas…
Com média dúzia de caixotes a expedir os últimos ‘hits’ da mais dançante música vão todos os que ali se dirigem poder assistir e observar as mais diversas estirpes de frequentadores de dança, desde o tipo-inglês que fleumaticamente arrasta as solas e abre desdenhosamente as narinas, com ar de permanente enfado, até ao tipo-tirem-me-deste-enxame-de-vespas cujos membros cortam o ar a velocidades estonteantes e que fazem do acto dançante caso de vida ou morte, passando pelas mais variadas figuras híbridas.
Ainda não acabaram as Festas e já queremos mais…
Pró ano cá estaremos, esteja você também, que este vai ser um ano NICOLÍSSIMO.
E cautela, que o nosso presidente é um Leão.
Moscas e Vinho Verde!!!

Ricardo Gigio

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1989


- Vimaranense!
- Estudantes!
- Contribuinte, Eleitores e Autarcas!
- Todos Vós!

Preparem-se para mais umas Festas Nicolinas, fígados em estágio desde já, revisão total aos bombos e caixas, se não for pedir muito, a indispensável contribuição aos academíssimos representantes da Comissão da Nicolina. Obrigadinhos.
Deliberamos também que, em pleno desatino autárquico-eleitoral o nosso voto é em S. Nicolau, um candidato desde há séculos vitorioso.
Não somos políticos!
A única campanha que fazemos é a da Minerva.
Votem em nós, só prometemos alegria boa disposição e levar em frente a tradição.
Saúdinha!!!!
INFORMAMOS:
ESTA FESTA É SÓ NOSSA, A CEE FICA DE FORA:
A RTP TAMBÉM!
CHEGAMOS E SOBRAMOS PARA AS ENCOMENDAS, SOMOS 10 E O NOSSO CAPITÃO É UM PRODÍGIO DIETÉTICO.



Sob a tutela de Baco, vai mais uma vez acontecer a noite de glória da nobre árvore estudantil.
Aproveitem bem, que para o ano talvez nos sobrem apenas eucaliptos.
A vedeta da noite é abatida, depilada e enfeitada com o habitual traje “pop”.
Confia-se a sua locomoção a uns animais com chifres, (os bois, é claro!).
Depois de dada a partida a fúnebre cimitva percorre o tradicional percurso no meio de terríveis nuvens de vapores alcoólicos, só dissipados pelo vigoroso esbracejar das hostes tocadores de caixas e bombos, respectivamente “caixistas e bombistas”.
Já na sepultura, pode-se observar da dignidade do falecido vegetal que se conserva de pé como atestado da nicolina virilidade.
Após se esbater o ruído, depois do dispersar das multidões, permanece no seu posto, qual facho olímpico que se extingue no final das Nicolíadas.
Votos de poucas Urgências…



Atenção Ases (e biscas) do Volante!
Os fumos dos escapes e o trovejar dos motores vão regressar ao Campo S. Mamede para, depois de se cumprir intrincadíssimo percurso, se eleger o mais hábil dos “aceleras” locais.
Desta vez com a organização confiada a peritos na matéria, está desde já assegurada a presença de nomes grandes da modalidade.
E, com o mais nobre dos propósitos, a Comissão das Nicolinas promete publicamente atribuir todo o lucro que daqui lhe advier a um instituição de beneficência a designar.
Participa! A assistência será composta das mais frenéticas “fans” e os prémios serão fabulosos.
Rápido! Acelerem até ao mecânico da vossa predilecção, afinem os motores a essas “carroças” e compareçam a mostrar o que sabem e o que não sabem também.
E, quem sabe não aparecem as TV’s locais que, através do satélite das Taipas levarão as vossas glórias até aos limites do concelho.
Boas condições e poucos estragos!!



No seguimento de uma praxe recentemente retomada os Nicolinos vão mesmo ter que fazer desusada madrugada para com o toque dos seus instrumentos marcarem o ritmo da marcha que os levará à capela da nossa Senhora da Conceição onde irão rezar ao seu santo e padroeiro S. Nicolau.
Convidam-se já por esta forma todos os sofredores de insónias e outras perturbações do sono a acompanhá-los neste acto soleníssimo.



A principal característica desta noite é ser uma noite característica.
Os dez conhecidos e de fama duvidosa membros da Académica Comissão vão mais uma vez fazer das suas.
Com alvos rigorosamente seleccionados e logisticamente apoiados por um pelotão filarmónico, os seus ataques protagonizam-se na forma verbal com o já famoso grito de guerra “VENHA A POSSE” de fazer gelar o sangue a qualquer ignaro na matéria.
Mas, e contra todas as probabilidades dos donos das residências sitiadas ripostam em forma de quadra com avisadas previsões sociais económicas e políticas que remetem para a defesa a Comissão antes do ataque final, que conduz inevitavelmente a um armistício selado com ajudas de ordem comestível por parte dos vencedores.
Após tão apetecível derrota, a Comissão retira para o acampamento da torre dos Almadas onde brinda desportivamente à saúde dos seus benfeitores e faz desaparecer com velocidade infinita todas as iguarias ofertadas.
Longa vida aos Benfeitores.
Bom apetite e melhor digestão para os Nicolinos.



Com a devida vénia, e a pedido de várias famílias, temos que fazer aqui uma distinção e um aviso. Não se sintam defraudados todos aqueles que neste dia procuram um prego gigantesco, não o encontrarão. O Pregão em causa não é isso.
O Pregão é o ponto de referência de variadíssimas obras literárias, é a resenha de tudo o que mais importante se passou desde o seu antecessor.
É a dor de cabeça dos corruptos, é um tribunal popular, é a comunicação social por excelência, se os outros são os MÉDIA, o Pregão é o MÁXIMO.
É apregoado em directo e ao vivo, acompanhado dos ruidosos tocadores de caixas e de bombos que constituem a moldura do elemento primordial nesta trama, o Pregoeiro, o porta-voz oficial de S. Nicolau.
Depois de ter as entranhas aconchegadas pelo cabrito oferecido pelos Velhos, e por alguns tragos de vinho, vai o Pregoeiro, em Prejuízo da sua laringe, esgotar-se em recursos sonoros para transmitir a mensagem pregonistica.
Associa-te a esta manifestação ímpar, contado não é nada, ao vivo é que é!
Que as musas não faltem ao autor deste secular papiro e que ao Pregoeiro nunca falte a voz.
Adivinham-se referências a certos ministros…
A NÃO PERDER.



Esta fantástica tradição tem como finalidade facultar a aproximação entre meninos e meninas.
Para evitar alguns contactos físicos menos próprios nessa aproximação, concebeu-se um sistema rebuscadíssimo visando esse fim.
Os meninos empunham uma vara de bambu que carrega na ponta os pequenos frutos de que aqui se trata, as meninas penduram-se alguns metros acima do nível médio das águas do mar, algures em janelas, balcões ou varandas antecipadamente requisitadas, e assim se processa a acção.
A acção consiste em cambiar os pequenos pomos por ofertas mais ou menos secretas por parte das meninas, que variam entre coisa nenhuma e um primeiro passo na senda do altar.
Com grande empenhamento de ambas as partes, transforma-se a fisionomia do coração da cidade, o Toural, um medonho canavial trasbordante de alegria.
Finda a função recolhem aos lares paternos cheios de intenções matrimoniais a suspirar pelos favores dos entes recém-amados.
Atenção meninas, atras de cada cana há um olhar matreiro.
Cuidado meninos, cada sorriso pode ser um convite para conhecer os pais delas.
Força, que as canas vergam mas não partem..



Quanto aos Velhos Nicolinos, este dia também é deles, estamos a penetrar nos seus domínios.
Subiste um mistério a que ainda ninguém deu resposta, como é possível que em cada um destes Velhos exista semelhante poço de energia, capaz de tornar qualquer atleta adolescente num monstro de inveja?
Só S. Nicolau o sabe concerteza, e assim para o provar vamos assistir a mais um edição desta prova de vitalidade que anualmente se leva a vias de facto no palco de um conhecido Cine-Teatro.
Quaisquer adjectivos ficariam milhas àquela da experiência vivida ao assistir a este facto cultural protagonizado pelos seguidores do nosso padroeiro com brilhantismo inigualável.
O que lá vai acontecer ainda no segredo dos deuses (e no segredo de muitos canecos de vinho novo) mas apostamos neles.
Força nessas panças ó Juventude!!
A homenagem tem de vos ser prestada pela nossa presença.
Vamos todos que no fim há copos…



E chegamos ao final, final que ninguém deseja, o voltar para as carteiras da escola e aguentar mais um ano até novas nicolinas.
O fim de qualquer coisa costuma logicamente ser triste, porém tal não acontece com as Festas Nicolinas porque todos nós sabemos que não é definitivo, não é realmente um adeus e sim um até breve, e muito também porque a incansável Comissão das Festas sempre prepara condignamente a despedida.
O facto já não é novo para muitos de nós, mas para os principiantes nestas lides, a despedida é feita com muita música, a mais dançável e mais na berra no momento dentro de um completamente travestido PENHA CLUB.
Esperamos a vossa participação em todos os números destas Festas, a promessa de que vale a pena está feita, e assim para que não haja faltas no calendário aparece também neste baile onde sempre se pode apreciar um sem número de técnicos profissionais de danças elaboradíssimas.
Participa. Alista-te.
S. Nicolau está connosco, o nosso partido vai ganhar.
Embora aí gozar que o que é bom dura sempre pouco.
Até pró ano inteligentíssimos estudantes vimaranenses.
Boa sorte que bem precisa é…
Sejam uns gajos porreiros e façam muitas greves, motins, e outras maldades se o Ministério resolver trocar-vos as voltas outra vez este ano.
Se conduzir não conduza!
Se não bebeu beba…..

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1990


AVISO AOS INCAUTOS E DISTRAÍDOS
Atenção! Achtxung! Atention!
GUIMARÃES! PORTUGAL! CEE!

Estamos de volta! S. Nicolau decretou nova Presidência Aberta em Guimarães a partir do dia 29 de Novembro.
Vamos poder novamente observar aqueles dez espécimes raríssimos de “aves negras” que nesta altura e após anual migração, vão nidificar na Torre dos Almadas.
Agradece-se desde já a todas as pessoas que, imbuídas de preocupações de cariz ecológico se associem à preservação desta espécie rara que é “ex-libris” do vimaranense academismo.
Contribua para o pecuniário sustento do Orçamento Geral Nicolino – 90.
É que nestas Festas, quem não contribói, não inflói!!!
Não contamos com outros subsídios que não os vossos.
Estamos fora da CEE! Estamos fora do OGE.
Não fomos pedir ao FEDÊR nem ao PEDIP nem ao PRODAP, nem à SEC (que SECA!?), nem às mãezinhas deles!!!
Estamos fora da RTP! Não temos tachos, enfim, não somos políticos!
Contamos convosco! Contem connosco!
E mais… nas primeiras Nicolinas de 90, o nosso Presidente é um 80!!!
Siga bola que o árbitro está comprado!!!



Multidões arrastam-se das mais diversas partes do planeta para assistir a mais um lançamento do Míssil Nicolino, o único construído com preocupações ecológicas e biodegradável para além de possuir excelente camuflagem.
Guardado pela ferocissima Guarda Nicolina, é defendido por um exército treinado na guerrilha urbana e possuidor de armas temíveis: as baquetas, que sobem e descem a velocidades vertiginosas sobre as peles de animais que menos do que outros mereciam tal sorte. Conservados em álcool, os Velhos Nicolinos (assim se chamam os veteranos deste exército, mercenários requisitadíssimos em qualquer vindima ou prova de vinho) dão mais uma prova da sua mestria no manuseamento das citadas armas e na protecção do emblema destas tão ansiadas festividades.
Escoltado por todas estas personagens, é conduzido à sua rampa de lançamento no Cabo da Feira (ler Campo) onde permanecerá em exposição até ao “terminus” das celebrações, a lembrar a todos que militar nas fileiras de Baco e Nicolau é atributo de grande virilidade e como tal até então erecto se vai manter.
Depois disto, recolhem a casa as chifrudas bestas, (são mesmo bois, acreditem??!) que transportaram o emblemático míssil vegetal cuja ogiva vinícola-nuclear espalhará nas ruas desta urbe o vírus da famosa ressaca do dia 30.
Pouco soro! Será que o S. Miguel já chegou ao Golfo???


E como antes das Festas está o Santo que lhes empresta o nome, vamos pagar-lhe o devido tributo com algumas madrugadas, que todo o bom Nicolino não pode deixar de fazer.
Afinal o que são algumas horas de sono a menos para celebrar alguém que nunca dorme por nossa causa.
Viva S. Nicolau! Já sabem é na Capela de Nossa Senhora da Conceição.
Vamos que por este andar nem com muita fé o ensino vai prá frente!



Como já é tradicional neste dia, a cidade é invadida por uma horda de malfeitores que atazanando os tímpanos à boa gente deste terra lhe subtrai número apreciável de comestíveis.
Não são esses malfeitores outros que não os membros da Comissão das Nicolinas, também conhecidos por Comissionistas Nicolinos, ou não fossem famosas as percentagens das suas comissões. Mas economismos aparte, coisa que alguns governos parecem incapazes de fazer, esta noite cobre-se para nós de um muito maior motivo de interesse. Ao longo do percurso destas esfaimadas feras, as famílias que se associam a esta peculiar praxe respondem em verso à estrondosa barulheira do terrível grito de guerra desta noite, o VENHA A POSSE. Logisticamente acompanhados pelo tradicional Comando Filarmónico, esperam o fim das oferendas para reduzir o pó tudo o que possa ser deglutido, digerido e expelido pelos valentes organismos Nicolinos.
Muita paciência ilustres benfeitores. Melhor apetite famintos Comissionistas! Boas digestões!
Este ano a colmatar o previsto êxito das posses, e logo de seguida para não dar lugar a pontos mortos na função, resolveram os Velho Nicolinos ofertar às gentes cá do burgo um Magusto na Praça de Santiago. É sempre de aproveitar qualquer oportunidade para desbaratar uns centos de castanhas e alguns garrafões do melhor bagaço da redondezas.
NOTA: Este programa é só para Homens e mesmo assim dos que não tenham azias.



Este dia também requisita a presença dos tocadores de caixas e bombos que se convocam desde já.
A sua função é secular na chamada da atenção das gentes para o número de que aqui se trata.
O Pregão é antes de tudo uma manifestação de ordem mediática, rivaliza com todo e qualquer meio informativo do planeta, e tanto o seu autor como o respectivo pregoeiro nunca mais são famosas empresas de comunicação social.
Imemorialmente recitado nas ruas desta urbe, este papiro contém como de costume, toda a informação necessária à boa conduta das gentes. Informações dos Serviços secretos Nicolinos até normas da mais elementar higiene diária, enfim é uma resenha de tudo quanto pode interessar a qualquer pessoa por mais culta e bem informada que esta se julgue.
A parte mais ansiada é sempre a que versa da vida política local e nacional que neste país mais do que em qualquer parte do mundo (incluindo o Bandar Seri Begawan) não esmorece no fornecimento de anedotas e peripécias dignas de figurar em qualquer Guiness das Asneiras. Ainda este ano estão dadas como certas referências a certos casos de “meter a mão no alheio” que como de certeza já ouviram falar estão este ano para a política como os traseiros para as cuecas, indissociáveis.
Não percam que com sorte ainda alguém é processado que também é moda. E acima de tudo sou capaz de finalmente saber onde pára o nosso “vaso de apoio ao Golfo” que suspeito fortemente estar carregado de manjericos armadilhados.
Força na laringe Pregoeiro! Força na pena autor, e que as Musas não faltem ao anual encontro marcado para este mirabolante e versejado pergaminho.



Directamente dos Trovadores do cano, a forja de todo este esforço e dedicação dos incansáveis Velhos Nicolinos, vão sair algumas dezenas dos melhores foliões que estas paragens já conheceram. Os próprios Velhos Nicolinos!
Reunidos no Teatro Jordão como da praxe, depois de inúmeras vezes ensaiados tentarão mais uma vez provar (aos poucos que ainda não acreditem) que os que vão chorar para as rádios e televisões a dizer que o teatro e a cultura entre nós está às portas da morte, que não se armem em carapaus de corrida a só quererem representar grandes obras de grandes autores, todos eles com peças perfeitamente indecifráveis e com nomes senão ridículos pelo menos impronunciáveis.
Nós somos modestos, nós somos bons, aliás nós somos de todo o universo os mais modestos.
Nós levaremos a bom porto as Danças de S. Nicolau e sem subsídios, porque onde entram os subsídios saem os Nicolinos.
Vamos dançar, vamos cantar e vocês que tanto pedem pela cultura, venham ver que da maneira que a cultura está, como nós, só mesmo nós!
Digo e repito, somos modestíssimos, e de resto, muito envergonhados...



LUZ! CÂMERA! ACÇÃO!
O filme de que aqui se fala vai ser inovadoramente rodado no Centro Histórico da Cidade, para os ignaros, mais precisamente na Praça de Santiago, com produção e realização da United Nicolinos Artists Mrvies.
Com um elenco composto de alguns dos melhores “artistas” vimaranenses, adivinha-se desde já um sucesso de bilheteira e o aplauso da crítica.
O Take 1 visa reproduzir um antigo ritual de cortejar que foi recentemente descoberto por um eminente e(t)nólogo russo aquando da sua estadia entre nós e após demorada busca e recolha de dados efectuada em todas as tascas do Norte de Portugal.
Os adereços fornecidos para esta cena, a única do filme, são canas de bambu, fitas para engalanar as lanças que encimam as canas e fiteiros para as empunhar. Do outro lado as actrizes vão protagonizar com estes um câmbio de uns pequenos pomos escarlates vulgarmente apodados da MAÇÃS.
Os artistas, a quem alguns críticos chamam canastrões por andarem com canas, vão então receber em troca do pomo uma oferta surpresa, que varia entre um pequeno nada e o assegurar uma descendência numerosa. E ficamos nisto até serem horas de recolher aos paternais lares…
Que a sorte bafeje todas as boas intenções e, já agora algumas das menos más…
Força no bambu!



E assim chegamos ao fim…
S. Nicolau vai recolher de novo à sua celestial morada para o seu recolhimento e anual meditação.
Cá em baixo, nós os vulgares mortais continuaremos a porfiar para que um melhor dia de hoje, e, nesta ordem de ideias, neste crescendo de euforia que caracteriza estas Festas Estudantis, iremos encerrar os festejos em apoteose com o já famoso Baile Nicolino.
Este como no ano passado, a festa é especialmente dirigida a todos os adeptos do “montanhismo ácido” que num ambiente de grande ebulição dançante se vão reunir no trepidantíssimo PENHA CLUB para diminuir o peso da saudade que este final sempre provoca.
Depois de curar todas as lesões deste serão sempre ultra frenético, voltaremos todos a encarar o pesado jugo da rotina.
Outras nicolinas terminaram, descansam as peles e as baquetas, voltam ao repouso centenas de martirizados fígados, alguns tascos vão inevitavelmente falir e também há-de haver quem comece a estudar pensando em todas as maldades e atrocidades que o Ministério da Educação costuma preparar de surpresa, para, dizem eles, através de grande sofrimento e privações melhor nos prepararem para a vida. Não acreditem! Ser feliz é como ganhar no Totoloto, há quem acerte e ganhe, e para esse feliz há sempre muitos outros que não o são.
Mas há que jogar que a felicidade só sai a quem joga, a quem vive.
Façam então o favor de serem todos estupidamente felizes, OK?
Até ao Ano que vem, gozem bem este que nunca se sabe o que Saddam tem na manga…
Ah! Já me esquecia, será que alguém sabe se o S. Miguel já chegou ao Golfo???…

RICARDO GIGIO

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1991





Depois de eleitos os sempiternos ausentes do Grande Tacho que se chama S. Bento (realmente ao edifício só faltam as asas) estamos agora livres para fazer a nossa campanha:





ATENÇÃO VIMARANENSES!!!!!!

Comerciantes e Pracistas, Operários e Contabilistas, Empresários e Taxistas, Residentes e Turistas, Médicos e Electricistas, Vendedores e Comissionistas e demais categorias, géneros, classes e famílias, TODOS!!!
Chegou a hora! O Mundo tem os olhos postos na maior Cimeira Académico – Celebrativa do universo conhecido (incluindo alguns Liceus da Galáxia de Andrómeda).
É presidida por S. Nicolau que após anual recolhimento aos seus celestiais aposentos, regressa para dar o seu aval a estas inauditas celebrações.
Anunciamos também já estar à solta a Académica Comissão que, formada por dez dos mais distintos (tintos) representantes da mole estudantil da cidade, já se encontram em plena e buliçosa actividade, cujo principal propósito é o de aliviar um pouco o peso dos cobres e níqueis do bolso dos nossos generosos concidadãos, que, estamos certos irão preferir contribuir valores irrepreensíveis de papel-moeda.
Ainda e sempre, os nossos agradecimentos aos organismos estatais e regionais da Cóltura, que como habitualmente, deixam que o crédito da realização destas Festas não se lhes fique a dever em nada, pela vossa inércia natural bem-hajam neste particular.
Mas ainda bem, os Nicolinos nunca se deram muito bem com as siglas e não lhes devem nada (SEC’S, CEE’S, MF’S, FEDER’S, PEDIP’S, PROAVE’S, ETC’S, ETC’S…) preferimos ficar a dever a Guimarães e ao nosso S. Nicolau.
Somos insubmissos, independentes, inexcedíveis, inelutáveis, inclassificáveis, indómitos, ínclitos, indomáveis, incoercíveis, indivisos, incomensuráveis, indissolúveis, inconformistas, incorruptíveis, incorrigíveis, inexoráveis e inextinguíveis, somos os mais IN… e os mais modestos também.
Associem-se, contribuam, participem!
Caixas e bombos na afinação, garrafeiras prontas a serem devastadas.
Nicolinos de cá e de lá, juntos moveremos montanhas (e este ano vamos deslocar a PENHA 10 centímetros só para chatear os projectistas do teleférico).
Bola ao centro que vai começar o jogo.



Neste dia de singular tradição, arribam a esta afanosa urbe várias centenas de milhar de antigos estudantes que, acudindo ao bramido de Baco, ao apelo de Minerva e à devoção a S. Nicolau, se fazem transportar desde as mais recônditas e inóspitas paragens do planeta (dos Himalaias aos Andes, do Ártico ao Antártico, das Taipas a Ronfe), nos mais insuspeitados meios de locomoção, de patins, de hovercraft, caiaque, trotinete, teleférico e alguns voos charter do space shuttle especialmente fretado pela Agência Espacial Nicolina.
Depois de chegados e agrupados em enormes bando ruidosos, são encaminhados para um restaurante desta cidade (que não podemos dizer que é o Jordão por ser publicidade encapotada) onde se desenrola a primeira fase, aqui se vão aconchegar as panças com lauto e faustoso repasto de sólidos autóctones e infusões alcoólicas que depois de ingeridas provocam uma reacção de fusão nuclear que transfigura os Velhos Nicolinos numa das mais poderosas forças de assalto do mundo.
Seguidamente deslocam-se em esquadrilhas numerosas para o ponto de encontro do grosso das tropas nicolinas que é perto do sítio onde D. Afonso Henriques deu cacetada na progenitora e onde, verdadeiramente começou a desgraça de mouros e castelhanos.
Aí se vão juntar os Velhos com o símbolo da mais absoluta masculinidade nicolina, o Pinheiro que, é de proporções tamanhas que bem pode ser confundido com uma bala do super-canhão que um indígena de muito maus fígados fez construir para as bandas do Médio Oriente. Mas como os propósitos nicolinos são sempre e cada vez mais pacíficos e apaziguadores vamos guardar e acompanhar este nosso “scud” saído da fábrica das matas de Aldão ao seu repouso final, onde permanecerá a lembrar a todos que os nicolinos possuem a maior arma de todas, o bom-humor.
E pelo Decreto Nicolino 366/91 de 29 de Novembro são obrigados todos os nicolinos a comparecer a esta digníssima ocasião fardados a preceito com a frigia mitra e unidos das respectivas caixas e bombos, que a par dos líquidos sobre o patrocínio de Baco, constituem a munição nicolina para esta noite.
UM PEDIDO muito especial ao Instituto de Meteorologia de Geofísica para que mande as regiões de baixas pressões para longe do Vale do Ave que aqui a pressão é altíssima!!!



Se virem os embuçados Comissionistas nicolinos, em hora de sono solto a dirigirem-se para os lados da Capela de nossa Senhora da Conceição, por favor, não pasmem, trata-se de pagar na forma de oração o devido tributo ao nosso Santo pela sua protecção na vida e nos estudos.
Fica aqui já convidado todo e qualquer Nicolino a juntar as suas às nossas preces e a comparecer a esta praxe de nobilíssimo propósito.



Nesta noite vão mais uma vez ser sitiadas as casas de nobres famílias e de ilustres Nicolinos para cumprimento de centenar tradição.
A Comissão dos Novos Nicolinos, vai abandonar o seu covil, e, experimentando desde as mais elementares técnicas de guerrilha urbana até elaboradas estratégias utilizadas na Guerra das Estrelas, tentar subtrair aos Benfeitores Nicolinos, cabazes, cestos e outros recipientes recheados das mais fina iguarias.
Acompanhados de uma pequena falange musical, esta Nicolina legião, vai em cada casa do roteiro dos habituais “Mecenas” desta noite, fazer juz à sua potência pulmonar e faríngica, aliada aos seus dotes guerreiros, proferindo o famoso grito da guerra nicolino “E VENHA A POSSE!!!”.
O ‘adversário’ contra-ataca com rimas e versos bem-humorados, após o que se dá por vencido entregando aos Nicolinos como indemnização de guerra largas quantidades de provisões. Os Novos Nicolinos, já de posse das ‘posses’ vão retirar para local incerto onde se irá proceder à evaporação e desintegração de líquidos e sólidos ofertados pelos magnânimos benfeitores.
Rapazes, cuidado com o flato e o soluço, para vós as melhores digestões e as mais prontas recuperações estomacais.


Dando seguimento ao número das posses, resolveu o sínodo dos Velhos Nicolinos continuar a pôr na Praça de Santiago várias toneladas de excedentes comunitários de vinho e de castanhas, não faltando um remate final de bagaço. Este número das festas não deve ser por forma alguma perdido, se bem que se aconselha a presença maioritária de consumidores habituais dos géneros em questão, já que se pretende não haver sobras destes, já de si excedentes. Castanhas e vinho verde, que é que se pode pedir mais à estabilidade governativa? Somos uma povo feliz!!



E passamos ao Pregão.
O Pregão, este texto é uma das maravilhas da hodierna comunicação social, decantado por séculos de prática, com requintes de poética armação, construído com oitavas sobre oitavas, respeitando os canônes pregonísticos, debita através do aparelho laringofónico do Pregoeiro as mais atempadas, próprias e certeiras críticas ao que de menos bem se tem feito dentro das fronteiras deste nosso país.
Orlando e protegido por numeroso aparato empunhado instrumentos de percussão, surge acima de todas as forças e de todas as críticas o Pregoeiro.
Para propósitos didácticos, esta personagem não é outra senão a que recita o Pregão.
Ajudado por diversas forças proteicas líquidas e em especial pela ingestão dos miolos do cabrito ofertado pelos Velhos nicolinos, o Pregoeiro faz das tripas coração e dos ouvidos do público telefonias para que a mensagem passe, aclarando dúvidas, lançando novas questões e abrindo alguns processos judiciais.
Cuidado gestores públicos e outros que se não for dado o uso próprio aos nossos dinheiros tudo se saberá neste dia, para tal conta o autor com a colaboração de algumas polícias secretas, brigadas e inspecção económica e sanitária e com alguns contactos bem situados em cabeleireiros de senhoras.
Pede-se a todos os acompanhantes que se vistam de acordo com a ocasião, com calças pretas, camisa branca, e lenço tabaqueiro.
Quem se considerar bem informado não pode deixar de ir, ver e ouvir e quem o não for não perca esta oportunidade de se actualizar. A informação nicolina ultrapassa todas as outras em quantidade e qualidade, e as nossas actividades no domínio cultural fazem com que todas as restantes iniciativas nesse domínio só passam ser pelos nicolinos assistidas com a presença de um neurologista.
Força nas cordas vocais Pregoeiro, força na pena autor, que as Musas estejam por perto, e já agora que a pena não tenha pena de ninguém!

Não é concerteza habitual para os residentes e frequentadores da Praça de Santiago observarem um espectáculo desta natureza.
Este rito de sedução tem raízes bíblicas de infeliz resultado para o género masculino, e assim como Eva ofereceu o pomo a Adão, os nicolinos resolveram dar a volta ao texto e entregar o dito fruto a quem de direito.
Neste intento desenvolveu-se um esquema de aproximação algo complicado que se destina a encobrir este fim. Procura-se atrair as vítimas inocentes a todas as janelas e balcões disponíveis na Praça para se proceder à função.
Entram na cena do crime os nicolinos em majestosa e impressionante pose, munidos de canas de bambu, como se de um inocente convívio entre pescadores se tratasse.
A encimar estas canas pode-se ver, mais ou menos oculto por um número de fitas coloridas (que significam o número de conquistas do portador da cana, ou de admiradores) um artefacto de metal onde vão ser espetados os frutos que denominam esta praxe.
Vão estes ser trocados com s gentis donzelas por qualquer prenda, que varia conforme as intenções amorosas, ou a falta destas, de ambas as partes.
E entre trocas de prendas, de olhares, de promessas, suspiros, e alguns corações irremediavelmente estilhaçados, há sempre um ou outro Romeu que conquista a sua Julieta e que nunca mais se recompõe acabando mesmo por cair no altar sem que disso se dê conta.
E enquanto uns assim começam, também alguns Casanovas são rejeitados sendo obrigados a guardar os seus esforços para futuras realizações. Mas como os nicolinos têm fibra de atletas olímpicos, não desistem e voltam à carga.
E, a atestar da fibra nicolina, vão este ano desfilar de cana na mão alguns “dinossauros nicolinos” que já há muito não andavam de cana em punho, os Velhos Nicolinos, que vem emprestar o seu brilho e prestígio aos novos e, quiçá ajudar as suas apaixonadas investidas contra a menina da janela.
Em frente, de canas ao alto, marcha!!!
Não se responsabiliza a Academia Nicolina pelos casamentos posteriormente realizados, … mas aceita convites para a boda.



Pelas 21.30 horas no Cine-Teatro Jordão
Enormes multidões disputam hoje, a preços que fariam cair no ridículo qualquer bilhete para operáticos espectáculos, o ingresso no Teatro onde se desenrolará a que já é considerada a peça do século. Notícias frescas informam que a Broadway está às moscas e que a nata dos agentes teatrais e cinematográficos Hollyodescos de dirigem par o Jordão onde esperam fazer enorme colheita de novos talentos entre os Velho Nicolinos.
A ocasião é solene, e enquanto sobe o pano, ultimam-se os últimos pormenores nos bastidores, entre colheradas de xarope anti-afónico e tónicos revigorantes seleccionados entre os mais diversos derivados da uva, do lúpulo e do malte.
A cargo da produção, está também a recolha e escolha de temas musicais entre os quais diversos tipos de música, desde a música ligeira até à música da pesada (que vai este ano ser interpretada por uma banda de actuais pacientes do Dr. Tallon).
A agitação de panças e posterior recolhimento do elenco a clínicas de recuperação fisioterápica não é mais que uma mero pormenor do empenhamento dos Velho na excelência deste espectáculo.
Estando desde já assegurada por uma das novas TêVê’s privadas a transmissão directa para o arquipélago de Tonga, pensamos que não irá a população da cidade deixar passar em branco talvez a maior oportunidade de ver ao vivo todos estes candidatos a estrelas.
Está tudo a postos, desde o ponto até ao mais famosos dramaturgos e coreógrafos, nada falta nesta função que conta mais uma vez repetir o estrondoso sucesso de anteriores edições.
Venham ver e tragam o “Cartão Velho” para terem desconto na entrada e acesso aos artistas para sessões de autógrafos.
Não faltem ao show do ano!!!
Cuidado com os entorses que amanhã há baile, ó Velhada!!!



Ceia Dançante / Baile do reumático no Restaurante Jordão
Este ano resolveu a Velhada Nicolina “dar baile” à malta e fazê-lo da forma mais tradicional.
Contactados músicos especialistas em sons e ritmos paleolíticos cão as artrites, artroses e reumático ficarem à porta do baile para darem lugar à exibição de alguns expoentes máximos cá do burgo na arte de dar o pé.
Junto a suas mães, as meninas que, disputadíssimas pelos meninos, vão obrigar estes a, de joelho no chão, suplicar às severas progenitoras licença para rodopiar ao som de músicas nunca dantes navegadas.
As mais reluzentes e luzidias fatiotas irão ser arrancadas ao depósito da naftalina e ser exibidas a cobrir os provectos e vultuosos abdominais nicolinos.
Teremos então todos a subida de poder observar todas as tácticas de galanteio e corte de antanho bem como elaboradíssimas formas de bailar, algumas já extintas e outras em vias disso.
Mas como manda a tradição, vão ser desmumificadas e desfossilizadas algumas das mais dançantes melodias de sempre lançando dúvidas existenciais em alguns indefectíveis das unidades de música industrial que dão pelo nome de “discotascas”.
Comecem por engraxar sapatos e, ajudados por diagramas no chão aprender as mais elementares movimentações articulares.
Aqui não se exige, como hoje em dia, que o dançarino seja um atleta contorcionista mas sim que evolua na pista com mestria de um “diestro” na arena, e nisto ninguém bate os velhos nicolinos que aperfeiçoaram estas técnicas ao longo de milhões de bailes e bailarinos.
E, assim, enquanto se vai bailando, vai terminando as Festa, que já deixam saudades, mas não se desanime que pró ano há mais.
Até lá tenham juízo, não assaltem bancos, não temem dormir de borla no Palácio dos Duques, e tratam-se bem.
S. Nicolau zelará por nós, e agora bem preciso é, porque não se sabe que nova reforma educativa se cozinha nos caldeirões ministrais.
Talvez acabem com a PGA e implantem um sistema tipo Totoloto para ninguém se queixar, quem sabe?!
Assediem-se todos muito… desde que asseadamente!!!
E, vão para dentro, não se incomodem…
Saludos e até pró ano.

RICARDO GIGIO

NOTA FINAL: Comemoram-se neste ano de 1991, os 300 Anos do Ressurgimento da Tradição Nicolina, os 100 Anos da Fundação do Liceu de Guimarães.
Por tudo isto, congregaram-se esforços dos Novos e Velhos nicolinos para fazer deste ano um ano diferente, mais participado e mais nicolino.
Participem em tudo. Obrigados.

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1992


!!! ATENÇÃO!!!

Vimaranenses! Portugueses! Turistas! Paraquedistas e simples curiosos!

Depois de mais um ano volta S. Nicolau a patrocinar as mais ansiosamente esperadas celebrações académicas de todo o cosmos. Podem deixar de roer as unhas, de morder nas pontas dos lápis, de suspirar baixinho nas aulas, chegaram as Nicolinas.
As previsões do INE (Instituto Nicolino de Estatística) apontam para uma participação em massa dos estudantes vimaranenses, as do INMG (Instituto Nicolino de Meteorologia e Geofísica) prevêem um enorme sismo para a noite do dia 29 de Novembro e vários abalos telúricos na semana que se segue, devidos não à deslocação das placas mas à deslocação de milhares de Nicolinos que se fazem transportar desde as paragens mais distantes do planeta em balão, passarola, trenó, caiaque, patins, etc., para estarem presentes em Guimarães e nas Festas.
Os habituais agradecimentos aos generosos contribuintes do comércio, indústria e simples particulares que depois de todo o dinheiro que o Estado muito simpaticamente lhes alivia nos vários impostos, taxas, multas, coimas e afins ainda com um sorriso e sem esforço abrem mais uma vez os cordões à bolsa para tornarem possíveis estas Festas.
Estudantada mandai mensagem para quem vos quer grelhar a mioleira com PGA’s e programas de ensino saídos de alguma instituição mental, que a tribo Nicolina está de prevenção e se mais alguma maldade vos for feita a retaliação será terrível.
Façam barulho! Façam um estardalho tão medonho que da próxima vez que algum inteligente se lembrar de se meter convosco fique verde de medo e amarelo de vergonha.
E agora silêncio na plateia que vai subir o pano para mais umas FESTAS NICOLINAS!



Um estranho apelo faz eco em todos os Nicolinos espalhados pelo mundo para nesta singular noite se reunirem em Guimarães para escoltar à sua última morada o símbolo último da nicolina virilidade, essa haste portentosa que é o Pinheiro.
Concentrados em diversos aquartelamentos comensais, onde tratam de se prover do insubstituível sustento de sólidos e líquidos, principalmente os chancelados por Baco, os Nicolinos ganham forças para a dura batalha que se segue.
Depois de bem recheados, apressam-se a preparar as armas, afinando as peles de bem estimadas caixas e bombos. Seguidamente as esquadrilhas nicolinas levantam voo para descer em formação de ataque junto ao Campo de S. Mamede.
Ali junto ao sítio onde o Fundador se emancipou, aguardam os tanques de guerra nicolinos, movidos a tracção bovina e camuflados dentro mais puro espírito folk.
Tudo a postos, arranca a falange nicolina rumo ao Jardim de S. Francisco, local onde encontrará o seu derradeiro endereço o nosso Pinheiro, que tal como a chama olímpica, se manterá até ao final das Festas a avisar os passantes que o reinado de S. Nicolau desceu mais uma vez sobre esta urbe afanosa para premiar os bons, castigar os maus e avisar os candidatos a corruptos.
AVISO – DADO QUE ESTE ANO A COLHEITA VITIVINICOLA NÃO FOI DAS MAIS FARTAS ACONSELHAM-SE OS MENOS AVISADOS A BEBER COM MODERAÇÃO.



Nesta noite vai concerteza muito boa gente de Guimarães acordar com suores gelados ao ouvir o mais temido dos gritos de guerra, o VENHA A POSSE com que os marmanjões da Comissão de Festas brindam os generosos beneméritos que apesar de tal chinfrim vão ceder e ofertar a esta troika nicolina cabazes recheados de sabores petiscos que vão ser positivamente desintegrados pela famosa gula nicolina e regados com o proverbial e mundialmente famoso verde da região.
Aconselha-se a todo o bom Nicolino que providencie e se previna com os famosos medicamentos genéricos da área das indigestões, pois que não queremos que o flato (mais conhecido por ar na canalização) faça mossa na alvíssima reputação de qualquer destes nossos garbosos mancebos.
Enquanto isto e ali para os lados da medieval Praça de S. Tiago, vai a Comissão em penhor de gratidão para com as gentes desta metrópole abrir mão de uns milheiros de castanhas e algumas mini-pipas de vinho e bagaço para enriquecimento de corpo e espírito de todos quantos ali se queiram deslocar.
Falta o destaque para o já ultra conhecido pelotão filarmónico que acompanha os novos Nicolinos nesta noite e cujo ritmo algumas escolas de samba já tentaram reproduzir sem sucesso.
Bom apetite e melhor digestão!



Cuidado SIC’s, RTP’s. TVI’s e quejandos a formula última em comunicação está em poder dos Nicolinos. De acordo com canônes centenares todos os anos um dos Bardos Nicolinos dá à luz um texto espantoso, recortado em oitavas, em português inteligível e escorreito, com o altíssimo beneplácito da Assembleia das Musas, destinado a ser declamado, ou como o próprio nome não indica, apregoado, pelas ruas e vielas da cidade.
A subida honra de dar a conhecer ao mundo em gritante esforço laringico a maior e mais acertada resenha de tudo quanto pelo mundo se passou neste último ano cabe a um campeão da Academia, o Pregoeiro.
E em matéria de crítica, que se acautelem os corruptos, os poderosos, os oportunistas e demais baixas estirpes do panorama citadino, pois este é o ano em que algumas cabeças vão rolar. Algumas intervenções de fundo na interpretação do já conhecido como o mais triste dos tratados, Maaasxchstrichquett, Mastique. Mais tiques Má Estética ou lá o que seja que foi acordado entre os respectivos “tratantes”, e que depois do Pregão ninguém diga que não tem opinião, pois os Nicolinos são dos maiores opinadores do mundo. Vamos dividir para “reinar”.
Quem não assistir ficará irremediavelmente desinformado.
Os melhores votos para o aparelho vocal do Pregoeiro, e que tradição seja mantida e que seja este ano que os miolos do Cabrito do almoço que antecede a função não fiquem no prato, e de Vinho do Porto apenas um Cálice para afinar o Cordame… (será que há cálices de Litro??????)…



Este número é consagrado aos derradeiros românticos do planeta.
Os Sirs Gallahads Nicolinos de lança em riste vão dirigir-se para a Praça de S. Tiago onde os aguardam as formosas donzelas cá do burgo.
Depois de um cortejo anunciador pelas ruas da cidade, se ninguém cair num dos buracos que agora abundam e desaparecer para sempre, os nicolinos e os seus escudeiros fazem a sua majestosa entrada na Praça.
As meninas desmaiam ao ver os seus amados, arrancam cabelos de raiva quando os seus favoritos as esquecem e coram timidamente ao receber da ponta da lança do seu eleito as disputadíssimas Maçãzinhas.
Esta praxe tem contudo a particularidade de trocar as voltas ao texto bíblico sendo aqui Adão a oferecer a Eva o fruto do pecado original.
Mas as meninas não levam a mal e ainda oferecem em troca uma prenda, que pode ir do maço de cigarros para os fumadores crónicos até um folheto de planeamento familiar para as paixões mais avassaladoras.
Um primeiro passo pode aqui ser dado na senda do altar e antes que os incautos possam perceber estão de joelhos no chão a implorar a uma personagem sinistra a mão daquela menina que em tempos idos sorriu na varanda da Praça.
Resta ainda explicar em detalhe o armamento exigido para esta batalha.
A cana de bambu que deve ter altura suficiente para chegar aos mais elevados balcões, a lança onde serão empalados os pomos da concórdia que deve encimar a cana e onde devem constar as cores de cada cavaleiro em fitas pintadas por todas amizades femininas do cavaleiro.
Compete também ao cavaleiro contratar a suas expensas um escudeiro que lhe transportará as munições, as Maçãzinhas propriamente ditas.
Posto isto… ao Ataque!



O espectáculo do ano, por vimaranenses para vimaranenses.
Diversas revistas da especialidade atribuem a este espectáculo sem igual as mais elevadas classificações, sem que isso nos importe absolutamente nada, os Nicolinos não dão valor essas mariquices, até recusamos o “Tony” para melhor Teatro Estrangeiro.
Com um elenco fabulosos, onde avultam alguns dos “monstros sagrados” da modalidade, este show é verdadeiramente único.
Com realização , encenação e actuações brilhantes dos Velhos nicolinos que aqui extravasam todos os seus dotes histriónicos, prometemos ao nosso fiel público um par de horas sem igual.
Com música dos melhores compositores, com a melhor orquestra, a do Cano evidentemente, e com textos dos mais reputados dramaturgos, é o acontecimento cultural do ano.
Mais uma vez teremos que recusar propostas bilionárias para carreiras em Hollywood, mais uma vez, a crítica se prostará aos pés dos Nicolinos, não por favor, mas porque somos os melhores, e como se pode facilmente reparar os mais modestos de todos.
Só se admitem faltas por motivo de tetraplegias e similares fatalidades.
A NÃO PERDER! DESCONTOS COM O CARTÃO “VELHO”



Arrancadas às traças e à naftalina atmosfera as mais in das vestimentas, engraxados os sapatos a preceito, bem ensaiados os boleros, as valsas e os tangos, dirigem-se ao Baile todos aqueles cujo avançado estado de decomposição não lhes permite enfrentar com a estoicidade dos vinte anos as catadupas de decibeis dessas naves industriais que dão pelo nome das discotascas.
Não se pretendem aqui os exibicionistas e as verdadeiras artes de contorcionismo do hodierno homo dançan us, mas a fleuma, a graça e a leveza com que só os verdadeiros Nicolinos sabem evoluir nos tablados de dança.
Com música despretensiosamente revivalista vamos recordar o “a menina dança?…” que infelizmente já não se ouve.
Este baile incluirá um lauto repasto a antecipar a queima de caloiras que se seguirá, e todos os verdadeiros Nicolinos não faltarão.
E assim ao som de “As time goes by” vão fenecendo as Festas nicolinas deste ano sem que nos corações não se forme um pequeno nódulo de tristeza, e vontade de o ano que se lhes segue passe depressa, e enquanto a sala vai ficando vazia, vamos todos ficar com um pequeno vazio numa parte indefinida do peito, no sítio onde mora a Saudade.
Até ao Ano!


AVISOS

Como vem sendo habitual, os nosso sinceros agradecimento às televisões que como sempre irão comparecer, assim como aos organismos culturais aos quais agradecemos que não compareçam.
E a vós que diariamente labutais nos bancos da escolas e nos canhenhos que vos impingem todos os anos, a vós a quem o acne incomoda, por favor não cresçam.
Já estamos cheios de competição, de homens de plástico, de políticos juniores e de ambição desmedida, se não conseguirdes ser vós mesmos… sentai-vos e chorai muito.
Aos autores da terríveis PGA’s, da lei das propinas, da Reforma do Ensino, um recado: mais uma dessas e o Pinheiro vai para Lisboa disfarçado de supositório.

RICARDO GIGIO

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1993


29 de Novembro – Pinheiro
4 de Dezembro – Posses
5 de Dezembro – Pregão e Magusto
6 de Dezembro – Maçãzinhas e Danças
7 de Dezembro – Baile


EDI – O – TAL

A Academia Vimaranense faz saber a todos que já estão na estrada os “pedinchas” credenciados da Comissão de Festas Nicolinas, que podem ser distinguidos pelo elvado porte atlético, grandes dotes de oratória e pelo distinto traje académico tradicional vulgo Capa e Batina, não confundir com outros pedinchas que a soldo de algum estilista estrangeiro vestem traje de golfe e pedem para outros santos.
Agradece desde já comovida a Comissão qualquer dádiva de géneros ou em espécie, para conseguir uma vez mais nesta centenar tradição levar a bom termo a actual edição destas Festas sem igual.
Preparem-se pois todos, viajantes e pracistas, caixeiros e electricistas, peões e ciclistas, cristão e budistas, políticos e pugilistas, más-línguas e intriguistas, cangalheiros e marmoristas, bancários e golpistas, ministros e estadistas, jovens e saudosistas, democratas e fascistas, patrões e sindicalistas, marcianos e selenitas, intelectuais e telefonistas e todos os demais artistas.
Agradecimentos desde já a todos os órgãos, sexuais ou não, que resolveram juntar a sua à nossa voz e dar o contributo possível para esta realização, não os enumeremos aqui, pois a lista seria extensa e morosa, podemos apenas dizer que, alfabeticamente, começariam em Associação dos Pedreiros e Carpinteiros do Sul da Europa e Terminariam em Zâmbia (Governo Regional da). Pois a todos a nossa vénia.
Estudantes, tremei pois cozinham-se aos níveis dos santos (Coito dos) terríveis reformas que vão exigir que para ter acesso ao ensino superior se tenha já pelo menos uma licenciatura ou em alternativa preferencial o cartão do partido. As propinas vão passar a constituir o dízimo dos rendimentos mensais de todo o agregado familiar do candidato incluindo-se neste todos os parentes vivos e mortos até ao quinto grau. Com o encaixe de verbas para o Estado que estas melodias vão acrescentar, será oferecido a todos os estudantes através dos órgãos de comunicação social escritos uma fotografia autografada do Homem do Leme. Alguns defendem contudo, que para democratizar estas melodias, deveriam ser seleccionados aleatoriamente por distrito dez estudantes cujo número do Bilhete de Identidade mais se aproxime à terminação da Lotaria do Natal.
Ora bem, posto isto e avisadas as tropas, só nos resta acautelar o aprovisionamento de munições para a função nicolina que são como se sabe ou deveria saber o barrete frigio, o lenço tabaqueiro, a caixa ou bombo e respectivas baquetas ao alto.
De harmonia com uma campanha muito em voga cumpre-nos informar que as normas básicas do Saber Beber são as seguintes: Limpar o beiço antes de poisar suavemente o mesmo nas bordas de qualquer vasilha destinada ao efeito, impulsionar levemente o braço mais conveniente (não esquecemos os canhotos, para eles o nosso abraço), deixar correr o líquido por entre os dentes sem fazer ruídos, engolir com ternura, e, sobretudo não deixar subir o ar provocado pela ingestão (vulgo burrrp!..) e também não esfregar a beiçonga nas mangas da camisa, contudo são admitidos pequenos desvios a este comportamento na ausência de senhores ou na presença de mulheres que o não sejam. Esta foi uma informação do nicolino Ministério da Pinga.
Provérbio Vietname: “Lagarto que não ladra não é do Sporting, jogador que não marca é do Vitória”.
Com este pequeno apontamento de grande riqueza e profundidade intelectual encerramos este edital mandado fazer por ordem de Minerva e de nosso sempiterno e omnipresente Nicolau no ano da desgraça de mil novecentos e noventa e três.
A bem da Ração.


Pinheiro – 29 de Novembro
Após semanas de buscas exaustivas no interior das terríveis matas de Aldão, os nossos bravos exploradores conseguiram encontrar mais um exemplar digno da função, um representante vegetal que não embarace os seus antepassados de outras Festas. Escolhido, cortado, é transportado pelos ditosos membros da Academia vimaranense até ao Cano onde vai ser convenientemente preparado para o que a seguir se vai descrever.
(SYDNEY, AUSTRÁLIA – 27 DE Novembro de 1993 – Mary Jane! Onde estão as minhas peúgas pretas? Diz à tua mãe que eu vou chegar tarde. – Bate a porta enquanto aperta o cinto das calças, tropeça ao entrar no táxi e grita – Para o aeroporto, pé na tábua!!!) Enquanto isto o Pinheiro aguarda os enfeites que o vão adornar para a sua viagem até ao santuário onde irá repousar até ao fim das Festas. (BANDAR SERI BAGAWAN, SULTANATO DE BRUNEI – Muhamed, vou a Guimarães e já venho, não contes comigo para jantar, preparaste o Falcon? Muito bem, até de hoje a oito). A hora vai chegando e por todo o mundo os Nicolinos começam tal como uma horda de mortos-vivos a responder a uma apelo irresistível de rumar a Guimarães. As companhias aéreas registam uma avalanche de reservas, alguns aviões são desviados para o aeródromo de Palmeira, e para surpresa do mundo amara um hidroavião na nova fonte espumosa do Largo Navarros de Andrade. Todos em Guimarães, já no dia 29, durante a hora do jantar, recolhem em oração a todas as capelas disponíveis, onde se abastecem de combustível sólido e líquido para enfrentar a noite que já caiu.
Depois de todos muito bem atafulhados em infusões com bastantes octanas, onde nadam papas de sarrabulho, rojões e algumas castanhas temperadas por um tudo nada de bagaço, rumam ao Cano onde já está devidamente maquilhado o Pinheiro. Atrela-se o dito vegetal a carros de tracção bovina (4DP – 4-Patas-Drive) e depois de alguns mugidos de protesto começa a descida até ao Campo da Feira escoltado no trajecto. Depois de ao alto o Pinheiro, todos para a cama cozê-la.
SYDNEY – AUSTRÁLIA – 1 de Dezembro de 1993 – Mary Jane! Onde está a tua mãe? – Está no quarto a pagar ao taxista…
Como homenagem a Boris leltsin e pela primeira vez na história o Presidente da Comissão é Russo. Passaremos a chamar-lhe Rutskoi. Para ele o nosso abraço amigo.


Posses – 4 de Dezembro
Cumprindo um rito antigo, nesta noite, a Comissão de Festas Nicolinas, cai sobre a cidade com a subtileza de uma praga de gafanhotos esfaimados para em locais previamente escolhidos soltar o brado que fez gelar o sangue de Átila – “E VENH A POSSE”. No seguimento do propósito didáctico deste Programa passarmos a explicar: a posse consiste num pacote (não de milhões de ECU’s) mas, tipo Cabaz de Natal, recheado das mais saborosas e finas iguarias que já tocaram o palato dos possessos comissionistas. Cabaz este que é ofertado por figuras de reconhecida e antiga fama de generosidade para com animais de espécies interiores, a que chamaremos a Sociedade Protectora do Apetite Nicolino.
Pois bem, os filantopos membros desta recém-criada sociedade, depois de na forma de verso, fazerem detalhada crónica de costumes, vão ofertar a comezaina em jogo através de um ritual antigo e solene que se chama Saltar Apanhar O Cabaz que é descido à corda e só entregue depois de alguns momentos de puro gozo. Mas acho que já está mais do que explicado, se não concordam Têm duas hipóteses, reclamar para a DECO que este programa é publicidade enganosa ou ir ver. Aconselho a primeira.
O acompanhamento musical está a cargo da mundialmente famosa banda de Delães, também a não perder.
Nota – Já se encontra a postos no quartel dos Submarinos da Póvoa de Lanhoso um camião cisterna de sais de frutos pronto a acorrer a qualquer distúrbio digestivo ou intestinal dos membros da Comissão de Festas.


Pregão e Magusto – 5 de Dezembro
O Pregão, o texto dos textos, estruturado ao longo de décadas de colaboração dos mais sapientes autores, sempre os preferidos das musas, verte em cada frase conhecimentos profundos e novidades do domínio de todas as artes, ofícios e ciências. A não perder por todos os que querem ficar actualizados em todas as matérias, desde a política até à bricolage passando pela culinária, roçando ao de leve pela física quântica e aprofundando na sociologia. Depois de um ano de intensa e laboriosa pesquisa em todas as tascas do Norte de Portugal e Galiza, com espiões infiltrados nos cabeleireiros das amantes dos poderosos e com acesso aos ficheiros de alguns bem colocados adjuntos dos sub-secretários adjuntos dos consultores dos adidos de informação do secretário de Estado para a informação, Propaganda e intriga do Governo Regional das Galápagos, o autor está devidamente habilitado a desvendar ao nosso estimado e fiel público segredos que vão fazer cair alguns ministros após as eleições autárquicas.
Para declamar este texto foi seleccionado pelos seus dotes vocais de entre os portadores da bandeira da Academia, aquele cuja faringe e cordas vocais fazem lembrar o Grand Canyon atravessado por doze Golden Gates (não menino, não são chocolates e também não é o Fernando Pereira).
Depois de comido o tradicional cabresto comprovadamente não portador de brucelose (a terrível doença que vitimou o Bruce Lee) e bebida com moderação uma grade de vinho do Porto, sai a função para a rua novamente acompanhada pelos tocadores de instrumentos feitos com as peles das últimas vítimas conhecidas da supracitada doença.
Força nas vocais Pregoeiro e força na pena autor e força para os bandidos. O magusto é after-eight na Praça de Santiago com o alto patrocínio dos Velhos nicolinos, muita castanha, algum vitivinicola e menos bagaçal do que cagaçal. Comeon! Bebe in!


Maçãzinhas e Danças – 6 de Dezembro
Palavras para quê? São artistas portugueses, que mais uma vez a duras penas vão representar alegoricamente uma passagem bíblica, só que ao contrário, como já tem sido dito foi Eva que deu a maçã a Adão e que fez da humanidade aquilo que ela é, aqui, são os Nicolinos, cordeiros vestidos com pele de lobo, invadem a Praça de Santiago com um autêntico canavial para proceder a essa retribuição. Aqui o ritual segue tramitação própria e a encimar os bambus que empunham, uma lança de ferro forjado (que está para este acto como as balas de prata para matar lobisomens, in-dis-pen-sá-vel), lança onde constam em numerosas fitas de cores garridas e pintadas à mão as cores e o grau de entrosamento do Nicolino com o género feminino.
Género esse que está estrategicamente colocado em todas as frinchas, gretas fenestras e balcões avarandados da Praça a fim de receber da ponta da lança o pomo dito do pecado original.
Para que não se diga que as gentis donzelas do nuestro burgo não são umas mãos largas, vão estas por sua vez trocar a maçã por uma lembrança alusiva à data, que pode consistir num maço de cigarros de marca Provisórios, ou então dar algo de mais definitivo ao seu escolhido, que pode variar entre a efemeridade de um beijo e um bilhete de ida para o inferno com escala num altar de igreja.
P. S. – Como medida de precaução, aconselham-se todas as mães de filhas solteiras casadoiras e procriáveis a não autorizar o visionamento do programa televisivo do Júlio Machado Vaz.


Danças de S. Nicolau – 6 de Dezembro
É sempre difícil adjectivar este espectáculo que a crítica já consagrou. Por todos os encómios já recebidos de todas as nomeações recebidas e recusadas para os Tony, por parte dos artistas e organização deste evento.
Com a participação assegurada de todos os artistas de nomeada, como é hábito, a máquina montada pelos Velho Nicolinos não deixa nada ao acaso, com os melhores cenários, com a melhor encenação e com a melhor orquestra que o mundo já conheceu, ou não fossem os ultrafamosos Trovadores do Cano sob a batuta atenta e experiente de mestre Magalhães os nossos músicos.
O nosso habitual público já espera com ansia a hora de abertura da bilheteira pois a procura tem sido enorme nos anos precedentes e alguns retardatários tem ficado banhados em lágrimas à porta do Jordão, lágrimas também lá dentro, mas de riso, pois os Velhos Nicolinos para além de serem os melhores do mundo a pisar o tablado, são também ao mais espirituosos e de longe os mais modestos também.
Com textos, letras e música dos mais afamados dramaturgos, poetas e maestros, com vedetas de renome internacional, desde Barcelos até às Caldas de Vizela e em vésperas de acto eleitoral, as previsões apontam para muita maledicência, muito levantar cabelo, muito gozo e boa disposição, sempre a “bater nos ceguinhos” que nos governam ou desgovernam.
Adiantar mais será chover no molhado, pois isto só visto.
A título informativo podemos comunicar que o departamento de vistos do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso recebeu quatrocentos e três pedidos de asilo político na previsão de revelações que se sussurra à boca pequena serão tornadas públicas durante o espectáculo.
Vão ver do que os Nicolinos são capazes, não prometemos nada, damos tudo. Descontos na bilheteira com cartão do partido.


Baile Do Reumático – 7 de Dezembro
(Ceia Dançante)
O pano está quase a cair, a bandeira de xadrez já se deslumbra no fim da recta da meta, enfim o que é bom está a finir, e para não dar asas à tristeza a melhor panaceia é uma despedida à altura, com traje de passeio e boa disposição numa Ceia Dançante com as boas e velhas músicas revivalistas do 50s e 60’s para não partir o côco aos Velhinhos Nicolinos, que só com a deslocação de ar provocada pelas mais apuradas e modernas técnicas de dança, poderiam desintegrar-se ou sofrer danos físicos irreparáveis. Assim no espírito Nicolino se queiram a nós juntar para dar um até breve às Festas Nicolinas que já estão a deixar saudades.
Mais um ano de morna rotina nos espera a todos, sem contudo que se possa oferecer o flanco ao caruncho e desistir de pensar que no próximo ano a função se repete quiçá com mais brilho.
E quando já só dois dos músicos de banda estão de pé e os últimos se dirigem ao vestiário, para levantar as albardas que a noite de Dezembro é fria, já alguns Nicolinos vão para suas casas a magicar novas maneiras de festejar o nosso S. Nicolau com a grandeza que ele merece no ano que se segue
Neste adeus deixo a nossa palavra de conforto para todos os que rompem os fundilhos nos bancos das escolas e aos quais querem romper os fundilhos com medidas bastante mais agudas, que alguns génios da nossa praça a tempos conseguem parir.
Continuem, façam muitas maldades, o crime não compensa os inocentes, comecem a emigrar para as escolas de formação profissional da ETA, do IRA e de outros organismos que ensinam matérias realmente práticas. Mandem pastar as vacas loucas e todos os que com raciocínios de encefalopatia espongiforme vos querem trocar as voltas. Os Nicolinos graças ao empenho de Baco são imunes a essa doença porque de espongiforme já possuem o estômago e segundo as últimas pesquisas levadas a efeito por um médico alcoólico de Taiwan, nunca se pode ao mesmo tempo ter uma esponja no estômago e outra no cérebro.
Aforismo popular chileno – Las vacas no son cabras e el ministro la madre que lo parió.
Tradução – Se uma vaca incomoda muita gente duas cabras incomodam muito mais.
Pergunta – Y ló ministro?
Resposta – La um.. se morió.

Coitados dos animais…
Até pró ano povão, Nicolau lives!

1993 RICARDO

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1994


NOTIFICAÇÃO

Mais uma vez se irá assistir com grande pasmo ao renascer de grande Phoenix Nicolina, que anualmente se refaz nas suas próprias cinzas, e produz sempre dez filhotes cujo plural se denomina Comissão de Festas Nicolinas. Podem ser facilmente reconhecidos pela vestimenta que é de cor urbano-depressiva, e pelo dente afiado, na mira do bolso dos menos avisados.
Aqui se deixa mais uma vez, e para que conste, que devem ser acalmados com donativos pois de contrário iniciam processo licantrópico irreversível e como tal devoram as vítimas, só podendo ser parados com uma bala de prata no coração. Avisam-se assim, todas as mães de filhas solteiras e procriáveis, a pagar uma visita às suas femininas proles ao Sri Lanka, pelo menos até ao dia 6 de Dezembro, onde, nas Maçãzinhas, se podem então reconciliar com as citadas bestas esfaimadas. Obrigado. De nada. Mais nada. É só!


MANUAL DO BOM NICOLINO

1. o VERDDEIRO Nicolino, não toma banho, não faz a barba (aplicável aos dois sexos), não come comidas estrangeiras, não bebe água, não usa guarda-chuva, não fuma cigarros feitos à mão, não usa roupa interior, não corta as unhas, não lava os dentes, deve ser vacinado contra a hidrofobia aos seis meses, deve ser registado na Câmara Municipal e na Sociedade Protectora, não observando estas regras pode ser a qualquer momento capturado e posto ´+ guarda das autoridades sanitárias municipais que, ao ninguém reclamar a sua posse durante quinze dias úteis podem abatê-lo.
NOTA – Não se sabem de onde foram retiradas estas regras, mas um estudioso romeno, atribui a um codex latino denominado Canis Fidelis de lure, o que nos leva a concluir que o acima descrito não está em vigor face às presentes alterações do Código da Estrada.

Observâncias

RIGOR ACADÉMICO
Não confundir com Rigor Mortis. A observar em todos os actos públicos e púbicos.

FAMOUS LAST WORDS
“Luz, finalmente luz… ” – atribuídas a Goethe no seu leito de morte, quando do restabe-lecimento de luz eléctrica.

PARMALAT
Famosa bebida branca italiana, não confundir com 605 FORTE.

TRICÓRNIO
Animal mitológico possuidor de três poderosos chifres, que deita fogo pelas ventas, de raras citações na mitologia nórdica. A sua criação é atribuída ao cruzamento entre um Unicórnio e um Boi.

PRÉMIO NO(V)EL DOS TRANSPORTES
Ao futebolista Paulo Futre pelo facto inédito de ter conseguido que a travessia do Tejo por carro vá dar directamente ao quintal de sua casa no Montijo, terra tristemente célebre por ter produzido o galardoado.

ORDEM DE MÉRITO
Aos arquivos da extinta??? PIDE/DGS, que após vinte anos continuam a ser o artigo de exportação mais badalado de Portugal a par dos galos de Barcelos.

INQUÉRITO PAR(A) LAMENTAR
Reúne hoje junta médica especial para mandar proceder à imediata detenção do autor deste Programa de Festas e sua confinação a um hospital da alta segurança, onde na serena companhia de Napoleão Bonaparte, Júlio César (o da SIC não, por amor de Deus…) e D. Afonso Henriques se dedicarão de corpo e alma a alterar as regras do contrato inicial do Bridge.

POSTO ISTO

Vamos ao Programa propriamente dito, que este chorrilho de disparates não devia ser permitido, e quem escreve destas coisas devia ser fechado num quarto com seis cães raivosos a bem de saúde mental das gentes Vimaranenses.

PINHEIRO – 29 de Novembro

Antes de qualquer esclarecimento a respeito deste ponto do Programa, é nosso dever informar que Um Nicolino é um ser gregário (Não é Gregório, o inventor do canto com o seu nome) de hábitos sociais e elevados padrões de comportamento. Com estas características peculiares, não é difícil adivinhar que por volta do dia 25 de Novembro, já andam em casa às voltas, furibundos, a fumar até o filtro, a praguejar e a desejar que a noite em causa chegue às respectivas consortes (ou com azares) e a pensar na melhor maneira de embrulhar o bombo para caber na mala do Fiesta.
Ora bem, deixando os Nicolinos entregues às suas vidinhas, os terríveis Nicolinos da Comissão de Festas, devem estar desde manhã a pregar e a cortar para montar os carros que vão transportar o mais famoso vegetal destas paragens. A tracção destas carros é às quatro patas, puxados que são pelos mais formidáveis representantes da raça barrosã que aqui se criaram, vulgo bois. O “check-point Charlie” é no Cano, onde o nosso estimado Pinus,* aguarda o início do desfile. É então que por volta da hora do jantar de amesendam todos os recém arribados à nossa urbe, juntamente com antigos colegas para, lapando suas veneráveis peidolas nas mesas de todo o tasco e mangedoura onde se sirva os “rojones”, “las papas de sarrabujo” e “castañas” com “viño verde” e bagaçal, se proverem do necessário estofamento energético que lhes permitirá o espancamento cadenciados das peles de algumas centenas de milhar de caixas e bombos cujo som já alguém ouviu muito para lá do Marão. Depois de bem enterrado o Pinheiro, a anunciar o início de mais uma semana de intensos e bem agasalhados festejos Académicos, voltam os festejantes a casa, já bastante mais humildes e satisfeitos.
*A bem da cultura dos povos aqui fica um breve árvore genealógica do Pinheiro Nicolino.
Pinus Nigra Austríaca (Primo) – Pinus Excelsa Griffithii (Cunhado) – Pinus Alepensis (Enteado) – Pinus Mago “Mops” – (Filho da mesma Mãe) – Pinus Mugo “Mughus” (Bastardo) – Pinus Strobus ou de Weymouth (Avô) - Pinus Strubus “Nana” (Neto) – Pinus Sylvestris (Clona genético do Stallone) – Pinus Sylvestris “Nana” “ Watereri” (4º Primo por parte do ramo africano da família). Tudi isto para dizer que o único, o verdadeiro, o puro e duro, é o PINUS PINEA ou PINO AD OMBRELLO, PINO ROMANO – PIN PARASOL – PIN PIGNON ou mais prosaicamente saxónico UMBRELLA PINE.

NOTA FINAL – DÓ!


POSSES E MAGUSTO 4 de Dezembro (by night)

“ Nas posses de cada qual manda cada um!!!...”, antigo provérbio cambodjano que não tem nada a ver com isto, Junta de Festas Nicolinas em bando, cáfila ou vara, conforme a disposição de espírito da altura, saí à rua com acompanhamento da Real Philarmónica Orchaestra de Delães, que vai marcar o urbano, a fim de, por recurso às poderosas armações buco-faríngicas do Possessos pedir (que é como quem diz exigir) a Posse.
O que é a Posse? Estou quase tentando dizer. Mas não o vou fazer. Vão ver que não perdem nada, e se por acaso perderem a paciência, fazem o favor de dirigirem-se à Praça de Santiago onde estará montado o habitual estendal do Magusto Nicolino, prevendo-se que como em todos os Magustos haja, pelo menos, castanhas.


Pregão – 5 de Dezembro (aprés-midi)

Depois de efectuados meses de audição é finalmente eleito o Pregoeiro, que como o próprio nome não indica vai apregoar o Pregão. O Pregão apesar de ser de todas as formas de comunicação social a mais antiga, é de todas a mais moderna, é recitados em Ruas e Praças da Cidade “absolutely live” e com recurso à tecnologia mais complicada de todas que é a voz humana em esforço, aparelho até agora impossível de reproduzir artificialmente, se bem que haja no Registo Nacional de Patentes alusões a um certo indonésio que quase conseguiu emitir sons vagamente humanos. A trama processa-se contudo da seguinte forma. De acordo com uma tradição cujas raízes se perdem na Idade do Pó de Tijolo, o Pregoeiro deve ao almoço ser compelido a devorar os miolos de um cabrito, anho ou quejando, não se sabe bem se para reforçar os poderes cerebrais, ou se simplesmente para engrossar a coluna dos infectados com Brucelose (a terrível doença que vitimou o Bruce Lee). Deve ainda o Pregoeiro ser submetido a infusões e gargarejos com Vinho do Porto, para “envelhecer” a voz e dar um recorte mais aveludadamente literário à coisa, e ajudar nas horas de afonia.
Aparelhadas as hostes tocadoras d instrumentos de baquetas e peles rijas para o som de fundo, segue a comitiva a transmitir à mui solene tribo dos Vimaros, a mais actualizada e contundente crónica de costumes de que só uma vez pior ano há memória ter sido feita.
O texto de Pregão, depois de submetido ao censo rigoroso do SIS (Secretário de Istado da Sençura – nova redacção de acordo com a Akôrdu Ortugráphiku 94) é passado alimpo na forma de estrofes oitavadas com rima incerta e é lhe introduzida informação recolhida durante os últimos 12 meses em tascas, tabernas, manicures, pedicures, cabeleireiros masculinos e barbeiros femininos, e nos “mentideros” em geral. O resultado geralmente, e a avaliar pelas últimas edições, é a fuga em massa de dirigentes políticos locais e nacionais para parte incerta, e o congestionamento à porta das agências de viagens que fazem carreira para países menos sérios da América do Sul. Assim tremam os poderosos, e demais espécies com semblantes sérios brincam com as governações das Nações.
Que ao Pregoeiro, a última coisa a murchar seja a Vox.


MAÇAZINHAS (praça de S. Tiago à tarde) – dia 6 de Dezembro

Chova ou faça sol, apesar de terramotos, maremotos “Tsunamis”, erupções vulcânicas (ou cutâneas, tipo acne) cheias e secas, a Tradição segue na ponta da lança.
Os Novos Nicolinos, vão mais uma vez homenagear o verdadeiro coração das Festas nicolinas, o elemento feminino. A cena terá lugar na Praça de Santiago, actual arena deste embate entre os sexos (figurativamente é claro). Nos dias que se seguem esta ancestral prática de cortejamento, os Nicolinos tentam através de várias formas, conseguir que as suas favoritas lhes entreguem as famosas fitas garridas, pintadas à mão, que vão servir para ostentar, talqualmente as cores dos medievais cavaleiros de justas, no cimo de uma cana de bambu e ser atadas à Lança Nicolina, artefacto de metal nobre (latão), que servem por sua vez para empalar os pequenos pomos de que aqui de trata. As damas vão entretanto postar-se nas janelas e balcões da citada Praça, para esperar que chegando a caravana dos Nicolinos, se dê inicio à função. Consiste mais ou menos nisto o que a seguir se passa, e se não for muito correcta a descrição, perdoem-me os meus centos e vinte e três anos de idade e a minha decadência mnemónica. Ao chegar, os Nicolinos desmontam dos respectivos meios de locomoção, que podem variar entre a caleche, a tipóia, o coche, a diligência, a charrette (não, não é a mulher do charro) e as igualmente elegantes Toyota Dina ou Berliet, passando pelas montarias propriamente ditas que descem hierarquicamente do Lusitano de Alter até ao asno rafeiro e à Famel Zundapp XF – 17 (reconhecidamente a arma mais mortífera do arsenal rodoviário português), posto, ou deposto isto, juntamente com os meu fiéis escudeiros e ajudantes vão dirigir-se às respectivas destinatárias, que, em troca colocam, no sítio onde estiveram a Maçãzinha, um brinde ou prenda. Esses brindes ou prendas variam em género e em grau, podendo ser em forma de delícias gustativas tipo bolinhos feito com base nos ensinamentos de Grande-Mestre Manel Louis Trouxa, ou em fases mais adiantadas em propostas mais radicais como a prática do casamento sem rede.
De qualquer das maneiras estamos sempre abertos a novas perspectivas, desde que convidados para o copo-de-água, evidentemente.
RECOMENDAÇÃO – Como leitura obrigatória a versão integral das Mil e Uma Noites, conhecido no Extremo Oriente como Kamiasutra e em Chaves como Komesoutra.


Danças de S. Nicolau – (Cinema S. Mamede) – also 6 de Dezembro, 21.30 horas

Na sequência de êxitos anteriores, os Velhos Nicolinos reunidos em Concílio, decidem mais uma vez levar à cena, o que já é justamente considerado o Espectáculo do Ano em Guimarães, pelo menos se atendermos à crítica mais facciosa e que temos devidamente corrompida. Recusando ano após ano, convites que chagam ininterruptamente aos nossos faxes e telexes, desde a ópera de Sidney, Hollywood, Sherwood, Woodstock, sem falar na Broadway, é um nunca acabar de solicitações e propostas para aliciar as nossas vedetas.
Estamos assim completamente encostados à parede e este ano os “cachets” a pagar aos artistas ultrapassam largamente os mais espantosos orçamentos do cinema americano, nem com ameaças de substituição por actores como Roberto do Nilo (Egípcio) Jonh Tokobich (Búlgaro), Nukku Reeves (Irlandês), Harrison Fiat (Italiano) ou Arnaldo Schwarzenbrink (Tirolês) que sairiam bem menos caros, tivemos sorte. Já para não falar no guarda-roupa todo encomendado ao estilista luso-janponês Ambrósio Hara-Kiri. Enfim, despesas, despesas, despesas, o que vale a portagem e baratá para assistir a este evento.
Está já tudo a postos e a ensaiar os seus papéis, imaginando eu que a maior parte se fecha nas casas-de-banho a ensaiar em voz alta, para espanto de filhos e esposas, habituadas a sons de outra natureza vindos dessas paragens.
Com direcção de actores, encenação, cenografia, luminotécnia, sonoplastia, banda sonora original, argumento, coreografia, limpezas de bastidores, guarda-roupa, produção, realização, bilheteira, caça ao mecenato e demais pormenores a cargos dos próprios, nada pode correr mal, se correr, quem se trama nesta trama é o respeitável público que nos tem distinguido com a sua fiel presença e aplauso caridoso. Esperamos merecer o sacrifício das gentes Vimaranenses. Temos ainda de realçar, para que sirva de desculpa se algo correr mal, que este ano devido a interrupção na actividade do Teatro Jordão, nosso palco natural, estaremos em regime de adaptação a novo espaço cénico, o que é sempre difícil para actores da craveira que nos é sobejamente reconhecida pela quantidade de legumes que o público entusiasticamente deposita no palco, pensamos nós que a titulo de reconhecimento…
Um autêntico mosaico de emoções, qual telenovela mexicana, é o que iremos provocar no espectadores, de quem se diz já, terem aqui descoberto o remédio perfeito para insónias e outras perturbações oníricas. Já nada os pode parar. Compareçam, assistam, participem, honrem-nos com a vossa presença e o pagamento do respectivo bilhetinho.
Podemos garantir desde já a comparência confirmada de alguns personagens históricos, que irão confrontar a Guimarães e o Portugal de hoje com o de antigamente, e a de alguns dos melhores cantores e bailarinos do panorama internacional.
Não percam. (Sobretudo a paciência...)


Baile do Reumático – Ceia Dançante – dia 7 de Dezembro

Na impossibilidade de contratar o Joaquim Abrunheira e os Antimónios, com compromisso anteriormente firmado com o Festival de Música em nagasaki, temos o melhor conjunto de “musicol” dos Fifties, que nos vai ajudar a despedir em beleza das Festas deste ano. Temos confirmadas as presenças do guarda costas (e frentes) e a todos os Nicolinos, que já são completamente viciados neste bailareco. Não será preciso acrescentar muito mais, nos bailes geralmente dança-se, e neste também. Danças de todas as formas e feitios, desde os estilos mais vigorosos, tipo “estou cheio de pulgas” até aos mais fleumáticos, que quase dão a impressão de se estar a mover.
Com toda esta animação, as Festas Nicolinas estão já muito perto do “bye, bye Brasil”, e já estamos a sentir um bichinho a roer, é a Saudade. O Tempo volta prá frente. Em 95 há mais, da mesma maneira e nos mesmo sítios, que connosco não há histórias. Por falar em histórias, vou contar-lhes uma das histórias de um dos últimos bailes. Estava Maria posta em sossego, quando a ela se chega com andar gingão e caracol cheio de gel o José Mário, atirando de imediato: - A menina dança? Pela forma com aMaria lhe partiu uma cadeira nas ventas, o J. Mário, conhecido estralhaçador de corações, ficou com leve impressão que não teria agradado. Nisto, do outro lado da sala, o Jacó ex-Comando e actual namorado, atravessa o recinto com intenções criminosas no olhar e brinda o J. Mário com um directo à penca.
O silêncio era agora total (conseguia-se ouvir o que toda a gente pensava) quando o J. Mário, vagamente combalido se levanta e avança para o Jacó com os olhos raiados de sangue (olhos raiados de sangue, ganda pérola literária) e de Magnum 357 na mão, lhe pergunta: - Ó caramelo! Isso foi a sério???! – ao que o Jacó responde sacando de uma M-60 do bolo da camisa – É. Porquê? – e perante a admiração geral – descobriu-se o embuçado – era El-Rei de Portugal – e depois cantou-se o Fado (olha, olha, do que a gente se lembra…) e naquele ambiente de cortar à faca, (há ainda quem conserve algumas fatias) o J. Mário, com um enorme suspiro exclama: Ah! Ainda bem que é a sério. – e virando as costas remata – É que comigo ninguém brinca… e volta a música, ao mesmo tempo que a Maria abandona a Festa para ir ver uma cassete de vídeo a uma carrinha com decoração psicadélica onde se lia “Óleo Nidislóve”.
Assim termina o baile, e no regresso a casa, pelo meio das nieblas matinales decembrinas sentimos sempre um niquinho de mágoa pelo fim de mais umas Nicolinas, mas S. Nicolau é grande e não deixa de todos os anos cá voltar para o celebrarmos.
Um aviso final a todos os que com grande sacrifício se vão sentar mais um ano a esfregar os fundilhos nas cadeiras das escolas. Reclamem salários condignos, onde é que já se viu, os alunos não receberem ao fim do mês algum, para levar as partenaires às matinées, para tabaco, para bilhar e outras actividades igualmente intelectualmente desgastantes. É um escândalo! Os prof’s estão sempre a fazer greves, a dizer mal dos governos, a fazer birrinhas e ganham bem e não chumbam por faltas. O Zé que é obrigado a aprender nem que não queira, não chora nem quinhentóis para o café???!! Está mal, muito mal. Levantem-se! Organizem-se! Se quiserem um curso rápido de terrorismo, há um na Associação Comercial de Travassós de Cima, financiado pelo Fundo Social Europeu. É baril. Esses xungas deviam ter vergonha e criar a todo o vapor uma linha de crédito para os alunos entre os 10 e 15 valores, (os que tem menos não merecem, e os que tem mais não tem tempo para o gastar), ó P. M. de Portugal, convence lá o Cadroga a mandar algum a fundo perdido. E assim com estes momentos finais altamente pedinchantes vos mando um grande abraço e votos de sucesso.
S. Nicolau e Minerva vos ajudem.
Este ano vai ser o mais rasgativo, o mais grisalhado, omais ripado e gastalhoso de sempre.
Toca a surfar daqui para fora.
Assina: O DO COSTUME
R. G.

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1996


INTRÓLITO OU PRELIMINARES

Avisam-se por esta única via, todos os interessados que as celebérrimas Festas Nicolinas já estão a encetar funções. Vimaranenses (não confundir com Guímaros), e demais habitantes desta laboriosa urbe, deixa-se aqui o alerta para o facto de a terrível Comissão de Festas Nicolinas estar já a atacar, em ruas, praças, avenidas, becos, casas de famílias, lupanares, tascos, indústria, comércio e grandes superfícies, para deitar a mão ao óbolo que permitirá mais uma vez erguer (que é a nossa actividade predilecta) o anual altar a S. Nicolau, nosso sempiterno Patrono nas altas esferas celestas.
Assim, e sem mais delongas vos solicitamos, a Vós castigadíssimos Pagadores de impostos, a Derrama Nicolina, a ser entregue em mãos dos Comissionistas (porque de tal se tratam) Nicolinos.
Na sequência de alguns séculos de repetição destas praxes e para não estafar o assunto, deixamos à iniciativa dos nossos Queridos Amigos, a presença nos locais e datas a seguir assinalados para com esses que os vermes hão-de comer, se documentarem na ilustre arte de bem se ser Nicolino. Contem connosco que nós contamos com a contribuição esforçada de V. Exas. Bem hajam!!!
Em resposta a um movimento de carácter marcadamente antidemocrático que impede (ou vai tentando) os fumadores de contribuírem para a Fazenda Nacional, declaramos apoio total a um movimento a criar, os Nicotinos Anónimos (N. A.) que reunirão em parte incerta e sem publicidade pois de Anónimos se tratam. Apelamos pois para os dependentes de Montecristos, Cohibas, Pagartas e outros, que telefonem para o 06969-696969 (chamada de valor acrescentado 7.853$00 + IVA por 1/3 de segundo) a fim de serem devidamente inscritos no Census – Nicotino 96.
Por último queremos aqui deixar a nossa contribuição para o programa referendo da SIC-TV, com algumas perguntas que urge fazer aos Portugueses. 1 – Gosta de pagar impostos? 2 – Gostaria de ganhar o Totoloto? 3 – Devem os políticos ser pagos? 4 – Deus existe? 5 – Acredita nos OVNI’s? 6 – E no Monstro de Loch Ness? 7 – E no Elliot Ness? 8 – Acha que as mulheres dos padres devem casar? 9 – Nesse caso quem celebra o casamento, o próprio marido? 10 – Acha que as televisões existem? 11 – acredita na Internet? 12 – Dantas ou Rangel qual deles tem razão?
Telefone já, a sua opinião importa. Se acha que sim marque SIM se acha que não marque NÃO.

NOTA – Sublinhamos que se trata apenas de uma consulta aos nossos Amigos e que não importa mesmo o resultado. Se me for possível aconselhá-lo diria mesmo para não perder tempo com estas merdas e dar um tiro no aparelho.


Programação Diária Nicolina


PINHEIRO – 29 DE Novembro (Hora de transmissão incerta mas provavelmente depois de mandar a janta pela traqueia abaixo).
Reunido o Conselho de Veteranos Nicolinos e a Direcção de programas da NTV – Televisão Nicolina, este ano o figurino da Noite do Pinheiro muda, a bem da popularidade e das audiências (que se tem mantido nas várias dezenas de milhares de espectadores live). Assim, deixa o Pinheiro de ser puxado por tracção bovina e vai ser trazido pelas Baionetes (esqueçam a parte em que se falava de tracção bovina p. f.), em vez de Minerva vem o Baião e a substituir as tradicionais bocas em cartazes, vem os Malucos do Siso. Para que a cultura popular seja ainda representada vai ser colocado um dístico de 15*15cm. Com uma figura do Zé Povo de Rafael Bordalo Pinheiro na ase do Pinheiro. Aguardamos que autorização para cobrir de látex o Pinheiro, para fazer publicidade subliminar aos riscos de contrair doenças modernas. Estamos reunidos numa intensa nuvem e fumo e em brainstorming agudo para ver se conseguimos também substituir os nicolinos por 14 figurantes pagos a serem filmados de ângulos e com câmaras diversas, a andar em círculos, o que obviamente poupará recursos. De qualquer forma o melhor mesmo é ir ver porque tudo isto pode não ser verdade e termos depois de desmentir o que aqui não confirmamos. Como última recomendação, e dado sabermos agora que a batalha de S. Mamede, não foi no campo do mesmo nome, e que se calhar Portugal nasceu em Marrocos, propomos que todos este evento tenha lugar em estúdio com convidados que a seguir se mencionam.


POSSES E MAGUSTO – 4 de Dezembro (à noite) transmissão em diferido por cabo e em canal codificado.
Correndo o risco de este Programa das Festas se transformar em tudo menos nisso, continuamos a sugerir alterações que nos parecem necessárias para que todos estes cenários resultem televisivamente. Pois então, a Comissão dita de Festas, que anualmente sai em bando a grunhir Posses e oferendas, como não é politicamente correcta e para além do mais integra fumadores vai ser impedida de circular e em sua vez teremos uma emissão do J. Machado Paz a versar sobre o grafismo do Kamasutra. Pode-se sempre mudar de canal, mas a verdade é algo de muito relativo e, se o Anthímio deixar, temo bem que nada nem ninguém seja capaz de cercear movimentos (cercear, bonito!) aos Encapados em Batina.
Iliteracia não é connosco. Posses para a Rua, JÁ!
By night…
Com o patrocínio de algumas caves de bagaçais famosos e tintos verdes autóctones, com a presença de alguns animadores de concursos e sem música Pumba (a dos Bombos), reunidos numa arena fechada, os Nicotinos e demais concidadãos vão desbaratar alguns centos de Castanhas em directo e ao vivo. Emissão aberta, casting na Adega do Quim, de hoje até a data.


PREGÃO – 5 de Dezembro (Praça de Santiago, depois do lusco-fusco)

Por meados da tarde e sempre com mira no nosso atento público, vai ser recitado o Pregão, o verdadeiro e único programa de informação que não vale perder. É verdadeiro porque é nosso, é único porque é anual. Este ano, a exemplo de anos decorridos, vai o autor espiolhar as vidas de ricos, famosos e poderosos. O destaque este ano vai para a situação actual do luso-pontapé, e estão já previstas intervenções “off” e “on-the-record” sobre os destinos de vacaciones preferidos de árbitros e “liners”, as contas “off-shore” dos dirigentes e, mais importante ainda para todos os apostadores do Totobola, os resultados antecipados de todos os jogos de futebol em território português até ao defeso de 1997 (de todos os escalões). Assim, vai ser destacada um escolta formidável de caixas e bombos para servirem de “capangas” ao Pregoeiro (o nosso “pivot” informativo). Garantido o anonimato da fonte desta informação privilegiada, podemos também acrescentar que se aguardam cerca de 34 espectadores ao vivo em todos os estádios e campos até ao final da época. O Pacheco fica e o Pimenta vai apresentar aos Sábados o sorteio dos árbitros em diferido, que é para dar tempo…


MAÇÃZINHAS E DANÇAS – 6 de Dezembro (Aqueles à tarde e estas à noite) Ver cartazes posteriormente
As Maçãzinhas, sendo à evidência um número ultrapassado vai de futuro ser feito pela Internet, ou correio electrónico devendo para tal consultar a nossa Homepage www\.meninas\à\janela.pt., enquanto tal apenas é virtual, temos mesmo que nos deslocar à Praça de Santiago para termos acesso on-line à função que é como a seguir se descreve: Meninas embalconadas, meninos enfarpelados, canas cabeludas de fitas ao alto, maças nas extremidades e troca de brindes. Música de fundo, ou sacra ou tecno, conforme se televeja meninas ou meninos.

Danças de S. Nicolau, em directo para todo o mundo, (inclusive a região Autónoma de Vizela, que o Engenheiro prometeu), com os nomes mais sonantes dos palcos e da música. O Script, mais uma vez promete muita alegria, cor e porrada e alguma Má-Língua (que segundo a OMS é neste momento a Língua de vaca Tresloucada)Neste caso particular, prevendo-se que a bilheteira possa esgotar, informamos poder aceitar reservas através do nosso Centro de Apoio a Nicolinos (projecto aprovado desde 1873 e em fase de execução devido a dificuldades orçamentais).
Se contudo nos der o benefício da certeza vão ver que é melhor.


BAILE NICOLINO – 7 de Dezembro

Antes do inevitável fecho da emissão e porque o Baile esta para as Nicolinas como o Hino para a TV, algumas considerações finais.
Propostas para a nova grelha televisiva da NTV.
Walt Disney – Novo lançamento em vídeo, versão remodelada do clássico Pinochio, com o Grilo Marçal como protagonista.
Maiores de 78 – O Super Al Costa em a Guerra dos Mudos (versão adaptada do original com o côro da GNR de Socabem).
Lotação Esganada (Sessão Dupla) – O Engenheiro e as Regiões – seguido sem intervalo de – Guerra Norte-Sul – a batalha de Valongo.
Noite de sábado – Pig Show Shit – Com o porquinho Babe.
Matiné Infantil - a noite dos Mortos-Vivos mit Mariano Combo.
Vida Selvagem – Antonie Vitorino no papel de Gabriel Monjane – O gigante de Mozambique (falado em inglês).
Reality Show – A minha vida cura insónias – E. P. Coelho.
Os Proprietários da Pelota – Espaço de debate desportivo com a presença de todos os árbitros que não estejam em férias no estrangeiro.
Novela – Com os melhores actores mexico-venezuelanos, e dobragem de Português (falado no Brasil) para Esperanto e Servo-Croata. Patrocínio espaço Schengen.

Voltando ao baile e fecho das Nicolinas, e mandando a realidade virtual ás urtigas, aconselhamos vivamente a participação de todos os Nicolinos-dependentes, tem virtudes terapêuticas comprovadas, sendo de assinalar a redução de varizes, a perda de adiposidade ventral, benefícios fiscais vários, dedutível no IRS, leveza assinalável ao nível gástrico, boa disposição natural sem recurso a hipnóticos e sadia convivência entre gerações distintas, quer no género quer no porte.
Termino pois este texto integralmente escrito sob a hipnótica e perniciosa vivos e o Vitória de Guimarães se transforme urgentemente numa Sociedade de Time-Sharing em parceria com APAF. Se não me levarem a mal gostaria que alguém me desse o contacto daquele clube que consegue descontos em viagens, pois a continuar assim a melhor solução é emigrar, regressando periodicamente entre 29 de Novembro e 7 de Dezembro para respirara o único período de vida normal que me é dado conhecer. Aos que se derem ao trabalho se ler este pedaço de papel, e antes de puxarem o autoclismo, deixo uma mensagem de esperança. Onde pára a IURD?
Nicolau é grande vela por nós, os que ainda assentam o casqueiro nos bancos da escola e os demais, se se portarem bem. Um grande abraço do Vosso Amigo de Sempre, R. G.

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1997


MANUAL DO PERFEITO NICOLINO
Na senda gloriosa de gestas passadas, e com raiz no conhecido livro da Perfeiçam das Armas, queremos aqui dar aos Amigos Vimaranenses informação útil para a época festiva que se avizinha. O que é um Nicolino? Perguntar-se-ão V. Exas carregados de incertezas, como se distingue no meio da fauna autóctone? Que características peculiares fazem desta espécie um ícone ímpar no panorama académico-festejante português? Tudo excelentes perguntas (ou não as fizesse eu por vós…) às quais não vou dar resposta. Porquê? Porque neste “milieu” de contornos difusos cujas memórias se perdem nos tempos, há uma aura de mistério que convém não desvendar. Esotéricos, herméticos, ritos iniciáticos inconfessáveis levam a que anualmente, por volta do primeiro cair da folhas, se agreguem em pedinchante assembleia o já chamado Grupo dos Dez. A Comissão de Festas Nicolinas, que tem por missão, proceder à colecta mínima dos Vimaranenses para com este imposto encapotado realizarem as hiperbólicas Festas Nicolinas dos Estudantes de Guimarães. Pois atenção comércio e indústria, simples passantes e curiosos, guardem as vossas filhas e sopeiras que eles andam por aí. São bons, são os melhores, trajam capa e batina, como homens que são. Importante mesmo é não confundir com umas aves de arribação que vestem (que não é o mesmo que trajar) calças de golfe e andam com um capacete de três antenas… na melhor escola X-Files.
Bem deixemos estas merdas de lado e passemos a apresentar os números das Festas, sim, porque esses é que são o núcleo atómico da Tradição Nicolina.

Nota de Rodapé – Nunca soube porque é que estas notas são de rodapé.

Apontamento Cultural – HAMLET. There are more things in heaven and earth, Horatio, Than are dreamt of in your philosophy.
Hamlet: 1:5 – WILLIAM SHAKESPEARE


PINHEIRO – Noite e desfile do enterro do…
29 de Novembro – Prime Time – Live
O Pinheiro é, como o próprio nome indica um vegetal, mais concretamente um Pinus, da variedade Pinea, que são árvores mais ou menos majestosas, que dão pinhas, o que seria bom ver suceder nas nossas escolas que produzem, não pinha mas grandes cepos. Culpa sem dúvida às quatrocentas e sete mil reformas educativas que foram sendo introduzidas neste nosso jardim à beira mar. Ora para grande felicidade dos nicolinos, o dia 29 de Dezembro faz amesendar e aparelhar alfaias comensais, em todo o tasco, boteco, taberna ou ristorante cá do burgo, a melhor selecção dos filhos de Guimarães espalhados pelo mundo e Vizela, para com a costumada força da baqueta, acompanharem o símbolo de vigência das Festas à sua morada final, o Campo da Feira. Esta escolta que reúne os melhores executantes, as caixas e bombos, procede com tamanho empenho ao massacre das peles que em resultado, o estrondoso já foi captado em Vladivostok (Sibéria) e erroneamente interpretado como uma nova catástrofe vulcânica em Maui ou o reatar dos testes atómicos franceses em Muroroa. Engano. Não conhecem a Fúria Nicolina, em celebrar o regresso do reinado do Nicolau, Bispo de Mira e patrono Santo, não só dos estudantes mas e marinheiros, comerciantes e ladrões.
Entre muito e cagaçal e bagaçal passa a caravana e os cães não ladram porque em respeito, coisa que já vai escasseando até ao apito final com o nosso milenar acto de erguer o mastro com a mestria e cagança que é divisa sempiterna do Estudante Nicolino. Função imperdível e incomparável.


POSSES E MAGUSTO – 4 de Dezembro
Avenidas, Ruas, Travessas e Becos da Cidade pela noitinha,
MAGUSTO na Praça de Santiago
O Pregão maravilha das maravilhas, o Texto por excelência, a comunicação social sem idade, a vergonha dos poderosos, o temor dos corruptos, flagelo dos imorais, a crónica de costumes mais fidedigna desde sempre. Recitado por hercúleo esforço larinjo-faringico do Pregoeiro, herói desta jornada, com aveludamento das cordas vocais com infusões de Vinho do Porto, antecedido por repasto obrigatório de mioleira de cabrito (que se mantém, ainda e sempre, imune aos famigerados priões da BSE).
Como é conhecido de todos, a prática repetida desta exposição pública dos vícios privados da sociedade gera sempre alguns contratempos entre os menos honestos, que se vem ciclicamente obrigados a partir para climas mais amenos e de associação criminosa mais fácil. Temos informações seguras que quer o Cartel de Cali, o Triângulo Dourado e suas ramificações com tríades chinesas, na Camorra Napolitana, a Mafia Siciliana, estão com enviados especiais a este número Nicolino para colherem informações sobre eventuais recrutas para as suas fileiras, portanto, e se me é permitido o conselho, portem-se bem, ou melhor pareçam bem.


MAÇÃZINHAS – 6 de Dezembro – à tarde
Praça de Santiago
O Romantismo revisitado, a tradicional e simpática dialéctica de não há muitos anos, rapaz apeado, menina que estás à janela. As maçãzinhas, como parte de um antigo bodo que era atribuído aos estudantes coreiros pela Freguesia de Urgeses (o dízimo) era evidentemente pago em géneros, dos que se destacavam as maçãzinhas, pomo de dimensões bastante inferiores aos exemplares quotidianamente apregoados pelas grandes superfícies, que são é verdade, maiores e mais bonitos, mas geralmente insípidos e sem a alegria de neles se encontrar o símbolo máximo de qualidade na fruta: o bicho. De nada mais se trata do que, com ajuda de uma lança, uma cana e um ajudante, trocar com as meninas, essa pequena maça, por uma oferta, que pode variar entre a inocente promessa de amor imorredoiro até aos manuais técnicos contraceptivos e versões actualizadas do celebérrimo Kama Sutra (cuja tradução para português de Portugal é “Come-se outra”).
Entre casamentos forçados e arranjados, vários desgostos de amor, muito cabelo arrancado e ranger de dentes, os Românticos Nicolinos vão, na ponta da lança levando a tradição. Juízo… muito juízo.
Um muito especial apelo aos mancebos e moçoilas para que ao perpetuarem esta função, não se preocupem demais em perpetuar a espécie… atenção às doenças modernas. Ora como as demais funções Nicolinas, o retrato escrito levaria centenas de páginas e horas a descrever, portanto. Vão ver.



DANÇAS DE S. NICOLAU – 6 de Dezembro - `noite
Auditório da Universidade do Minho
Em casa emprestada, pois o nosso palco predilecto, o Teatro Jordão encontra-se interdito pela Federação do Teatro, por motivos que obviamente radicam na interioridade geográfica de Guimarães e pelo excessivo centralismo que se verifica nas mais altas esferas do Ministério, que parece ter como princípio que tudo não esteja no Porto, ou de preferência em Lisboa, não existe. Assim, passamos a ter um dos melhores espaços para teatro e cinema, um dos melhores palcos do país com existência perfeitamente up-to-date, quer dizer, existência virtual. Mas, o que é verdade é que as Danças não podem parar, “the show must go on, no mather what…” e o que são as Danças. Para melhor responder, vamo-nos socorrer das inúmeras nomeações para os Tony, e mesmo algumas para os Oscares que são já habituais, quer para os actores, quer para os encenadores, guionistas e demais colaboradores, chegando mesmo na edição de 84 a verificar-se a nomeação da senhora da limpeza, pois cumpria o seu papel com tal realismo que comoveu o júri. Pois as Danças, espectáculo de luz, cor, som, alegria, levado ao palco por alguns dos Velhos mais Velhos e dos Novos mais Novos. O estilo é de sempre, o melhor e a qualidade indesmentível, ou não fossem estes os mais escolhidos representantes da arte de bem representar, a quiçá, de cavalgar a toda a sela, está aqui. Desde a novela mexicana, passando pela infra-cultura pimba, pelos programas de lavagem cerebral tipo TV de Sábado à noite, pela melhor literatura, pelo recurso aos clássicos desde Èsquilo até Misha, veremos mais uma vez se estes são ou não sã os nossos melhores.
As receitas revertem a favor do Fundo de Reconstrução da Capela de S. Nicolau. Contribua com a sua presença… mas tome banho primeiro.


BAILE DAS NICOLINAS – 7 de Dezembro
Restaurante Jordão
The final curtain… o proverbial The END, ou para ser mais preciso o… TO BE CONTINUED, ao som da música, em fato melhorado e com presença feminina significativamente.
Não sendo um número dos primeiros, tem lugar certo no coração dos bailarinos, dos amantes da música revivalista, sim, porque este é o Baile da Saudade, onde se atira para o cabide a artrose e as varizes para dar a conhecer as revoluções por minuto de que são capazes os verdadeiros Nicolinos quando nos tablados. Ao som de passo-dobles, cha-cha-cha’s, can-can’s, tangos, rumbas, salsas, merengues, samba, roca sinfónico, heavy metal, trash, hard-core, acid, house, tecno, beat, baladas meladas, pimba music, folklore, ballet, tap dance, ritmos afro, valsas e calipsos e demais formas de chocalhar o esqueleto vamos todos fazer a dança do adeus, o voltar de mais uma página neste livro Nicolino, de tantos e tão gloriosos momentos.
Ao som da orquestra que fenece e enlevados pelas bolhas do champagne podemos assim, dedicar o resto do ano a tarefas mais comezinhas e modorrentas, mas nunca, nunca mesmo deixar cair o sentir da Tradição e o nosso obrigado de sempre a S. Nicolau, que nas altas esferas dos acampamentos do Grande Manitou nos representa e protege.
Por último e com sempre as habituais recomendações de conduta aos nossos jovens que esfregam copiosamente as nádegas dos madeiros das escolas para que aprendam alguma coisa, não há saber inútil, o que há às vezes são inúteis que sabem muita coisa.


RECOMENDAÇÕES
1 – TRAVEL GUIDE – Se forem jantar ao Ritz a Paris, Tenham cuidado com o motorista… na Bélgica nunca peçam miúdos de frango…

2 – SAFE SEX – Como medida profilática no combate a doenças venéreas, tenham em atenção o seguinte e cumpram-no escrupulosamente; nas casas de banho, nunca se sentem sem se certificarem que o outro já se levantou, na dúvida tomem banho de gabardina, não se dispam na presença de estranhos, sobretudo se estes já se encontrarem sem roupa.

3 – GUIA TV – prefiram os programas culturais, evitem assistir a programas violentos tipo Baião, está em curso um estudo numa Universidade Vietnamita que associa o visionamento deste programa com um perigoso síndroma satilante para o qual não se conhece cura.

Por último recomenda-se cautelas a caldos de galinha e empenho no contacto com civilizações extraterrestres e a entrega de Vizela à Jiad Islâmica ou a sua imediata autodeterminação e posterior integração nas Ilhas Falkland.

A bem da ração,

Vosso Amigo de Sempre, directamente da cela 8 do Conde Ferreira,
Moi Même

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS DE 1998
A dois anos do Milennium

INTRODUÇÃO
Termo também usado para definir a utilidade prática do Viagra.

Nicolinos. Mais um ano se passou, e este ano, para grande felicidade de todos, conseguimos um guarda-chuva para o nosso Santo, feito assinalável, se bem, que com as condicionantes espaciais do local damos também graças pelo facto de a imagem do nosso Santo não ter sido representada de braços abertos, pois senão… não cabia na Capela. Abrigado o Santo, temos pois todos que abrir os cordões à bolsa pois a obra custa dinheiro e os empreiteiros não vivem de indulgências futuras nem de milagres passados. Ora toca a flagelar os contribuintes da orgulhosa tribo dos Vímaros com mais um Derrama Nicolina a ser expendida em pedra, cal e telha na Capela de S. Nicolau. Para isso, mandamos reunir como já é hábito uma Comissão que, de porta em porta, chova ou faça sol, há-de reunir alguns Euros para abater ao passivo.
Mas porque de actualidades se trata, deixem-me ver dizer-vos que até se esbarram os temas, isto é que tem sido um ano… Vizela, Ah! Vizela… que dizer somos um exemplo para o Mundo, nestes tempos em que se sofre do Kosovo a Timor, Guimarães, do alto da sua majestática grandeza, com galhardia e bravura, concedeu, sem um lamento, a autodeterminação a Vizela. Muito em! A terra a quem a trabalha! Olá!
Mas, enquanto nos Paços do Conselho (agora escolhido) se dormia a sono solto neste matéria, não dormiam a bela Mónica e o Presidente. A questão mantém-se actual, era cubano o charuto? Se era, temos “impeachment”, por furar o embargo a Cuba, se não, confirma-se a minha teoria, que o homem não tem gosto para charutos nem para mulheres, apesar de tudo indicar que as estagiárias a Casa Branca, são efectivamente escolhidas a dedo. A Expo fechou. Quem dá de comer aos peixes agora? As vacas voltam a enlouquecer, será coincidência? O Saramago ganha o Nobel, Parabéns! De Lanzarote para o Mundo.
E assim, como nem tudo são refrescos tivemos a notícia que nalguma coisa não somos os primeiros, estamos em 15 no Top dos Países mais corruptos, de certeza que alguém foi subornado, senão estávamos em primeiro, até porque se sabe agora que esse vírus apanha-se pelas estradas.
Finalmente (como diz o Artur Jorge)… há mais de um ano que fazem fontes em Guimarães.
Vamos então entrar no mais conhecido como:


PINHEIRO – Noite e desfile do enterro do…
29 de Novembro – Prime Time - Live

A fazer fé em teorias de causalidade e interligação universal, do género, um chinês espirra em Pequim e a Bolsa desce em Lisboa, também, no próximo dia 29 de Novembro, pelas 23 horas GMT (Meridiano de Greenwich), o mesmo chinês, vai sentir uma trepidação anormal nos tomates, e, após se ter certificado que a embalagem de Viagra está intacta, contacta o Instituto de Sismografia de Xangai, que imediatamente lhe comunica um tremor de causas desconhecidas com epicentro em Guimarães – Portugal.
Ora do que é sabemos nós. São os Nicolinos em deslocação a acompanhar o Pinheiro, qual manada de bisontes enraivecida, que por entre peles mais e menos esticadas, se diverte e reencontra. Assim, de todas as casas, tascas, botecos, restaurantes, lupanares, tabernas, pub’s e salas de jantar mais ou menos privadas saem em grandes bandos, Nicolinos armados até aos dentes, para fazer escolta ao mastro anunciador das Festas, que será enterrado em domicílio certo e conhecido no Campo da Feira. Temos dito.


POSSES – 4 de Dezembro

Agrupados em quadrado, a Ala dos nicolinos, vai sair por ruas e praças da cidade a pedir a tradicional Posse, oferta de beneméritos, que, enganados com a juventude destes pedinchas, dá geralmente nozes a quem não tem dentes. E cada vez mais os refrigerantes ganham terrenos aos derivados da uva, quer fermentados, quer destilados, estamos condenados qualquer dia a ter um neto à mesa a comer rojões regados com 7up, mas c’est la vie…
Assim, em cada paragem, para aliviar o frio decembrino, em coro e convenientemente desafinados acordam as pombas e outros passarocos com o grito habitual de Venha a Posse! E, para espanto de uma pequena multidão de mais de três pessoas que acompanha o cortejo, incluindo um cão com cinco patas, os ofertantes descem da sacada um Cabaz alimentício cujo valor calórico e teor alcoólico fariam fugir a sete pés qualquer paciente do Tallon. Destinado a aliviar a tripa dos Comissionistas, vai montar-se um baquete de urgência, onde se desintegrarão todas as vitualhas e nectares reunidos nesta lide.


PREGÃO – 5 de Dezembro

Por não existir tal coisa como um Nicolino de aviário, é do conhecimento geral que deve antes desta função ser servido ao Pregoeiro um prato de fumegantes miolos de cabrito, moda que esteve quase a desaparecer quando um famoso ex-ministro deu mal o exemplo e enfardou ao vivo um molho de mioleira de vaca louca, que, se calhar, lhe fez mesmo mal.
Antes deste repasto, porém, tem o próprio Pregoeiro que fritar os seus próprios miolos a decorar centena e meia de alexandrinos para os debitar em público e contando apenas com a força da traqueia. (Não confundir com a força do traque). O Pregão deste ano, na tradição honrosa de muitas destas comunicações aos Pais, vai conter revelações bombásticas, de entre as quais avulta a descoberta do Viagra em supositórios destinado à comunidade gay. Entre notícias de choque e referências às contas bancárias no exterior de alguns políticos influentes, vai o autor deste hercúleo pergaminho por a nu todos os podres do sistema. É portanto indispensável a comparência neste dia, se possível acompanhado de representante legal e de passagens aérea para qualquer paraíso fiscal.


MAÇÃZINHAS – 6 de Dezembro

Número central das Festas, a celebração do embate entre sexos (diferentes) com recurso a técnicas elaboradas recuperadas da tradição medieval de bem cortejar. Depois de se encontrarem donzelas, condição feminina que a acção do tempo se encarrega de progressivamente extinguir, e mancebos que juntamente com o tempo e algumas vontade o fazem, depois ainda de requisitas todas as sacadas, varandas, balcões, janelas, frestas e seteiras da Praça de Santiago passa-se o que a seguir se retrata.
O elemento feminino, que já não se distingue pelo comprimento dos cabelos, coloca-se estrategicamente nas posições acima descritas a esperar pelo magnífico cortejo dos galantes, garbosos e babosos rapazes que lhes vem fazer a oferta. De regresso por algumas horas a um economia de troca, os cavaleiros Nicolinos, de lança em punho, fazem subir às sacadas a famosa maçãzinha, fruto que não tendo o calibre aprovado pelos burocratas de Bruxelas, se destina exclusivamente a esta função. Fruto este que sendo o do pecado original é aceite e em retribuição as meninas fazem descer prendinhas daquilo que lhes vai na alma. Este ano, há dois factos novos, já com a novíssima Capela de S. Nicolau inaugurada pela manhã, os Velhos participam também neste número, o que trará alguma mais valia ao cortejo, pelo menos em colesterol e varizes. Assim, sendo aqui fica o apelo para a comparência de todos.


DANÇAS DE S. NICOLAU – 6 de Dezembro à noite
Auditório da universidade do Minho

Cumprido que estará nesta data o compromisso assumido pelos Nicolinos de neste espectáculo se conseguir verba e vontade política para a reconstrução da Capela de S. Nicolau, mais uma vez toca a reunir uma selecção dos melhores artistas que alguma vez por estas bandas se viram.
Depois de ensaios de quase um ano, de muito mel e sumo de limão para os cantores, de trabalho apurado de encenação, coreografia de vanguarda, música de intervenção cirúrgica, humor caustico e boa vontade de um público fiel, mais uma vez um palco vimaranense (que não nos faz esquecer o Teatro Jordão) recebe o que está para a arte de representar como a farinha para o pão.
Entre pois V.Exas no Maior Espectáculo do Mundo e passe um par de horas bem passado, em alternativa e ter de comer um prato de amendoins e duas cervejolas a olhar com olhos vítreos e cérebro em off-line para a programação da TV. Se for daqueles que não consegue arrancar a peida do sofá, então deixe-se estar eu também não nos faz falta.
A crítica é unanime, ninguém é o mesmo antes e depois de umas Danças e S. Nicolau (é de certeza duas horas mais velho).
Recomenda-se pois a todos esta noite.


BAILE DA SAUDADE – 7 de Dezembro

Com os olhos rasos de lágrimas, andar alquebrado, pingo no nariz e respiração entrecotada… não de tristeza mas de gripe… entra o Zé no Baile acompanhado da Maria.
E durante algumas poucas horas, entre comes, bebes e alegre e experimentada técnica dançante, vão os últimos dos residentes Nicolinos dar o Até Breve às Festas.
Com música da melhor, companhia seleccionada e vontade de para o ano continuar, até às tantas da matina vamos desconjuntar o esqueleto e aliviar a bílis.
Tendo sido cumprido o triste fado de auto-determinar Vizela, e sem mais o que fazer aqui, acho que vou pegar novamente no cinzel e no esporo e vou acampar mais um mês a Foz de Côa, como já fiz há uns anos. Hehehehe! Entretanto a todos aqueles cujo prazo de validade obriga ainda a frequentar as casas de ensino deixo algumas recomendações:
Não se cansem, na possibilidade sempre real de poderem vir a ser homens e mulheres de sucesso através de muito estudo e canseira, prefiram a carreira política, dá mais e custa menos. Ou como eles próprios os dizem, é muito gratificante servir a causa pública, que é diverso de entregar-se à coisa em público, que dá cadeia. Assim, com grande esperança e fervor Nicolino, vos deixo mais um pequeno chorrilho de asneiras que apesar de escrito sem recurso a hipnóticos ou esteróides cerebrais, não atesta contudo do perfeito acabamento e arrumação da minha massa cinzenta.
Um grande abraço deste que tanto vos estima,

Directamente da cela 9 da Casa Amarela
Vosso Amigo RG




ROUBALHEIRAS
Data e hora incerta, não vão as vítimas estarem atentas!!!

Como o próprio nome não indica, esta não é função adstrita a altos quadros de empresas públicas e quejandas, é sim, o sadio revier de uma tradição que alguns facinoras mal-intencionados se encarregaram de extinguir por excesso de Zelo! Não se tratará decerto deste caso a aconselham-se todos a terem alguma paciência e presença de espírito quando confrontados com a possível falta de bem ao luar. No caso de extravio de posses, por favor contactar a Comissão de Festas Nicolinas antes de se dirigirem às autoridades incompetentes. Gratos por tudo.

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 1999


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas ’99 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o Cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma.
Por último, mas não menos importante, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, viverem e gozarem, de forma saudável, todos os números das Festas Nicolinas. Neste particular, as Maçãzinhas, a Comissão apela à participação activa dos estudantes neste importante número Nicolino, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.


POR TIMOR LIVRE

INTRODUÇÃO

Por integração mo Direito Positivo Português da Directiva Comunitária que regula o calibre dos tomates e a formação de Comissões Executivas, Não-Executivas, Delegadas e Afins, que aqui nos abstemos de transpor na íntegra, damos a conhecer ao Público em geral, e aos Vimaranenses em particular, que se encontra empossada e activa na busca, a Versão Revista e Actualizada da Comissão de Festas Nicolinas, que tem como objectivo fazer entrar no Ano 2000 o Pinheiro erecto! Para tal conta como sempre com a dádiva interessada do Comércio, indústria, Agricultura e Pescas e demais contribuintes, assim como todos aqueles que não pagando impostos cem acumulando o seu pecúlio. A todos bem hajam!
No dealbar (como é bom não sofrer de ileteracia, essa praga que assola o Sistema de Ensino, e que sucessivas desinfestações ministeriais não conseguiram exterminar) dizia eu, no dealbar do ano2002, assistimos a algumas manifestações apocalípticas, que embora não descritas no último Livro do Antigo Testamento, fazem as delícias e a fortuna de algumas seitas milenaristas, das quais destaco o Sporting cuja massa associativa está já há alguns anos à beira do suicídio colectivo.
Acautelai-vos pois ò incautos! Comprai indulgências, inundai os cultos, arrependei-vos que o fim está próximo. A certeza de que vamos entrar numa nova era não me abandona, as teorias da conspiração mais fiáveis indica, com pequena margem de erro, que o Big Show é uma antevisão do inferno (as bailarinas são travestis), o FCP ganhou o Penta (o Pentagrama e o Dragão ao Apocalipse), a Indonésia vai a caminho da Democracia (ah, ah, ah…) e Portugal vai ter mais quatro anos de purgatório debaixo de Catecismo de Cabido de S. Bento.
Mas, como é comum a todas as Profecias, o destino está nas nossas mãos, e se as Testemunhas de Jeová juram em juízo que só se salvam 40.000, temos o mesmo direito de dizer que só se salvam os Nicolinos, porque são bons e merecem! S. Nicolau velerá por nós.
Assim sendo e para terminar, desejo a todos um Feliz Ano Novo.
Viva S. Nicolau!!!
E vamos entrar no programa das Festas propriamente ditas.


PINHEIRO
29 DE NOVEMBRO – DO CANO ATÉ S. GUALTER
Senhores, o estrondoso é tal que até os mortos dançam nas tumbas. A deslocação de ar provocada pela passagem dos Nicolinos em fúria, foi identificada neste ano como um dos fenómenos que mais contribuíram ara os sucessivos furacões e ciclones que assolam ciclicamente as costas caribenhas. Somos o El Niño da Europa Ocidental. Mais pedagogicamente, estava tentado a explicar o que efectivamente se vai passar neste número de Festas, mas como o melhor é estar do que saber, vou apenas dar algumas dicas ao passante. Ao turista acidental deixo o seguinte aviso, se quer dormir em Guimarães, o melhor é marcar quarto no Gonça Hilton, porque os hotéis do centro… nem pó. A trepidação das paredes será tal que evitará uso de Viagra aos mais necessitados. O desfile que acompanha o digníssimo e portentoso vegetal à sua última morada antes de ir engrossar os stocks dos industriais de paços de Ferreira, é como sempre constituído por uma força de elite, especializada no manuseamento de armas pelagíneas, que em conjunto causam mais devastação do que a famosa Bomba Antónia. São o Ghurkas portugueses, muito melhores e muito mais lindos. Vão ver que o cenário desta batalha é épico, desde Aníbal que as aras se não faziam transportar por bestas de tal porte, os bovinos barrosões que, libertos geneticamente da encefalopatia espongiforme são aríetes letais.
Mas descrições à parte esperemos que a Sociedade Protectora dos Animais, não faça aprovar numa qualquer Comarca do Alentejo, uma providência cautelar a impedir a realização deste majestoso evento por traumas emocionais nos passarinhos, pardelhos e abetardas do Toural.
Estarei lá, esteja você também!


NOVENAS DE AZUREI
1 A 7 DE DEZEMBRO – CAPELA DE S. NICOLAU
porque nem só do profano vivem as Festas, aqui se presta tributo ao Santo. Em horas que os outros dormem oram os Nicolinos.


POSSES E MAGUSTO
4 DE DEZEMBRO – RUAS E PRAÇAS DA CIDADE À NOITE
Empunhando com guilhardia a Centenar tradição Nicolina e o proverbial apetite da gentes Minhotas, esta é a noite d pedinchar e dar ao dente, juntando a fome à vontade de comer. Por trajectos antigos com sentido de orientação apurado por séculos de apuramento da raça, vai a sempre imprevisível Comissão de Festas Nicolinas angariar junto de benfeitores de morada certa e domicílio conhecido, a posse.
Pois o que é a Posse (?), segundo um manuscrito antigo recuperado numa famosa estação arqueológica de Abação, a posse não existe, nunca existiu e provavelmente trata-se apenas de um caso de histeria colectiva que provoca um surto de fome e sede num grupo de risco determinado.
Depois de exaustivamente explanado e dissecado o conteúdo da função, o que, estamos certos irá contribuir decisivamente para o vosso sucesso pessoal e profissional no futuro, resta-nos aconselhar V. Exas, a largarem as pantufas e acompanharem a banda até ao estertor final na Praça de Santiago onde alguns milheiros de sementes de nogueira vão ser deglutidas e empurradas com o melhor produto de alambiques e destilarias clandestinas. Anti-ácidos a postos, boa comissão e melhor comissão (comissão percebem   ).


PREGÃO
5 DE DEZEMBRO – RUAS E PRAÇAS DA CIDADE À TARDE

O coração das Festas, a sempiterna celebração dos ritos de acasalamento da espécie, mais uma vez com hora e lugar marcado. Algo que é, e permanece imutável, dentro das manifestações académico-culturais vimaranenses. Um espectáculo ímpar e imperdível, cuja raiz se perde nos tempos. Mas para sermos mais gráficos, passamos a descrever, Eles versus Elas, Eles que chegam, locomovidos a tracção mecânica ou cavalar, nos mais diferentes e por vezes absurdos disfarces, elas que se debruçam de varandas e janelas em pode de Estado. Chegados eles, com suas armas tradicionais, a cana onde pontificam Lanças Nicolinas, que são já objectos de culto e colecção como produto do artesanato latoeiro local, onde é espetada uma Maçã, sim senhores! Uma maçã que dó o nome à Festa. Ora é essa Maçãzinha que vai na ponta da Lança ser trocada por prendas e brindes que, conforme as boas ou mais suspeitas intenções pode originar vida humana à moda antiga. É de ver!


DANÇAS DE S. NICOLAU
6 DE DEZEMBRO – 21.30 HORAS – AUDITÓRIO DA U. M.
Nem vale a pena que já deve estar esgotado! E que melhor crítica do que o mercado? Sim, que nos interessa que as iluminárias da crítica nos diminuam, se o fizessem, seria por inveja ou muito provavelmente por não terem conseguido entrar. Digam mal, maldigam, mas a verdade nua e crua, pura e dura é que estes são os melhores actores do universo histriónico, que dizer, é um Clássico do show business vimaranense. Quem nunca viu não é de cá, ou se é não merece. A fina flor da meia-idade a competir com a adolescência num sadio e alegre momento de rara beleza estética (descontando o bigode de D. Muma). A maior Boys Band do Norte Carago! Debaixo do manto protector do Santo, se prova à exaustão que os portugueses não são um Povo saudoso e lacrimejante mas uma das mais nobres castas do sub continente europeu. Somos a Broadway portuguesa. E como sempre modestíssimos.
Subornem alguém e vão ver. E se na Natureza nada se perde, nada se cria tudo se transforma, este é o apogeu da metamorfose de pacatos e diligentes cidadãos em autênticos monstros da representação sem rede.


BAILE DO REUMÁTICO
7 DE DEZEMBRO
A trsite e inevitável hora do adeus sempre chega, e é esta para as últimas Nicolinas do Séc. XX, o que o futuro nos reserva, talvez Nicolau o saiba. Mas enquanto não estamos confinados a festejar as Nicolinas virtualmente e por meios mais ou menos cibernéticos, temos que, de carne e osso dar o corpo ao manifesto (se bem que é sempre preferível vender do que dar). É então da mais elementar justiça que se descreva aqui o que é o Baile das Nicolinas. O Baile é um dos certames mais bem sucedidos da prática de danças de salão ou não fossem os Nicolinos Nijinskys em potência. De tudo se pode apreciar, desde a valsa das cadeiras de tradição vienense, passando pelo tecno pelo house, rap, acid, hardcore, hardduto, hardmuito, foxtrot, quadrilha, baile mandado, minuete (é com E sim senhor), twist, rock, samba, salsa, lambada, merengue, danças tribais várias como a da chuva e a do vinho, o celebérrimo discosound, até às mais rebuscada práticas dançadeiras do cancioneiro galaco-minhoto, com exclusão do género pimba e nacional cançonetismo. Este ano vai-se dançar o Fado, porque a cantar já não há ninguém. O Fado foi para o Céu, que é o lugar que merece!
É entre suspiros, lamentos e outras escapadelas de ar menos recomendáveis se passa a mais um ano e intensa labuta, sem no entanto, em qualquer momento, deixarmos de ser quem somos, para voltarmos a ser quem éramos: NICOLINOS SEMPRE!


ROUBALHEIRA
SEM DIA NEM HORA MARCADA
Praxe eliminada por desnecessária, já que hoje a escola do crime está nas ruas, mais uma vez a Comissão de Festas faz de fiel depositária dos bens alheios por algumas horas, fazendo gala em expor aos respectivos proprietários no largo do Toural o produto do saque. Atentos todos!!!

FINALMENTE e porque este repositório de asneiras já vai muito muito além do que o decoro, a paciência e os limites da endurance no WC permitem, despeço-me com votos de muita saúde de corpo e espírito e boa disposição!

Viva S. Nicolau!
R. G: as usual

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 2000


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas’2000 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma, apelando ao cumprimento das orientações emanadas dos membros da Comissão.
Por último, mas não menos importantes, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, todos os números das seculares Festas Nicolinas. Neste particular, a Comissão apela à participação activa dos estudantes no importante número das Maçãzinhas, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.
O Presidente da Comissão das Festas Nicolinas’2000
Filipe Miguel Mendes Fernandes


BREVE COMUNICADO À POPULAÇÃO

Camaradas! Como há muito vínhamos prevendo… aconteceu o imprevisível. A verdadeira novela da vida real vai voltar para assolar ruas e praças do Vímaro burgo. Já nomeados os dez concorrentes que se apresentaram para fazer parte da justamente temida Comissão de Festas Nicolinas 2000, vamos agora observar atentamente, de qual laboratório sociológico se tratasse, da vida de uma das mais nobres e raras espécies do planeta: O Homo Niculinus. Sim, a prova definitiva de que Darwin estava parcialmente errado, e que, há uma pequena comunidade que não descende do macaco. Este é um ano particularmente grato para os antropólogos já que a par desta sensacional descoberta, também se encontrou o celebérrimo Elo Perdido entre o Macaco e o Homem: o Telmo!
É pois com grande alegria que anunciamos um peditório público cuja receita se destina a custear as Festas e dos milhões sobrantes se vai fazer oferta ao Smithsoniam Institute para posteriores estudos sobre o dito.
Pois preparem-se as carteiras, bolsas, cofres, cheques, vales de correio, letras aceites e avalizadas, livranças, cartões de crédito, certificados de aforro, carteiras de título e futuros para o habitual Dízimo Nicolino, a ser entregue pelos portadores do verdadeiro e único Traje Académico Vimaranense, a Capa e a Batina. Aceitamos Euros, mas preferimos Dolares.
Não poderia deixar de gravar neste já usual chorrilho de asneiras uma mensagem séria, para quando um Monumento aos Estudantes e à Tradição Nicolina???, temos autor, temos projecto, só faltam mesmo é tomates!!! Ele há Intifadas por muito menos.
Seja S. Nicolau com V. Exas. Se assim fizerem por merecê-lo.


PINHEIRO
29 DE NOVEMBRO (depois da Ceia)
O Pinheiro, que mais dizer desse hiperbólico e portentoso vegetal, o Rei do Verde Minho (que escapando corajosamente e quase por milagre de Nicolau a inúmeras queimadas e fogos-postos), aqui se dá por presente, para dar o remate inicial aos Festejos Académicos mais venerados, vetustos e cantados da historiografia Mundial.
Das sete partidas do Mundo, e nas mais dispares formas de locomoção lento despertar e o sentido migratório dos Nicolinos os fazem rumar a Guimarães, epicentro desta primeira fase da trama, que se destina a fazer saber ao Mundo que a mais Portuguesa das Cidades (ou não fosse a primeira de Portugal), também dispõe de um arsenal que faz tremer as grandes potências Mundiais, o míssil balístico P2000, e o Exército do S. Nicolau, cujo poderio se fica a dever ao desenvolvimento de décadas de estudo do efeito dos ultra-sons provocado pelo maior ajuntamento de que há registo de instrumentos de percussão a pele. Este fenómeno que tem sido acompanhado por várias universidades estrangeiras, de entre as quais se destaca o Instituto de Ciências Ocultas de Vizela (famoso por fazer desaparecer parte do concelho de Guimarães) que entre explicações mais ou menos rebuscadas e pondo de parte algumas teorias conspirativas, concluem por ser um fenómeno genético, como nos números a seguir, nos propomos provar para além de qualquer dúvida. Queiram pois entrar rumo à Sétima Dimensão.


NOVENAS DE AZUREI
1 A 7 DE DEZEMBRO – CAPELA N. S. CONCEIÇÃO
Porque nem só do profano vivem as Festas, aqui se presta tributo ao Santo. Em horas que os outros dormem oram os Nicolinos.


POSSES E MAGUSTO
4 DEDEZEMBRO – RUAS E PRAÇAS DE SANTIAGO (noite)
A guarda avançada dos Nicolinos, constituída por dez destemidos soldados de elite, vai percorrer a noite Vimaranense em rusga atenta para busca, detecção e apreensão de algumas Bombas estrategicamente colocadas as casas de alguns benfeitores Nicolinos.
Ora são verdadeiras bombas calóricas as que constituem os cabazes deste Natal antecipado. Por uma vez estou tentando a explicar o que realmente se vai passar, já que isto é suposto ser um programa das Festas, mas como sou Nicolino e bastante teimoso, apenas vos deixo o apelo a que não falem, e acompanhem este garbosos moçoilos na sua lide nocturna por pracetas e vielas a fim de serem brindados com a Posse, depois de devidamente instruídos em forma versejante pelo beneméritos ofertantes. De seguida, e enquanto a Comissão deglute esfaimada, qual alcateia raivosa, o produto do saque, vamos nós, os basbaques do costume, ajudar a evaporar e liquefazer quaisquer almudes de bagaço não certificado pela EU e uns milheiros de castanhas para ajudar à prisão de ventre. Agradecia-se o patrocínio de algum fabricante de anti-ácidos e reguladores do flato. Vão que isto promete!


PREGÃO
5 DE DEZEMBRO – RUAS E PRAÇAS DA CIDADE
Determinados que somos a fazer cumprir o binómio Tradição / Nicolinas e a dar às pessoas aquilo que elas menos desejam, neste caso a verdade, vamos prosseguir o nosso Costume Antigo de dar o dito pelo efectivamente dito. Seleccionado o Pregoeiro através de castings apuradíssimos, onde invariavelmente comparecem dez candidatos, é este escolhido pelos seus dotes laringofaríngicos e potência pulmonar a para da mais perfeita dicção e fundamentalmente pelo domínio perfeito da Língua portuguesa na sua subcategoria de dialecto Vimaranense. A par desta hercúlea tarefa, estará a do autor que dissipando pestanas por entre os Clássicos da Antiguidade e as mais frescas notícias colhidas on e off line, on e off-the-record noa mais fidedignos “mentideiros”, se consome a compor um fresco literário de grande envergadura onde algumas dezenas de alexandrinos se entrecruzam num rendilhado que de tão belo só dá vontade de fugir.
Sim! Fugir, e a sete pés, pois o Pregão é anti-establishment, anti-politicamente correcto e só alinha pela verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade. Assim, mais uma vez se saberão onde param milhões que todos os anos desaparecem de erário público para aparecerem nas Cayman, ou outros paraísos fiscais como a Zona Franca da Madeira. Tremei pois ò podres e poderosos pois é este o libelo acusatório mais temido do ano, e contra tudo e contra todos, de viva voz os Nicolinos assim o farão, que o determinou o nosso Nicolau. Tenho dito!


MAÇÃZINHAS
6 DE DEZEMBRO – PRAÇA DE SANTIAGO (à tarde)
O verdadeiro prato forte das Festas, a “piéce de resistence”, o núcleo duro e inconfundível da romântica Condição nicolina. Como se cozinhada numa medieva Tavola Redonda, vão os cavaleiros Nicolinos invadir a cidade e a Praça de Santiago para, transfigurados eles em Lancelot du Lac, Sansão, Romeu ou Marco elas as Lady Guinevére, Dalila, Julieta ou Marta, ou outros demais pares de amores e desamores passados e futuros.
Como acima se deu a entender, é preciso estar ciente que os Nicolinos para além de outros predicados menores como terem corpos de Apolo e QI dignos da Mensa Society, são também herdeiros das técnicas de Casanova, alunos aplicados das artes do Amor, é pois aconselhável a pais de filhas solteiras, procriáveis e casadoiras que as faças colocar numa janela ou balcão que diste pelo menos 25 cm de qualquer contacto com um Nicolino macho. Não queremos contribuir para a crescente degradação da moral e dos bons costumes, por isso fica o aviso. Cautelas e Preservativos nunca fizeram mal a ninguém. Os caldos de galinha não tem nada que ver com isto!!!


DANÇAS DE S. NICOLAU
6 DE DEZEMBRO – AUDITÓRIO DA U. M. (21.30 TMG)
Enquanto não está pronto o multiusos…
E o Jordão apodrece (enfim…)
O espectáculo do Ano 2000, definitivamente o mais estilista dos números da agenda cultural histriónica (por enquanto off-Broadway). Com raízes que vão profundamente ao âmago do teatro experimental e surrealista, com a introdução de técnicas representativas e cénicas nunca por outros tentadas, as Danças estão para o “teatro-que-se-faz” como o Poço da Morte para a barraca que vende algodão doce.
Se a crítica é unânime numa coisa é nesta, não consegue bilhete, estamos com reservas desde 1983 e já há quem tenha trespassado o direito de ingresso por alguns milhares de contos para ter o privilégio de assistir. De qualquer modo, estaremos on-line na internet, num site que será oportunamente divulgado no final do espectáculo.
Concluído que está o elenco, com a presença garantida das vedetas que arrastam (pelo menos esta multidão) e com a garantia de proibição de venda de leguminosas podres à porta da sede deste evento, podemos ficar mais descansados. Informa ainda a produção deste incomparável feto, que devido a razões que se prendem co a segurança de pessoas e vens, todas as senhoras solteiras, não comprometidas e cujas medidas corporais se enquadram no trinómio 90-60-90 deverão ser revistadas à entrada com a promessa que se lhes serão devolvidas as roupas à saída.
Contamos convosco. E com a vossa infinita paciência e sabedoria (bem como o arame para pagar o bilhete). OK. Ciao. Inté.


BAILE DE ENCERRAMENO
7 DE DEZEMBRO
Tudo que começa acaba, Mrs De La Pelisse, merci!
E era aqui que seria bem vinda a famosa Pilula do Dia Seguinte, não a que se propala, mas uma que nos desse coragem para mais um ano a marejar.


ROUBALHEIRA
Noite e hora incerta para evitar chumbo nas nádegas
Quanto a este número estamos conversados, na minha modesta opinião é redundante dado que já temos um Ministério das Finanças e outro da Economia. Se qualquer modo, é conveniente não facilitar, e se algum bem a luar for sonegado, o melhor é dar uma espreitadela ao largo do Toural onde, o reembolso não se faz tão complicado como no IVA. Os Nicolinos são gente de bem. Até para gramar é preciso classe!


NOTA FINAL
Conforme prometido vimos aqui em nota de rodapé, transcrever o resultado de investigações levadas a cabo por reputados especialistas na matéria, quanto à quebra do código genético Nicolino. Assim, depois de destorcidas mais de 400 milhões de cadeias de ADN, ficou exposto parte do genoma Nicolino, o qual tem indelevelmente inscrito, Amizade, Fraternidade, Saudade, Alegria de Viver e Sede de Conhecimento (também regista bastante sede da normal, mas isso já era sabido).
Assim, sejam Nicolinos todos os dias, que a efémera tarefa de abancar as nalgas nas tábuas dos bancos de escola pode não parecer mas é de certeza o ponto alto das vossas vidas, depois da escola é sempre a descer, e com azar até ao nível protozoário, que é o meu.
Deixo-vos finalmente com algumas inquietações e peço-vos que reflictam comigo: (pelo menos antes de terem de usar este prospecto em substituição do vosso papel higiénico normal, dada que esta é a chamada leitura de WC por excelência, é diurética e laxante, mas o papel põe nódoa, pode rasgar, e tem sido registados casos de alergias graves, será este paleio tóxico? Cuidem-se
Trabalhos para casa – 1. Existirá vida inteligente na casa do Big Brother? (As galinha e o cão contam para a resposta)
Conselhos Práticos – Para evitar doenças, no WC certifique-se que só se senta quando o outro já se levantou.
Adivinha – O que tem a mulher velha no meio do peito que a mulher nova não tem?
Como de costume despeço-me com voto de saúde e Forzanaverga!!!
Vosso como sempre RG – XV
(o umbigo…idiotas…o umbigo)

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 2001


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas’2000 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma, apelando ao cumprimento das orientações emanadas dos membros da Comissão.
Por último, mas não menos importantes, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, viverem e gozarem, de forma saudável, todos os números das seculares Festas Nicolinas. Neste particular, a Comissão apela à participação activa dos estudantes no importante número das Maçãzinhas, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.
O Presidente da Comissão das Festas Nicolinas’2000
Filipe Miguel Mendes Fernandes


DISCURSO MENOR

Vinho colhido e em abundância, aquecimento global, atentados em formas novas, o terror quimico-tecno-biológico, eleições à porta, boatos sobre a vida sexual do primeiro ministro. Boavista campeão, Vitória em risco de ter descido de Divisão, um ano Inimigo Público à escala mundial, uma imensidão de fenómenos geneticamente manipulados, o impossível instalou-se no quotidiano. Consequências: o Primeiro de Abril deixa de ter qualquer significado face a tudo o que lemos, vemos e ouvimos. Onde andavam os astrólogos, magos, telecinéticos, parapsicólogos, videntes, cartomantes, numerólogos, leitores de runas, búzios, cristais e entranhas de galinhas? Onde estavam todas essas luminárias que fazem de profecia fácil o seu modo de vida? Sim, onde andava os artistas da CIA, FBI, MI5, os 007, os espiões pós Guerra fria? Onde e porquê falhamos? Para onde vamos? Só uma entidade pode acudir a todos esses anseios: A Sociedade Nicolina, seita cuja origem se perde na noite dos tempos, e que continua, ainda e sempre, a resistir ao invasor. Na incerteza diária em que vivemos, onde até o borrifar pó de talco se transforma numa ameaça à integridade física e à Saúde Pública, onde por exemplo até na ortografia nos confundem (Osama ou Usama?, Bem ou Bin?, Anthrax ou Antraz?), só podemos tomar como certo tudo aquilo que consideramos incorruptível pelo passar das eras, tal com as nossas Tradições.
Assim, tal como qualquer construção, temos de assentar as nossas vidas em fundações sólidas, a Família, a Amizade, a Fraternidade, o respeito e a atenção que devemos aos nossos iguais, e naquelas instituições onde podemos por um pouco de tudo isso, a Festa Nicolina é uma dessas. Guimarães, (ou mais concretamente o seu centro histórico) vai ser elevada (não sei porquê elevada????) a Património da Humanidade, nós os Nicolinos já sabíamos que o era, porque para isso contribuímos ao longo de séculos, e façam-nos o favor de não precisarmos que venham cá dois japoneses, quatro islandeses e um esquimó para entregar as faixas a solta ah’s e oh’s de êxtase, perante as vetustas pedras do miolo medieval vimaranense. Cá estava, e cá estarão, (salvo imponderáveis históricos com o que sucedeu aos Budas do Afeganistão, longe vá o agoiro…). O Património somos nós, nós todos, como dizia Platão, “os vivos os mortos e os que andam no mar”, e o património maios valioso anda a ser descuidado, o respeito pela Vida Humana, na sua diversidade cultural, geográfica, política e religiosa vende-se barato. Globaliza-se a venda da banana, mas também se globaliza a frustração de expectativas e o choque dos hemisférios. Promove-se a comunicação, por satélite, banda larga, infravermelhos por cabo ou via hertziana, e o que sucede? Ao invés de nos conhecermos melhor, passamos a odiar-nos mais e melhor.
Não acredito no preto e no branco, muito menos no cinzento. E vivemos numa paleta cuja policromia gera cores que não agradam, mas temos de saber que por baixo da mistura do pincel estão sempre as cores da Festa Nicolina, cores autênticas, agarradas ao que melhor temos em comum, a alegria, a força de viver, a partilha de pequenos momentos de felicidades, os grandes nadas que nos fazem continuar. E depois de aqui ter destilado em forma de resenha selvagem, algo que me apetecia dizer, vou vos dar a Cronologia das Festas e tentar explicar o que nelas se passa de tão especial.
A saber:


PINHEIRO 29 DE NOVEMBRO
Partida: Cano (por volta das 23, ou 24 horas que não somos menos do que a CP, também temos direito a horário liberal). Chegada: Campo da Feira – via Centro da Cidade.

CONSELHOS ÚTEIS – Fazer acompanhar-se de mantimentos autóctones (de preferência já embutidos) como sejam, infusões de vinho tinto verde, rojões, figos, castanhas, bagaço (de qualquer forma desaconselha-se a ida às multinacionais do Fast-Food), é de bom tom também, sendo Nicolino ter um instrumento bem afinado, quando digo instrumento, digo instrumento das peles (que é para não confundir ninguém. E quando, do alto do Cano (vários séculos nos contemplam, é verdade…) sair o sinal para arrancar, a majestosa parada move-se, (“e contudo move-se…”) e invade as ruas e praças que permeiam o centro da cidade, a escoltar o portentoso e magnifico exemplar do nsso já bem conhecido MASTRO, que em Guimarães já é MAESTRO! Depois, de fazer em procissão o percurso (que não se diz qual é… se queres saber vai ao Turismo)… vai ser, não sepultado, mas erecto, o verdadeiro e único PINUS ERECTUS, a variedade mais evoluída da espécie a que pertence (que é incomparavelmente mais inteligente do que muita da fauna que nos governa e rege… pelo menos não faz nem diz asneiras…).
Assim marcado o território talqualmente como se cada Nicolino desse uma mija num poste, fica o aviso aos passantes que aqui vive a Tribo dos Nicolinos, e este é o seu TOTEM, que não sendo antropófagos, convivem contudo com várias subespécies de coprofágos que se alimentam de entre outras coisas telelixo e novelas de cordel. Tendo dito tudo isto que a nada se resume vamos agora falar dos acontecimentos que seguem, mais concretamente:

POSSES E MAGUSTO 4 DE DEZEMBRO
Local: De noute na Praça de S. Tiago

Posses (nem sei para que é preciso dizê-lo) são aquilo que se tem ou não, há quem lhes chame Património, logo, sendo passadas no Centro Histórico, serão as Posses detalhada destinada a semear a confusão entre os vossos já devastados neurónios, resta-me dizer que um Magusto é nada mais nada menos que Augusto muito mal escrito. E assim se vê o Estado da Educação neste país. I Rest my case!

NOVENAS DE AZUREI 1 A 7 DE DEZEMBRO
Local: Capela de Nossa Senhora da Conceição

Como se sabe, as Festas Nicolinas são Festas consagradas a S. Nicolau, que entre outros, é padroeiro dos gatunos, o que explica o relativo sucesso deste Santo no Norte da Europa. Por aqui, já o conotamos mais com os Estudantes e as moças novas, vá-lá-saber-se porquê. Assim, a tradicional Comissão de Festas Nicolinas, vai orar ao Santo, para que este zele e vele por nós e nos proteja contra, o terrorismo, o Antrax, as Antroses, os Poliban, os Esfregões, e todos esses que andam por aí a fazer mal ao Povo.
E já que estamos a falar da Santa Madre Igreja, peço-vos desculpa pelo mal que vos fizer, porque, sendo eu uma pessoa moderna, não posso deixar de seguir o exemplo de SS João Paulo II, que já pediu desculpas pela Igreja Católica, se bem me lembro… aos Judeus, aos Ortodoxos, a várias tribos indígenas agora aos Chineses (que é para aumentar e incrementar a estatística) e ao que parece está com dificuldade em arranjar mais povos a quem se desculpar pelo decurso da História. Se lição alguma se retira daqui, é que para a Igreja, a culpa não morre celibatária (às malvas o Concílio de Trento).
Mas nós lá estaremos a espalhar a Fé e a evangelizar os incréus. Viva S. Nicolau, Bispo de Mira e protector dos Nicolinos.


PREGÃO 5 DE DEZEMBRO
Local: Por aí

Estamos a 20 dias do natal, logo, o Bin, o famoso e infame Mr. Bin, deve estar quase a ser apanhado, o que fazia um certo jeito ao Ocidente mas era mau porque a liberdade de acção desse quadrúpede está a fazer com que as criancinhas comam a sopa. Se não comes a sopa chamo o Bin… que sempre faz mais sucesso nessa tarefa do que as tristes figuras do panorama nacional que costumávamos utilizar para o efeito. “The return of the bogey man”, já recuperamos o velho “Papão” o que come criancinhas. Pois bem, a função do Pregão não é outra senão a de denunciar e expor este tipo de gente, que se vai alimentando do ódio e do rancor. Como normalmente, os atributos atrás descritos andam de mãos dadas com a cobiça e ambição desmedida, temos ingredientes suficientes, a par com ineficácia comprovada da condução dos destinos da Pátria, a vários níveis, para que o autor desta titânica tarefa se safe à grande.
De resto e como já é por todos sabido (pelo menos os que interessam já o sabem) o Pregoeiro é o herói desta cena e cabe-lhe transmitir a mensagem aos passantes. Vamos acreditar que o faça. O melhor é confirmar in loco.


MAÇÃZINHAS 6 DE DEZEMBRO
Local: O habitual, se não sabe pergunte, o horário também é o mesmo.

Como não se arranjou verba para traduzir este pequeno manual, altamente informativo sobre as Festas, pelo menos par a servo-croata e esperanto, temo que todos os turistas sejam apanhados de surpresa por este evento. As reacções podem ser várias, pânico, estarrecimento ou estupor, face à novidade da coisa.
Ora vejamos, o que farão este mancebos, trajados de várias formas pouco habituais (este ano a roupagem islâmica não me parece aconselhável, e os menos imaginativos, mas mais desenrascados que de um lençol velho faziam um sheik vão ter de se esforçar…) armados de longos varapaus de bambu, encimados por lanças de artesanato latoeiro e com garridas cores esvoaçantes a adomar a lança a dirigirem-se obstinadamente para junto de janelas, frestas, gretas e balcões, onde os esperam as moças. Sim as esbeltas e formosas donzelas??? Cá do feudo, que vão proceder a negócio na forma directa com troca de uma maçã, sim esse pecaminoso pomo que despoletou entre outras coisas o sucesso da indústria do pronto-a-vestir, por prendas de caracter mais ou menos sério, que variam entre o sorriso e a cesariana com epidural.
Não ficaria completa esta imagem da função, sem aqui se dizer, que muito mais se poderia informar a respeito deste assunto, mas não o fazemos desconfiadamente, pois sabemos que iremos contar com a presença de V. Exas. Para ilustrar este acto centenar da arte de bem e mal cortejar ao balcão.


DANÇAS DE S. NICOLAU 6 DE DEZEMBRO
Auditório da Universidade de Guimarães – Pólo do Minho 21.30 horas

Concede-se aqui informação do local pelo facto de os bilhetes já estarem esgotados. Apareçam!
Ladies and Gentleman, Mein Damen und Herren, Wilkommen ao maior espectáculo sobre a Terra (e sobre o mar tara ta ta…) onde a Companhia independente de Teatro Maximalista em Desconstrução, se apresenta, como sempre numa única e solene apresentação das mais míticas personagens do Panteão Nacional. Algo me diz que este ano vai valer a pena… tem sido um começo de milénio engraçado, ele há assunto a bastar, e eleições à porta. Pois que venham os candidatos que nós damos conta deles.
Para já o nosso voto é em Nicolau, mais tarde veremos. E já depois de alapados os hemorróidais nas poltronas do anfiteatro onde se irá desenrolar a trama e a teia destas duas horas, ireis ser brindados com a retrospectiva do ano indo, e as melhores e mias seleccionadas previsões, políticas, pessoais e meteorológicas disponíveis. Como não iremos estar on-line na Internet por desacordo com a falta de promessa do Governo na implantação das tarifas planas (penso que terão trocado pela tarifa no multibanco, esta sim a favor deles…) não resta alternativa aos interessados que não seja enveredar pela comprovada via do “arranjo”, do favor e mesmo, porque não dizê-lo do nepotismo e alta corrupção para obter acesso a um ingresso, ou ingresso a um acesso, que é basicamente o mesmo. Ou então esperar pela edição do Best Of em DVD que se prevê sair já para o ano que vem com a chancela da Nicolina Media Productions Inc.
Se puderem não percam, se não puderem não se incomodem, qu’a gente também não.
SINOPSE – 32 Mânfios fechados numa casa 24 horas por dia e 4 horas por noite, vigiados por 354 câmaras da TV de alta definição, sem casa de banho, sendo alimentados a laxantes intestinais e gargantuescas quantidades e variedades de feijoada. (esta ideia está registada, por isso que se cuide a Endemol, que a nossa é Endedura…). “the shit is about to hit the fan…” (que neste caso não é a ventoinha). Imperdível e imperdoável!!! Quase impermeável!


BAILE 7 DE DEZEMBRO

um baile é um baile, não confundir com as prestações do Figo. Neste dança-se. Come-se e bebe-se, e bebe-se, e bebe-se, e come-se e dança-se, e bebe-se. Se fosse fino terminava por aqui. Mas como já ando há que tempos a ver se me prejudico, vou continuar. Aliás, este Programa, devia ser precedido de um texto de aviso: tudo que disseres pode e será usado contra ti, tens o direito de permanecer calado, tens direito a um advogado, um telefonema, e talvez uma venda nos olhos e um cigarro. Mas, como juízo, cautelas e caldos de galinha, nunca me fizeram mal, porque nunca os tomei, vou descrever o ambiente de um baile destes. Longe de ser uma descida aos Infernos, longe de ser o mais casto dos ambientes, a miscigenação de faixas etárias produz uma mistura bastante curiosa. Desde o clássico “cota” de fato de trespasse azul marinho, até ao Zé Nana, que exibe partes do corpo torturadas por piercings vários, tudo aqui se pode encontrar. Exemplo de um diálogo entre eles: - Então pá está porreiro? – lá meu, tens haxe? – O que é que eu acho? Acho que estás porreiro. – Lá meu, és um bacano, manda daí uma broca pá gente puxar uns tiros. – Tiros? Não ouvi nada… - Lá meu, tás mesmo maluco… ó malta este aqui já nem ouve… está c’um besana…
Enfim, o típico nestas situações, calão à parte! E depois de desempregados os ossos, e várias roturas de ligamentos na secção pós-60, a música fenece e sobram os do costume. Os que nunca tem pressa de ir para casa, ou porque não tem casa ou por que se sentem desenraizados. E normalmente é nessas horas mortas em que os funcionários varrem as salas e despejam os cinzeiro que a verdadeira poesia aparece e se desencadeia a Saudade das Festas, que acabando neste ano nos fazem sempre desejar vivê-las nos próximos de forma cada vez mais intensa.
Pode-se ser ou não Nicolino, pode-se gostar ou não das Festas Nicolinas, mas uma coisa é certa o Vimaranense urbano não lhes passa ao lado. Nicolau Lives!

NOTA FINAL

É costume nesta altura partilhar com os meus queridos amigos algumas pérolas de sabedoria e distribuir conselhos como se fossem preservativos… era melhor usar, mas nas urgências… mandam-se às urtigas.
Este ano não, pá, não sei… simplesmente não me apetece.
O melhor conselho que se podia dar a alguém era o de Vizela… esse já demos.
Nesse pressuposto o melhor concelho que se pode dar é não dês concelhos a ninguém que ninguém tos agradece… podeis pôr e tirar os “s” e os “c” à vontade… bate sempre certo!!!
Ide em Paz e o senhor vos acompanhe. Nicolau rules!!!

RG once more.

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 2002


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas ’2002 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o Cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma, apelando ao cumprimento das orientações emanadas dos membros da Comissão.
Por último, mas não menos importante, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, viverem e gozarem, de forma saudável, todos os números das seculares Festas Nicolinas. Neste particular, a Comissão apela à participação activa dos estudantes neste importante número das Maçãzinhas, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.


PRÓLOGO (em linguagem digital Prologic)

Atenção Ó narcolepticos militantes, ó sonambulistas e adeptos das hipnóticas vidas sem sentido: Chegou Nicolau. Sentido! De pé! Prepara-se mais uma edição das mais incríveis Festas Académicas do Mundo… e talvez da Europa.
Estamos em pleno epicentro do Calendário Nicolino, por isso, ou talvez apesar disso é de bom tom mandar dizer a toda a fubricagem e afins que se acautelem.
O povo, essa figura de estilo que os que se julgam poderosos, aplicam a todos nós, anda ressabiado, está desconfiado e inquieto, temo que se transforme num enorme sindicato debaixo de um cinzento guarda-chuva a que se convencionou chamar, de tempos a tempos a Crise! Sim a Crise, diminutivo de Crisálida e de uma ou outra Cristina, parece ameaçar o futuro dos avanços do Progresso, da Educação e da Cultura. Só nos, os verdadeiros arautos de Nicolau detemos O Segredo para inverter o sentido descendente a que estamos destinados por vontades superiores.
E o Segredo, fórmula alquímica melhor guardada do que a combinação de xaropes utilizada na composição da Coca-Cola, não a damos, cedemos, vendemos, alugamos ou emprestamos, muito melhor mostramo-lo com Alegria, Galhardia, Empenho, Amizade e Devoção às coisas boas da vida que Nicolau nos proporciona.
Assim, estais todos cientes, que de ora em diante e até ao final das Festas prestareis o vosso contributo à Comissão de Festas, que é por este Decreto, consolidada e promovida ao Olimpo Nicolino. São estes os verdadeiros detentores da Verdade, da Tradição e do saber fazer a Festa. Não lhes causeis quaisquer engulho, não tenteis enganá-los, ajudai-os porque Nicolau Vigia. E que mais se pode acrescentar se não Votos de Boas Festas, o que que nos propomos fazer nos Cartões descritivos que a seguir se enviam:
A saber:



29 DE NOVEMBRO PINHEIRO
Como qualquer bom antropólogo tasqueiro, ou sociólogo ébrio sabe, este número das Festas é absolutamente falocêntrico, presta-se assim culto à fertilidade masculina com a erecção anual de um gigantesco priapismo vegetal a que se tem vindo a chamar Pinheiro. Para aumentar a carga erótica ou mesmo erógena do desfile que antecede o levantar do mastro sinalizador das Festas, estão desde há meses ocupadíssimos vários laboratórios farmacêuticos a tentar a produção em série de um novo fármaco não genérico para tratar a compulsão de alguns milhares de anónimos e geralmente pacatos cidadãos Vimaranenses para o bater nas peles. Esta patologia, de seu nome Pinus Pinea Zabumbis, não tem ainda antídoto conhecido.
Sabendo disto, as autoridades sanitárias (que para quem não sabe são as autoridades que vivem em sanitas) vão declarar uma zona de exclusão para Guimarães nesta noite: a chamada Quarentena Nicolina. Este facto que está já decidido e aprovado por conferência de Lideres no Parlamento reveste-se das seguintes particularidades:
Vão ser aprisionados todos os cidadãos residentes dentro e fora do Espaço Schengen, que se apresentem, de calça preta, lenço tabaqueiro, barrete frígio e que sejam portadores de uma ou mais baquetas de madeira ou de qualquer instrumento de percussão que possua as medidas contidas nas normas ISSO 9009 para as Caixas e Bombos. Arrestados esses patrícios, serão confinados durante um período curto de tempo a celas comensais onde à força de ingestão de rojões, vinho e seus derivados, castanhas, nozes e figos se tentará mais uma vez aniquilar esta insidiosa virose colectiva que se estabelece sem que saiba bem porque no coração do Baixo-Minho.
De imediato vão todos ao Cano para trazerem o mais fantástico dos supositórios de origem vegetal até ao Campo da Feira, onde erecto uma vez mais o Pinheiro lançará, qual pharos de Alexandria, a sua luz sobre todo o Universo Nicolino, para que se saiba quem efectivamente manda!!!


4 DE DEZEMBRO POSSES E MAGUSTO
Já que neste particular momento da História de Portugal a escolha se resume a EURO ou FMI, temos nós os Nicolinos que dar o mais subido exemplo e tocar a reunir para, sem prejuízo da Fazenda Pública dar ao Povo o que é do Povo: a Castanha!
Reunida a Ala dos Nicolinos no redondo número do Dez, vão estes magníficos representantes das United Colors of Nicolau, assolar a noite do burgo com o atroador e lancinante grito de: Venha a Posse!!! Esta encenação visa, em confronto directo com os sitiados, em varandas e balcões capturar uma recolecção de viveres e bebiveres para sustento da Armada Nicolina. Depois de derrotar todos os bastiões da livre poesia, vai em grupo ainda a Comissão de Festas Nicolinas, ofertar ao martirizado colectivo Vimaranense o Magusto Nicolino, na Praça de Santiago, onde se prevê como tem sido hábito nos últimos tempos haja Castanhada!!!
Vão ver que, provisoriamente, isto ainda não paga imposto!


5 DE DEZEMBRO PREGÃO DE S. NICOLAU
Poder ao Povo!!! Estranha expressão que qualquer político sabe tem origem no étimo latino Phodero Populus, é o mote para mais uma tarde de verdadeira comunicação social. De raiz académica o Pregão é um documento autêntico, forjado pelos maiores dos cronistas e analistas da sociedade portuguesa através dos tempos. Maior no conteúdo do que na forma, e com recolha de informação privilegiada sobre os pés de barros do Poder. É fruto da montagem de uma vasta rede de colaboradores na clandestinidade dedicados à compilação de extensos dossiers sobre as faltas e desmandos daqueles a quem por vezes de forma pouco avisada entragamos os destinos da Rex Publica. O texto depois de transmitido das mais recônditas partes do reino através de pombo-correio, feixes hertzianos, pelas inter e intranets, por correio normal azul e cor-de-rosa, por troca directa, nem sempre microfilmado mas quase sempre codificado, é recolhido compilado e organizado pelo Autor que, invocando os Deuses e as musas, e quiçá as Tusas vai tecendo esse pergamóide de imenso valor estratégico.
Enquanto se fabrica o artigo, o Pregoeiro, que é quem o recita em pontos tacticamente espalhados pelo coração do Vimaro burgo, vai esforçando as meninges com aulas de dicção e postura histriónica a fim de melhor dar saída à encomenda.
Tudo pronto no dia 5, verifica-se como é hábito, uma procura desenfreada de viagens só de ida por parte de políticos, dirigentes de futebol, agentes das autoridades, juizes desportivos e de alguns paineleiros televisivos que optam por saber a partir do estrangeiro de fora, se os seus nomes estão este ano relacionados no Índex Nicolino como os próximos alvos de uma eventual operação Mãos Limpas. Dos sucessos passados temos a confirmação do presente e do futuro deste heróico e a mais das vezes Alexandrino produto da Literatura de Nicolau de Mira.


6 DE DEZEMBRO MAÇÃZINHAS
Tarde. Praça de Santiago
O seu a seu dono, a César o que é de César, ou mais correctamente à mulher de César o que é da mulher de César, que não sendo César terá de ser mais do que ser aquilo que parece ser aquilo que é, sendo ou não séria, conforme o queira César. Quer este parágrafo dizer que a mulher de César, não sendo ela própria César, o que deverá ter sido óbvio na altura e é hoje confuso, pelo que em vez de, num raciocínio que pode ser apodado de sexista se deverá chamar Cesariana, ou pelo menos por acordo entre mim e eu próprio assim fica por ambos determinado, quer estoutro parágrafo também dizer que a mulher, sendo de César ou não, Cesariana portanto ou menos, não deixa de ser mulher, pelo que sabendo nós agora que a mulher é de facto ela mesma, e sendo que o é tém-no sido concerteza, deve faltar-lhe contudo outra certeza. Quer este parágrafo dizer também que não sendo a maior parte das coisas ou pessoas fim em si mesmo, a mulher o é. Ou por outras palavras que não as de César, evidentemente, e que poderiam ter sido várias, para nós Nicolinos é Ela, a Mulher, nas suas diferentes formas, feitios e virtudes, não o núcleo (que é masculino) mas a motivação (que se supõe feminina) e a certeza (também feminina) que os Nicolinos (estes mistos) estão no caminho certo.
Teorizando acerca do caminho certo que não pode por definição ser o errado, estamos agora depois deste articulado mental, na posse de algumas informações absolutamente indesmentíveis a Mulher é a Alma (feminina) das Festas (femininas também) Nicolinas (ainda femininas). Portanto não se podendo negar que o que a gente vem festejando não são os Festos Nicolinos, tudo leva a julgar que se deve prestar homenagem sentida ao elemento feminino, oferecendo-lhes as Maças do Dizimo de Urgeses, que é como quem diz, amortizar anualmente em suaves prestações ao cimo da Lança aquela outra Maça que a Eva ofereceu ao Adão e nos trouxe até aqui. Uffffff!!!!!! Que isto de dizer asneiras cansa mesmo. Deve ser por isso que o Ferro Rodrigues tem aquela cara de esgotamento total… digo eu…


6 DE DEZEMBRO DANÇAS DE S. NICOLAU
Auditório da Universidade de Guimarães (que fica no Minho)
Para além do facto de actuarmos briosamente no terreno de uma Academia que se veste de forma declaradamente Gay, o que prova que somos grandes democratas e não-homofóbicos, acresce ainda que esta noite particular onde tudo se reveste de uma importância absoluta na preparação desta Récita Nicolina e o detalhe da realização é levado ao extremo, temos assegurado o concurso (o Mel mais Fraco) e a participação de actores e argumentistas que a crítica ainda não consagrou porque não são hóstias.
Para ser absolutamente sincero, não me apetece nada explicar com o pormenor com que os outros números aqui vão Programados, o que se efectivamente se passa nesta função.
Assim, o melhor é desligar por instantes a TV, até porque receio que na maior parte delas só já funcionem o canal 18, 26 e 43, e se dirijam ordeiramente ao recinto onde podem de facto assistir a mais um pequena palconovela da VIDA REAL (pois está assegurada a presença da verdadeira REALEZA, e não de alguns patéticos nacional-cançonetistas de 3º categoria, misturados com umas anorécticas e bulímicas, perfuradas em sítios inconfessáveis e outros indígenas que pululam na fauna televisiva vigente.
É urgente por alguns deste animais na lista da WWF como em vias de extinção.
Não sou assim tão optimista!!!!


NOVENAS DE AZUREM
Para pagamento de indulgências futuras, vão os Nicolinos expiar pecados e rogar por nós por intercessão de S. Nicolau. Assim, é vê-los, fora de horas e cumprir cristãmente o desígnio de todos os Irmãos em S. Nicolau. Seguem-se as famosas Matinas com recolha de alimentos e dadivas para os


ROUBALHEIRA
Essa sim a Grande Instituição nacional aqui celebrada pela Comissão de Festas Nicolinas, sem dia e hora marcada, como é da praxe nestas matérias de aliviar o próximo daquilo que lhe não deve pertencer, em memória e honrando todos quantos singraram na vida a adquirir, às vezes sabe-se lá a que duras penas, grandes patrimónios à custa do Zé. Sim o Zé. Esse mesmo, o Zé!!!!
Acrescenta-se apenas que tão longo a CFN (Comissão de Festas Nicolinas) detenha poderes constitucionalmente delegados de lançar impostos e arrecadar receitas por conta do suor alheio, esta prática se cessará. Por enquanto, enquanto não lança impostos, lançamos nós os Nicolinos impostas de pescada desta natureza a ver se paga a moda.
Roubar sim.. mas com calma…


7 DE DEZEMBRO BAILE
Na adaptação livre de um velho dito: Nem tudo o que reluz é touro, vamos definitivamente investir rumo ao final das Festas.
E o que de melhor teríamos para celebrar a partida deste alucinante Semana Académica do que uma sessão de música variada em ritual bailante, para todas as idades e todos os gostos? De certeza muitas coisas, mas para já é o que temos, para adoptar o paleio vigente do regime. E como isto não está famoso há que aproveitar, e saber retirar das artes dançáveis, o que de elas nos possam oferecer de melhor, sem entrar em qualquer urgência hospitalar por deslocamentos ósseos ou outras lesões próprias dos tablados.
Assim, ao somo de As Time Goes By… e Vai mesmo… despedimo-nos desta semana ímpar, onde ao menos uma vez por ano celebramos o verdadeiro Espírito Nicolino, do Reencontro, da Saudade, da Amizade, Fraternidade, e Alegria de Viver.


TERMINUS
Àqueles desgraçados entregues à voraz máquina do Ensino, erguemos o nosso corpo, tirámos o nosso chapéu e fazemos a nossa vénia, pois não se imagina já que com tanta contrareforma, incerteza, habilidades várias no acesso académico e a aturar a fauna docente, não venhais a ser Nicolinos de grande porte e estatura moral elevada.
Não deixeis os vossos créditos por mão alheia… e mais vale uma pássara na mão que duas a voar…

Daquele que muito vos estima,
Richard Anthony – o de sempre

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 2003


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas ’2003 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o Cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma, apelando ao cumprimento das orientações emanadas dos membros da Comissão.
Por último, mas não menos importante, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, viverem e gozarem, de forma saudável, todos os números das seculares Festas Nicolinas. Neste particular, a Comissão apela à participação activa dos estudantes neste importante número das Maçãzinhas, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.


PRÓLOGO

É de bom tom que se inicie qualquer boletim informativo com alguns avisos prévios ao seu conteúdo, talqualmente de um maço de tabaco se tratasse, também este Programa por ser nocivo à saúde. Se bem que, e aproveito o balanço, para lembrara a essas geniais luminárias, que se lembraram de entre outras “pérolas” de superior intelecto, fazer constar nos supra aludidos maços o FUMAR MATA e outras novidades do género, que melhor fariam, se lá colocassem fotografias dos que vieram a ser acusados do famigerado assunto da Casa Pia, ou dizeres que efectivamente nos fariam pensar duas vezes antes de comprar o tal tabacame, como: Sou Pedófilo, Sou Gay, ou mesmo Sou de Ferro!!!!
Mas quem somos nós, tristes mortais para opinar em tais matérias…
Enquanto Portugal, esse lugar mal frequentado, à beira-mar encalhado, está entregue a uma Depressão profunda, o que é facilmente comprovável pelo disparo nas vendas de anti-depressivos e ansiolíticos, nós os Nicolinos, talvez os últimos dos Lusitanos, muito provavelmente aqueles “very few” que carregam o fardo de uma Portugalidade fora de moda, lá teremos de demonstrar aos País e a Bragança, que aqui também sabemos divertir.
1 – A Justiça funciona; 2 – O Segredo de Justiça não (há inclusivamente quem para ele obre); 3 – Bragança AHAHAHAH!!!! Foi eleita Capital Mundial do putedo por dois ou três americanos bêbedos, que lá devem ter aterrado depois de terem levado com qualquer coisa má lá nas terras do Sr. Hussein; 4 – O Bin e o Saddam, lá andam nas suas vidinhas sem que ninguém os incomode… digo eu; 5 – Foi inaugurado o ninho dos lagartos, o chamado estádio WC Pato XXI devido ao excesso de verdalejos, (sim que azulejos é nos Norte, carago!!!), a toca dos Dragões e o ninho dos passarões parece que são a seguir. 6 – As escutas existem e são para todos, isto sim é Democracia!!! 7 – Somos todos inocentes até prova em contrário; 8 – Os portugueses andam todos ao contrário até que se provem inocentes; 9 – O Big Brother ainda resiste (coitado do Orwell… até deve dar saltos); 10 – Um provérbio ao calhas: A Verdade é de Ouro, o Silêncio é de Prata e O que será do Ferro?
Como os meus queridos amigos já se devem, e com justeza estar a interrogar da sanidade mental de Moi, vamos pois dar entrada no que aqui nos trouxe:


29 DE NOVEMBRO PINHEIRO
Em Guimarães, claro…
Pois bem, se me desse para a literatura podia-vos contar fábulas de quando os Pinheiros em Azevedos e o povo era sereno, mas o que lá vai… lá foi. Assim, somos uma vez mais chamados a cumprir o destino por obra e vontade de Nicolau, C«Bispo de Mira, supremo patrono da Estudantil Raça Vimaranense.
Para tal e para que a receita se declare competente, manda a Tradição que se vá escolher no mais recôndito das Florestas de Aldão, um representante da mais ilustre linhagem do Pinus Pinea, e ao mais fidalgo dos vegetais dessa família, “fazemos-lhe a folha”. Abatido o madeiríforme, ataviado com balões e festão, de justiça, vamos acompanhar a verdadeira Árvore Genealógica Nicolina até ao local de sempre, onde tal como os cavalos, morrerá de pé. De pé, sim nestes desgraçados tempos de impudor e homens com M pequeno, ainda há quem os tenha no sítio, e pretos.
O cortejo, se bem que modesto, ao pé de recepções a Assembleia da República, e com menos mesas partidas, para nosotros esta muy bien. Que aqui no berço as mesas não se partem, repartem-se com os Amigos. A tutti quanti aqui se façam transportar, quer para assistir a esta anual e inadiável função, quer aqueles que por acaso aqui se martirizem nesta data, desejamos uma noite profícua, a espantar os males da nação com mais uma noite de catarse colectiva, que à força de tanto malhar em peles curtidas leve bem longe a mensagem: Ò Portuga que andas triste e de monco caído, vem a Guimarães que sais daqui com o batente bem erguido.


4 DE DEZEMBRO POSSES E MAGUSTO
Praça de Santiago by night
Diz-se por aí que já ninguém dá nada a ninguém, Mentira. Os Nicolinos são e sempre foram amigos de dar (quanto mais não seja um bom par de tabefes bem arreados a quem os merecer). E para dar, nada melhor que antes disso receber. Ora é nisto que consiste esta peculiar a centenar parte da Tradição Nicolina. Como qualquer neófito nas artes alquímicas sabe, e o grande Lavoisier o disse: “na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” (verdade insofismável, apenas desmentida pela Bolsa de Valores de Lisboa, “onde tudo se perde, nada se cria e todos se transformam”), mas dizia eu em ritmo de grande académico, que qualquer Tratado de Economia sustenta que os primórdios da vida negocial se fizeram por troca ou escambo, ou mais precisamente, o “toma lá… dá cá”. Assim, os Dez Mais, que são os representantes de-mo-cra-ti-ca-men-te eleitos da Academia Vimaranense e que detém o poder e a virtude de poder trajar dignamente, como Estudantes e Homens, sem terem de se sujeitar a vestir trajes de proveniência duvidosa onde se põe os mancebos a experimentar meias-de-vidro e calçonete apertado no joelho, como nos desfiles do J. P. Gaultier e amigas. (Este homem é um craque, até percebe de moda…) mas, dizia eu antes de ter este pensamento indecoroso, vão os garbosos e ufanos membros da Comissão de Festas Nicolinas, por Ruas, Praças e artérias várias da Cidade, recolher a Posse, que não é senão um Cabaz de Natal antecipado, que é oferecido depois de alguns conselhos avisados, distribuídos à janela como é justo e de Costume. Após esta função cuja origem se perde na noite dos tempos, ou na tarde dos ventos, o rendez-vous é na Praça de Santiago, onde tal como no velho grito de guerra nos iremos às castanhas do Magusto como eles aos Mouros.


5 DE DEZEMBRO PREGÃO DE S. NICOLAU
Ruas e Praças da Cidade
O Pregão, ou em inglês The Big Nail, é descrito em várias Enciclopédias e Dicionários Académicos com O TEXTO!!! E se da forma, em alexandrinos, dodecassílabos, ou somente poema coxeante não se pode antecipar, do conteúdo podemos.
Do Posto de Escuta 3PPACFR, das Brigadas de investigação Nicolinas, temos autorização para revelar que, a par das habituais notícias do Reino, d’Àquem e Além-Mar, ou seja antes e depois do Rio Vizela, se vai saber de tudo, mas mesmo de tudo sobre aquilo que todos sabemos mas não queremos ser nós a dizer, ou será de tudo aquilo que dizemos e de que eles não querem saber??? Não importa. A ordem dos factores à arbitrária, já a ordem dos Árbitros não é factor decisivo, ou será? Há quem diga que sim, sem nunca ter demonstrado que não. Pois bem, se acham que não é possível elaborar um Programa das Festas sem explicar coisa nenhuma, façam o favor de continuar a ler, isto se a ida à sentina não estiver já esgotada.
Desejos de boa Voz ao Pregoeiro, ou Mebocaina, e ao autor que as Musas e as Tágides, ou as Tusas e as Mágides lhe inspirem a pena. Lá estaremos, atentos e vigilantes!!!


6 DE DEZEMBRO MAÇÃZINHAS
À tarde na Praça de Santiago
Nesta cena de rara beleza estética, onde o adejar das fitas rivaliza com o engalanamento das fenestras e balcões, são elas as pombas e eles os falcões. Versejei!!! Santinho!!
Não era bem isto que eu queria dizer, queria mais precisar, que entregam eles a maçã a quem for mais amiga de dar. Mau, mau, isto não me está a correr nada bem, até pareço do PS. Ora cambiemos de registo, passemos o contralto. Numa algures na Península Ibérica, elas, as Nicolinas, continuam ainda e sempre a resistir ao invasor, eles Os Nicolinos, que munidos do fruto biblicamente mais célebre, o vão devolver à procedência. Eva deu a maçã a Adão, ora o nosso Adão vai dá-la à Eva. Fica assim reposta a igualdade pelo que vai daqui um pedido para a Comissão para os direitos, Igualdades, imposição de Quotas e Afins para as Mulheres que reconheça que aqui não há machistas, há apenas machos.
Divirtam-se e lembrem-se disto: quero em casa Bom Petisco!!!!


6 DE DEZEMBRO DANÇAS DE S. NICOLAU
À noite no Auditório da Universidade em Guimarães pelas 21h30
A fazer fé nos exemplos que nos chegam, é de tentar a famosa “cunha”, “alavancagem”, “jeitinho” ou em desespero recorrer ao terrível “favor” para conseguir ingresso.
E se ele há ministros que, porque não nós? E se ele há outros que, porque não nós? E isto porquê? Porque é mais fácil à filha de um Ministro entrar na Universidade do que a um não-aficionado conseguir bilhete para as Danças (esqueçam lá a parábola do Camelo, do buraco da agulha e dos Ricos, que isso já foi chão que deu uvas). Já diz um grande pensador amigo meu, que vale mais, jovem, bonito, rico e com saúde que velho, feio, pobre e doente. Atentem pois no valor intrínseco do ticket que vos há-de franquear as portas do mais esperado momento artístico do Ano. Não este ano não há Campanha Eleitoral, não estamos a falar “desses” artistas, mas sim na nata, la crfeme-de-la-créme, os mais cotados e difíceis interpretes das artes de palco, Sim, uma vez, por ano, uma e única vez por ano, reúne-se um elenco que faz dos produtores de Hollywood mulheres histéricas de inveja, tal a magnitude, o calibre, o quilate, o peso específico de todos e cada um destes monstros sagrados que nessa data, haja Deus, pisarão com estrondo o tablado vimaranense. Tenho dito!


7 DE DEZEMBRO BAILE
Promoção em separata a distribuir
Ora tudo que tem um início tem um fim, (menos o Universo a crer nos astrofísicos, e o Verde Tinto a crer nalguns especialistas cá da praça).
O fim da Festa, não é um fim em si mesmo, muito menos um fim em mim mesmo, é somente o fim desta edição. Que isto para o ano, tal como a gripe, aparece outra vez.
Se bem pensado melhor feito, a maneira mais airosa de nos despedirmos é com música. Como nos filmes, quando o bom beija a boa no final, quando o artista morre e a artista casa com o cavalo, como o final do Casablanca em que ela se vai e eles se ficam… terá sido o primeiro final subliminarmente gay??? Mas que merda foi aquele do Bogart se virar para um franciú pequenote, de bigodinho e começaram a falar de uma “bonita amizade”???? Enfim, finais, pata todos os gostos, mas sempre com música.
Música e danças de salão, ora aí está mais uma para os maços de tabaco: “EU ANDO NAS DANÇAS DE SALÃO”, bem… nem os ceguinhos compravam, começava tudo a fumar charros, que para já não se tem vendido aos maços.
E o final deste baile, é como todos os finais de bailes desde que o mundo é mundo e desde que ele os há.
A orquestra escorrega pelos instrumentos, há um tipo desgravatado a fumar e a mijar nos cinzeiros, um casal desavergonhado tenta fazer sexo debaixo de uma mesa sem tampo, um desgraçado senta-se a fumar num canto a pensar na vida e nas contas que tem para pagar, quatro ou cinco mais bebidos vão amparados uns nos outros tentar fazer o caminho para casa em corrida pelas estradas, mas todos, todos sentem lá dentro que esta semana que agora acabou marcou mais um ano no Calendário que conta para nós que é o Calendário Nicolino.


ROUBALHEIRA
Em dia (ou noite) não antecipada, não vá a malta ter surpresas. Sim que isto de andar no gamanço não é coisa pequena, é preciso muito ano de estudo, ter amigos em “high places”, e fazê-las bem feitas. A redistribuição da riqueza foi sempre um tema bastante caro aos académicos, mas como da teoria à prática vai uma certa distância, o melhor é: se V. Exa. Dentro desta semana se sentir aliviado de algum bem, ter a primeira reacção de o procurar no Toural que é onde como tem sido uso, lhe será de novo entregue, mesmo que não prove pertencer-lhe. É a modos que um IRS, mas com o reembolso mais rápido.


DISPOSIÇÕES FINAIS NÃO TRANSITÓRIAS
Daqui ao alto desta cátedra, eu vos contemplo, e, deixai que vos diga, não vejo grande coisa… tenho que trocar de lentes.
Gostaria também de vos deixar com alguns conselhos, mas o de Vizela, já não vos posso dar (eu sei que se escreve concelho, Ó iliteratos).
Proponho-vos o seguinte slogan e a forma de luta a seguir descrita no vosso combate ás Propinas: largai imediatamente o NÃO PAGAMOS, que é uma frase esgotada e batida, milhares de vezes já repetida à porta de tascos com vinho fraco ou aguado, e adoptei o NÃO CAGAMOS, que, para além de tomar o ar irrespirável à vossa volta, vai seguramente aprisionar o ventre do País. A esse grito e atitude podeis juntar o ESTAMOS PRESOS e o VIVA A LIBERDADE, que será o grito lancinante do vosso esganado flato (vulgo peido) que será o símbolo da vossa asfixia entre as gloriosas nádegas de uma Geração.
Geração essa, que ficará então e doravante, conhecida não por Geração à Rasca (infeliz epíteto do tempo do NÃO PAGAMOS) mas sim por Geração à Rasca, que vos conduzirá certamente às mais elevadas merdas a que podeis aspirar no vosso percurso académico.
No final, quando o ministro responsável, com ar esgaseado e esverdeado, se render à justeza da vossa posição (dobrados de dores) e estender a mão trémula, do nariz para a caneta, para assinar a capitulação, ainda tereis a elegância de dizer com a elevação a que os mais altos exemplos nos habituaram: “estou-me cagando por ter medo d’uma rolha de cortiça…”
Texto integralmente reproduzido sem recurso e aditivos de qualquer género, sólidos, líquidos ou gasosos, pelo Vosso Amigo de Sempre.
Ricardo G – XVIII

PROGRAMA DAS FESTAS NICOLINAS – 2004


COMUNICADO

Considerando que à noite do Cortejo do Pinheiro estão associados momentos de folguedo, convívio e de verdadeiro espírito Nicolino, a Comissão das Festas Nicolinas ’2004 sugere a todos os Nicolinos a necessária moderação no sentido de evitar perturbadores excessos.
Ao mesmo tempo, a Comissão apela à colaboração de todos para que o Cortejo decorra de forma organizada. Apesar da organização do desfile depender essencialmente da atitude individual de cada Nicolino, a Comissão redobrará os habituais esforços para que tudo decorra da melhor forma, apelando ao cumprimento das orientações emanadas dos membros da Comissão.
Por último, mas não menos importante, a Comissão convida os jovens estudantes a integrarem, viverem e gozarem, de forma saudável, todos os números das seculares Festas Nicolinas. Neste particular, a Comissão apela à participação activa dos estudantes no importante número das Maçãzinhas, nomeadamente, através da apresentação de carros ou da simples associação ao evento.


PREFÁCIO por Segismundo Fredo
Contribuição para o estudo das espécies


O CÓDIGO NICOLINO

É PACÍFICO ENTRE A DOUTRINA QUE OS Nicolinos, raça cuja identidade se perde na memória dos tempos ou na mudança dos ventos, é caracterizado antropologicamente e morfologicamente por algumas características que lhes moldam o carácter e o físico.
Assim, podemos falar de um verdadeiro Nicolino como sendo aquele animal que: come, bebe, defeca e procria, sendo que, nem sempre tudo isto é verdade.
A sua distribuição é global, eles existem por todo o Mundo, desde a Antártida até às mais inóspitas paragens como Vizela. É no entanto num pequeno recanto de uma região a que alguns chamam país, que a raça prospera: o Minho, mais precisamente entre Selho e Ave. Em termos físicos, é de difícil definição pois a antropomorfia não estabelece nenhuma assinalável deformação nem outro elemento que os distinga numa multidão, a não ser num período particularmente definido em termos temporais: de 29 de Novembro a 7 de Dezembro. Aí sim, tem-se assistido e estão registadas consideráveis alterações morfológicas e psíquicas que fazem desta raça um tema de estudo por excelência das melhores e mais prestigiadas Universidades da Tanzânia e o Burkina Faso.
Na noite de 29 de Novembro, estão comprovados cerca de oitocentos casos de licantropia, alguns de alcoolofagia e mais regularmente de fúria específica.
Para os mais interessados, aconselha-se uma leitura de Enciclopédia das Espécies, edição de autor do Prof. Minuta Rolha da Universidade Aberta do Lesotho, sobre este tema. Dado que me é difícil continuar a versar este tema sem entrar num grau de erudição completamente impenetrável ao comum cidadão, deixo pois alguns avisos a quem se aventurar a demandar estas paragens nesta época determinada, assim, como todas as Embaixadas e serviços Consulares o fazem relativamente aos seus concidadãos.
Pois deve o viajante fazer-se acompanhar de visto (exigência apenas para naturais e residentes de Braga e Região Autónoma de Vizela), vacinas contra a febre tífoda (variante da tifóide, mais conhecida por febre ketifoda), e medicação aprovada pela FDA, para as seguintes patologias, loucura furiosa, excesso de pressão sanguínea na zona genital, delirium tremens, e apetites incontroláveis por espancamentos de instrumentos de percussão. Assim, e porque a decência o determina, avisam-se também os que pretenderem visitar a área que nesta, se situa dentro de um sítio, cada vez mais mal frequentado a que se costumava chamar Portugal.
Portugal, sim esse enorme case study de indígenas mentalmente alienados e onde avultam sub-espécies que se distinguem das demais por duas características: aparecem na televisão e falam!!! Sim!!! Pasme-se é a única região mundial onde a total ausência de cérebro consegue produzir sons vagamente interpretáveis. Para melhor compreender, p. f. consultar os vídeos de uma experiência em laboratório a que se chamou Quinta das Celebridades e onde, foi introduzido um exemplar por aberração.
NOTA FINAL – Os Nicolinos são os únicos imunes a tudo isto, daí o interesse resultante no seu estudo. Prossigamos portanto no estudo dos seus usos e costumes, a seguir discriminados.


PINHEIRO
29 DE NOVEMBRO
Depois de concluído o mestrado, optei por apresentar para doutoramento um tese cujo tema, de reconhecida dificuldade me obrigou a viagens incessantes pela região dos Nicolinos e onde deparei com a seguinte função: neste dia, depois do pôr-do-sol, de forma estranhamente organizada reúnem-se em bandos, que vão da dupla até às centenas, os Nicolinos, que se dirigem, qual horda de zombies, para todos os tascos, tabernas, ristorantes, snack’s, casas de comer, etc. para procederem ao desbaste de toneladas de carne de porco, um ritual que é certamente uma forma de resposta ao conflito religioso norte-sul, afogadas as carnes em derivados vitivinícolas das mais variadas proveniências e extracções, onde até vinho feito de uvas se consegue encontrar!!!, seguem sempre em formação, até a norte do Castelo para si se reunirem em adoração a um vegetal (nada disto faz lembrar crónicas de Domingo à noite na televisão). A produção deste evento, determina que o Pinheiro (nada mais que uma árvore) seja enfeitado, e puxado de forma artesanal por carros de tracção animal, acompanhado por toques marciais e guerreiros entoados por milhares de caixas e bombos, cuja afinação é as mais das vezes inexistente.
Assim, é estabelecido um percurso (Cortejo) que levará esse totem até a um local onde será erigido e permanecerá como testemunho deste culto singular.
Descobri ainda por técnicas de investigação apuradas (torturas e chantagem), que este é um culto a S. Nicolau, venerável Bispo de Mira, patrono de Estudantes, Marinheiros e Ladrões, logo padroeiro da classe política.
Assim, que o dia nasce, a maioria dos participantes deste uso, recolhem ao covil, excepção aos que ficam em vinha-de-alhos nas urgências dos Hospitais.





POSSES E MAGUSTO
4 DE DEZEMBRO, À NOITE
Esta é a altura de explicar um outro fenómeno curioso, reparei a determinada altura que a maior parte destas manifestações se dão à noite, o que não deixa de conduzir a uma conclusão: a Comissão de Festas veste-se com se de morcegos se tratassem. É verdade, o traje da entidade que regula este processo é a raiz do Batman. Capa e batina, espada e padralhada, guerra e religião, tudo isto são temas evidentes se bem que não visíveis aos não iniciados. Pois então, a Comissão de Festas (que não se sabe se não é uma das células do Priorado do Sião) vai, por toda a cidade a pedir a Posse, ora a Posse mais do que o cabaz alimentício que é distribuído é um intrincado conjunto de códigos, recebidos na forma de verso pelos ofertantes que se destina a transmitir um conhecimento sagrado e antigo que é fervorosamente guardado desde há séculos pelos Nicolinos. Fiquei mais intrigado ainda com um Magusto, que é um queima de castanhas em praça pública que tem obviamente a ver com práticas Inquisitoriais e que não deixa de nos dar algumas pistas para chegarmos a esse segredo Nicolino: O CÓDIGO. O CODEX.
Ora o que há de melhor numa investigação do que a dúvida. Então, se bem pensei, melhor o fiz, e armando dos mais rigorosos princípios cartesianos avancei na minha demanda particular rumo ao maravilhoso desconhecido que é a declaração de rendimentos dos políticos. Está também indissociavelmente ligado a este fenómeno um grito (venhaaposse) que me parece um criptograma razoavelmente fácil para que se prossiga sem demora para outra manifestação desta esotérica e hermética Festa:


PREGÃO DE S. NICOLAU
5 DE DEZEMBRO, À TARDE
Neste dia, surge como uma revelação o facto de esta ser a primeira de duas funções diurnas. É a comunicação anual a todos os apaniguados deste culto do Código, porque aqui tudo se curva ao Código e tudo está feito em função do Código.
Demorei a compreender a decifrar o verdadeiro sentido deste texto, farto de alusões ao património alheio e prenhe de factos aparentemente banais que fazem o quotidiano da sociedade onde se movem com cautelas os Nicolinos. Chegado que fui a este ponto, impus a mim próprio uma reflexão: qual será de facto o Segredo dos Nicolinos?
Tive de estudar, recolhi ao Convento de Cristo em Tomar, e aí, me embrenhei no estudo dos Templários, os lendários Cavaleiros do Templo de Jerusalém, dos Rozenkreutz, da Cabala e da Sardinha e outros textos místicos como a Tosta.
Escutei também sem descanso a profusa e certamente não por acaso disconexa produção literária dos Nicolinos a fim de me salvaguardar de qualquer erro de julgamento.
Conclui no final que o Pregão é a antecâmara do Código, é a transmissão do sinal para o número central e nuclear desta trama:


MAÇÃZINHAS
6 DE DEZEMBRO, À TARDE
Eureka! Seria certamente o que diria o grande matemático ao realizar a importância da descoberta que este dia me proporcionou. De uma assentada resolvi o enigma do Código Nicolino, e acabei com um tacho de tripas à Moda do Porto. As Maçãzinhas. Como pudera eu ter estado tanto tempo ser ver o óbvio. Toda a verdade estivera debaixo do meu (imponente é certo, mas apurado) nariz. Num momento tive a revelação, o chamado instante Kodak, e tudo se tornou claro. Como pude eu deixar de ver a evidência, como pude eu ter estado desde sempre com a verdade ao meu alcance.
As maçãzinhas eram e são a chave do problema, o jardim do Éden, o Pomo da discórdia, o papel das mulheres, o sagrado feminino, tudo se torna cristalino, Maria Madalena, a descendência de Cristo, o Graal, o Sangreal, o segredo estivera sempre nas mãos dos Nicolinos. A lança e a Maçã, poderia haver algo de mais simbólico da distorção e da dissimulação do óbvio? Toda uma cultura assente em premissas falsas ou fabricadas, os evangelhos Apócrifos, o papel dos apóstolos, os sucessivos papados e as bulas e as encíclicas, os Concílios, a terminar no de Trento e no celibato do sacerdote. Tudo tinha estado sempre e desde sempre ao alcance de uma viagem de táxi. Senti-me subitamente irrisório e microscópico face ao tamanho e alcance da revelação que me tinha sido concedida. Nada mais seria como foi, o concerto das Nações e o Direito teriam de ser inapelavelmente rectificados, o revisionismo histórico seria a tarefa do futuro. Fiquei siderado, estarrecido, petrificado e apoderou-se de mim um estado semi paranóico: teria eu a capacidade para apresentar ao mundo as minhas conclusões? Seria capaz de enfrentar as consequências dos meus actos. Seria acolhido como um herói ou tratado como um traidor? Teria estátuas ou seria lapidado em praça pública? Tomado deste estado de espírito e na posse do Segredo do Código, dirigi-me resolutamente para as:


DANÇAS DE S. NICOLAU
6 DE DEZEMBRO, À NOITE (Auditório da UM)
Encenação. Dissimulação. Engano. Ou seria o contrário? Nada me parecia fazer sentido. O que queria dizer toda aquela farsa em volta de Afonso e Muma? Que sentido teria se não fosse explicado e resolvido pelo Código? Mais uma vez senti-me seguido por algo ou alguém, cheguei a dar várias voltas sobre mim próprio para ter a certeza que a minha sombra era mesmo a minha. Estava decerto abalado, e quando vi chegar uma ambulância com enfermeiros, de batas brancas e empunhando um colete-de-forças dirigindo-se a mim, vi distintamente por entre uma bata mal abotoada uma sombra negra: uma batina. Fugi, corri para salvar a minha vida e o Segredo, os Nicolinos tinham-se descoberto, o Segredo estava em risco de não ser revelado. Sai do auditório aproveitando um momento de particular euforia do público que assistia ao espectáculo, alheio ao meu drama particular e entretido com uma rábula qualquer. Para onde? Era a pergunta que martelava insistentemente na minha cabeça, ou seria a chuva a cair? Esconde-te onde o teu inimigo te não procure, pensei, e forçando a porta, entrei com um rangido de gonzos electrizante no Santo dos Santos, no Templo, e certamente no cofre onde me seria confirmada a descoberta: a Torre dos Almadas, ou como viria a descobrir neste dia e nesta hora no próprio coração do culto, adormeci com a confiança dos incautos para esperar a hora do inevitável desfecho desta trama:


BAILE NICOLINO
7 DE DEZEMBRO
Depois de um merecido descanso, tudo se tornou cristalino para mim, acordei com a certeza de que tudo agora era real. O despedimento do Marcelo, as obras da Mumadona, o facto de nunca terem encontrado o Bin Laden, o paradeiro do Saddam, a Al-Qaeda, o terror global, o preço da gasolina, as luzes automáticas do meu carro, Jimmy Hoffa, o assassino de JFK, de Lee Harvey Oswald, de Jack Ruby, o Trangulo das Bermudas, a Esfinge e as Pirâmides, as verdadeiras dimensões do Universo, numa lufada de ar tudo se sumou e subtraiu expondo a verdade. Passeando pela nave central do Baile Nicolino, optei pelo melhor disfarce, aquele que nunca poderia ser posto em causa, disfarcei-me de Presidente da AAELG, sim, disfarcei-me de Augusto Costa, e quando o próprio me viu, a perfeição do embuste foi tal que levou a mão ao cabelo e penteou-se como se se tivesse visto ao espelho. Resultou, pois assim, sentado na mesa da Direcção, pude com total à vontade ouvir a espantosa confirmação das minhas teorias e suspeitas.
Da boca de todos, se bem que em surdina, o tema era único, a caça ao homem estava lançada, e estava certos de que me conseguiriam capturar. Sorri face ao perigo, sentia-me inatingível, e assim, mais uma vez me levantei, atravessei o salão, dancei com três donzelas e uma mulher de meia idade, ajeitei o nó do laço, sacudi a cinza do charuto do smoking e parti no meu Aston Martin a beber Laphroig ao som do tema Diamonds are Forever.

Tinha terminado a minha missão. Tinham acabado as Festas, não estava certo de que a minha missão no final tivesse sucesso, mas de certeza que as Nicolinas voltariam, de que forma não sabia, sabia apenas.


EPILOGO por Mim Próprio
O segredo e o código dos Nicolinos, é um apenas: EU SOU DEUS!!!

Escrito em clausura na cela 34 do Hospital Psiquiátrico de Santa Clara, por mim, Deus Todo-Poderoso, que o sou ainda que ninguém em mim acredite.

Outubro de 2004 Ricardo G (GOD)